De robótica a aulas de matemática, o cardápio de assuntos é variado para a turma que cria seus canais de vídeos
De robótica a aulas de matemática, o cardápio é variado para a turma que cria canais de vídeos.
Visualizações, compartilhamentos e seguidores. Essas são palavras-chave da nova geração conectada, os chamados youtubers: com uma câmera simples mil ideias na cabeça, a turma divulga conteúdos variados tendo o YouTube como plataforma principal. Seja para ajudar a decifrar os truques da matemática ou desvendar os mistérios da física, as dicas voltadas à educação (e temas diversos) estão a um clique de nosso alcance.
Camila Laranjeira, moradora de Salvador e autora do canal Peixe Babel, optou por trabalhar com a divulgação científica. Assunto difícil? Camila discorda. “O canal serve para descomplicar a ciência”, assegura. Basta dar play em suas filmagens para entender um pouco mais sobre o universo da robótica e da inteligência artificial.
No ar desde 2014, seus vídeos contam com mais de 500 mil visualizações. “Um dos meus maiores cuidados ao produzir conteúdo é pensar: como isso é relevante na vida das pessoas? Por isso, sempre procuro mostrar como a ciência e a tecnologia estão fortemente relacionadas com o nosso dia a dia”, ensina a youtuber.
Engana-se quem acha que a tendência foi criada há pouco e envolve apenas o protagonismo juvenil. A atividade começou a ser desenvolvida com os blogueiros nos anos 2000, quando passaram a filmar para se comunicar com o público nos chamados vlogs (abreviação de vídeos + blogs). A explosão de canais pelo YouTube, afirmam especialistas, aconteceu por uma razão específica: a chegada dos smartphones – atualmente, 3 em cada 10 brasileiros possuem esse modelo de aparelho. Com ele, facilita-se a filmagem: qualquer um pode gravar o que quiser, de onde estiver, sem precisar sentar à frente do computador para postar seus vídeos.
Outro jovem que enxergou a oportunidade empreendedora na rede e não mais desligou sua filmadora é o paulistano Caique Pereira, fundador do canal “Escola para YouTubers”. O nome não é à toa: ali, os vídeos ensinam qualquer internauta a se tornar um youtuber, a gravar corretamente, a utilizar melhor a câmera – e, principalmente, a crescer na disputada audiência. “Eu criei o canal principalmente para ajudar essa galera que quer produzir algum trabalho legal, mas não sabe por onde começar. O objetivo é fazer com que eles entendam melhor como funciona a plataforma do YouTube, e, com isso, consigam melhorar ainda mais seu conteúdo”, explica Caique.
O impacto virtual vai além das redes sociais e faz o caminho inverso: youtubers com grande destaque na internet, como Bruna Vieira (que indica truques de fotografia em seus vídeos) e a cronista Jout Jout, transformaram suas histórias em livros. Trata-se da Geração C. “A Generation C – conceito criado há alguns anos para uma geração não definida pela idade, mas pelo comportamento – é a geração dos youtubers e dos creators (termo usado nos Estados Unidos para designar qualquer um que produz conteúdo na internet). Eles valorizam a conectividade, o pertencimento às comunidades e a criação de conteúdo”, mostra uma recente reportagem do jornal Zero Hora, sobre os youtubers brasileiros mais vistos no país. Em vídeos ou em livros, jovens fazem das tendências tecnológicas um dos atalhos para democratizar a educação no século XXI.