Gustavo Warzocha, um dos fundadores do aplicativo Monitora, Brasil! compartilha sua experiência, conquistas e metas

Em 2013, dois cientistas da computação se uniram e resolveram usar as ferramentas digitais disponíveis com um objetivo em mente: melhorar a política no Brasil. Naquele ano, ficaram em 2º lugar em uma competição realizada pela Câmara com o aplicativo Monitora, Brasil!, e hoje já conquistaram mais de 50 mil downloads na Play Store com a iniciativa, que inclui também uma versão para desktop, uma página no Facebook e um canal no Whatsapp.
O app lista todos os deputados federais e senadores do Brasil, trazendo uma ficha completa de cada um deles, comparativos, gastos da cota parlamentar, faltas nas sessões e até envolvimento na Operação Lava Jato, da Polícia Federal. Mas como eles chegaram até esse formato? Quais são seus principais desafios para seguir empreendendo e causando impacto social?
Gustavo Warzocha, de 36 anos, cientista da computação e mestre em ciência política explica um pouco mais sobre como ele e Geraldo Augusto de Morais, de 37 anos, seu parceiro, estão caminhando em busca da sustentabilidade do projeto, que você também pode conhecer melhor na página da Fundação Telefônica Vivo.

1 – Por que vocês decidiram criar o projeto, em 2013, qual o estímulo e a proximidade de vocês com a política?
Nós somos entusiastas do uso das novas tecnologias da informação pela política. As manifestações de 2013 despertaram o nosso interesse e nos fizeram acreditar que poderíamos promover mudanças por meio do fomento à transparência e a participação política.
2 – Como o projeto se sustenta financeiramente?
Atualmente o projeto é sustentado por mim e pelo Geraldo. Todos os códigos são software livre – abertos para quem quiser utilizar. O desenvolvimento dos aplicativos é realizado pelo Geraldo e envolve custos financeiros de um servidor para hospedar os aplicativos. São, aproximadamente, R$ 100 por mês.
O projeto também envolveu custos para o desenvolvimento do portal, criação a manutenção da página no Facebook, criação de páginas e vídeos para as campanhas das Ideias Legislativas no E-cidadania do Senado Federal. O desenvolvimento do portal custou R$ 1.500 reais e cada página (Monitora Brasil – 10 Medidas e Super Cidadão), com o respectivo vídeo, custou R$ 1 mil. Os posts diários da página do Facebook custam R$ 2 mil por mês.
Os valores acima incluem os principais custos e despesas do Monitora, Brasil!, sem considerar os gastos indiretos com o projeto.
3 – Quantas pessoas trabalham no Monitora, Brasil?
Nós temos um publicitário, o Ismael Lima, que fica responsável pelos posts diários na página do Facebook. Ele recebe pelos posts diários mas também faz trabalho voluntário para o Monitora, Brasil!
Ismael desenvolveu a parte de telas do Super Cidadão (jogo que compara desempenho de políticos), faz os roteiros dos vídeos para as campanhas e ajuda em todas as decisões sobre o Monitora, Brasil!
4 – Que modelos vocês estudam para conseguir recursos?
O projeto ainda não gera renda. Estamos procurando qual a melhor forma de institucionalizá-lo: ONG, Startup, Crowdfunding ou outra. Em junho de 2017, fomos selecionados como projeto de inovação social pelo Des-conferência: hackeando a burocracia.
A seleção foi importante para mostrar que estamos no caminho, mas não foi suficiente para definirmos qual o melhor modelo de negócio para o Monitora, Brasil! Nossa pretensão atual é tornar o Monitora, Brasil! sustentável.
5 – Quais os principais desafios para empreender nessa área e que dica vocês dariam para jovens empreendedores?
O grande desafio nessa área consiste em mobilizar e engajar as pessoas. Existe um caminho difícil a ser percorrido para transformar a indignação em transformações sociais efetivas. Precisamos prover meios para que as pessoas acreditem e participem ativamente das decisões que afetam suas vidas e o futuro do Brasil.
Para os jovens empreendedores, antes de dar uma dica, primeiro damos os parabéns pela coragem e determinação: vocês são o futuro do Brasil. Como dica, sugerimos que se envolvam nos problemas de suas comunidades, criem novas ideias e exijam renovação política. O mundo está desta forma porque as pessoas o fizeram assim e vocês tem o poder de mudar isso.