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08.12.2015
Tempo de leitura: 5 minutos

“A inovação que vale a pena começa nas pessoas”, diz Helena Singer, assessora especial do MEC

Segundo a socióloga, a falta de referências e de uma cultura democrática são os principais entraves à inovação na educação brasileira.

Muito se fala em inovação na educação. Mas, uma vez reconhecida a sua importância, como ela pode ser identificada? Como apreendê-la em um projeto educacional? Em uma entrevista sobre as possibilidades de uma educação inovadora no Brasil, a socióloga Helena Singer, assessora especial do Ministério da Educação (MEC), afirma: “A inovação que vale a pena é aquela que começa nas pessoas que estão fazendo a educação”.

A seu ver, um projeto educacional é tanto mais inovador quanto mais sentido faz para as pessoas nele envolvidas. Um bom exemplo é a escola na qual a pessoa entra e pergunta ao estudante no corredor: “Você sabe por que o seu horário é organizado dessa forma?” E ele tem uma resposta. O mesmo vale para o professor ou para o gestor. O primeiro passo neste sentido? “Tornar o projeto de educação coletivo, incluindo todos os que participam dele”, diz Helena. Confira a entrevista completa:

Do que estamos falando quando falamos em inovação na educação?

Helena Singer: Antes de tudo, temos de fazer uma distinção básica, de que educação não é só a escola. A escola é parte importante, o ponto central, mas não é tudo. Agora, quando se fala genericamente de inovação na educação, ela começa com as pessoas que estão fazendo a educação, que são as escolas e as instituições que atuam no campo da educação. A inovação que vale a pena realmente é a que começa ali, em quem está fazendo.

Como se reconhece uma prática inovadora?

Helena Singer: Reconhecemos a inovação quando todo mundo que participa daquele projeto, seja qual for a escola ou instituição educativa, sabe qual é o seu objetivo, aonde ele quer chegar e por que acontece daquela forma. Este é o aspecto mais inovador que existe. Para dar um exemplo, ao entrar em uma escola, particular ou pública, pequena ou grande, pergunte a um estudante sobre como é organizado o horário e por quê. Se ele não souber responder ou o professor não souber explicar a razão, então essa instituição provavelmente não é inovadora. Muitas vezes sequer o diretor ou diretora sabem explicar o motivo. Além do horário, isso vale para o espaço, as funções, etc. Todo o projeto pedagógico precisa fazer sentido.

É possível sugerir caminhos para que se chegue a isso?

Helena Singer: O primeiro é tornar o projeto coletivo, ou seja, de todos os que participam dele. A inovação pode acontecer tanto no começo da instituição – pensando junto o que se quer criar – como no meio, a partir de algo que já existia antes e precisa se transformar. Mas é preciso tornar a proposta de educação uma proposta coletiva, envolvendo diferentes segmentos que compõem a instituição, como estudantes, educadores, pais e gestores.

Qual é o papel da gestão pública neste sentido?

Helena Singer: Seria o de reconhecer o valor dessa experiência e fortalecer a partir das políticas o que já está sendo desenvolvido. Normalmente, os programas são formulados e depois implantados na rede. A inovação demanda um caminho diferente: você reconhece aquilo que as instituições fazem e as fortalece naquilo que precisam. Por exemplo, a instituição diz: ‘temos um profissional inovador, mas não conseguimos mantê-lo porque faltam recursos financeiros ou porque a lógica de carreira não permite’. A política tem de estar a serviço disso, é uma mudança de ordem.

O que seria inovação para a Base Nacional Comum?

Helena Singer: Existe aí uma questão colocada: construir a Base Nacional Comum de forma que ela não impeça a inovação. Ela está sendo proposta de forma supostamente curricular, abrangendo áreas do conhecimento e anos de escolarização. Consiste em uma proposta organizativa para as instituições terem como referência. Agora, as escolas que querem inovar e não querem se organizar por disciplinas e séries, terão de dialogar com essa Base e encontrar como fazer. Como já faziam e fazem com os Parâmetros Curriculares Nacionais, que também se colocam como uma referência e se organizam por área, por componente, por ano, e diante dos quais as escolas que inovam propõem garantir de outra forma. É a mesma coisa com a Base.

Em que momento está o Portal Inovação e Criatividade e que tipo de experiências tem recebido?

O Programa de Estímulo à Criatividade na Educação Básica tem por objetivo criar alicerces para uma política pública de fomento à inovação, promovendo, entre outras metas, “a formação de educadores abertos e qualificados para a criatividade”.

Helena Singer: Já encerramos o processo de inscrições. Surpreendentemente, recebemos um número elevado – 685 inscrições no total, de praticamente todos os estados do Brasil. São experiências muito diversas, que vão desde a Educação Infantil até o Ensino de Jovens e Adultos, passando pelo Ensino Médio e Fundamental, e de fora da escola, escolas comunitárias, escolas públicas, escolas privadas, organizações da sociedade civil que atuam na educação… Essa diversidade nos permitirá ter um Mapa da Inovação no Brasil, possibilitando que instituições e iniciativas voltadas para o desenvolvimento territorial saibam onde encontrar instituições que tenham essa vocação: liderar em seus territórios o desenvolvimento a partir da educação. O resultado estará disponível a partir de 18 de dezembro.


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