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17.09.2021
Tempo de leitura: 6 minutos

É possível usar o mesmo método de avaliação nos Ensinos Remoto e Presencial?

Seduc-AM realizou encontros com professores para refletirem sobre os métodos de avaliação do conhecimento dos estudantes nos diferentes formatos de ensino

Imagem mostra estudantes em sala de aula sendo orientados por uma professora

Não é novidade que o uso da tecnologia se tornou mais do que essencial para a educação desde o início da pandemia. Com a implantação do Ensino Remoto na maior parte das escolas do país, professores tiveram que se preparar para adotar novas formas de ensinar os alunos nas salas de aula virtuais. Assim como um novo formato de avaliação do conhecimento. Entretanto, fica a dúvida: os métodos de avaliação dos alunos no Ensino Remoto ou no Ensino Híbrido podem ser os mesmos que os aplicados no Ensino Presencial?

Essa questão foi um dos assuntos abordados durante a série de encontros realizados pela Secretaria de Estado de Educação do Amazonas (Seduc-AM) e pelo Centro de Formação Profissional Padre José Anchieta (Cepan). A proposta foi construir com os 40 professores participantes das turmas exclusivas uma metodologia de avaliação partindo de uma escuta dialógica que permitisse analisar os impactos da formação de educadores em sua prática pedagógica. E como reflexo dessa escuta, as possibilidades de ressignificar as práticas dos estudantes. Foram três encontros, que totalizaram seis horas de formação e ocorreram nos meses de julho e setembro.

Formação de Educadores

A formação foi o começo do preparo dos educadores para que eles sejam multiplicadores do método de avaliação dialógica junto às coordenadorias e aos estudantes do Amazonas.

“Quando avalio sob uma perspectiva dialógica e parto dessa metodologia, sempre será aberto um espaço, tanto em sala de aula como fora dela, para que possamos verificar as reações dos estudantes e como eles trazem essa habilidade trabalhada”, explica a Professora Dra. Maribel Susane Selli, tutora de Cursos HardFun Studios e mediadora dos encontros.

Segundo ela, a pergunta central que abre essa matéria poderá ser respondida pelos professores que participaram da formação somente com o passar do tempo.

“Vai depender dos desdobramentos da produção de sentidos que foi construída no decorrer do processo. Não temos conclusões fechadas, é um processo vivo que acontece na interação, nas trocas e conversas. Mas acredito que para cada tipo de avaliação existe um diferencial. E o professor vai poder optar. Lembrando que para trabalhar com uma avaliação dialógica é preciso lidar com uma metodologia dialógica de construção de conhecimento”, afirma.

A avaliação dialógica tem como referência os ideais do educador Paulo Freire. Ela leva em conta, segundo o Instituto Paulo Freire, que o funcionamento da escola democrática, a partir de uma estrutura colegiada, exige novas formas de avaliação. A avaliação dialógica é transdisciplinar, considera o desenvolvimento e aprendizagem dos alunos na pluralidade integrada das disciplinas do currículo escolar como um todo.

Para Emerson Sandro Silva Saraiva, um dos professores que participaram dos encontros realizados pela Seduc-AM, é preciso refletir sobre as diferenças de realidades dos estudantes. “E isso se conquista com diálogo. O educador precisa dominar as competências e habilidades para assim compreender como e onde explorar as potencialidades”, acredita.

Avaliação continuada para professores

A necessidade de formação continuada é um desejo antigo dos educadores de todo o País. Pesquisa de 2018 lançada pela organização Todos pela Educação apontou que 69% dos professores entrevistados queriam urgentemente mais formação continuada. Entretanto, o tema continua sendo um desafio, principalmente em tempos de pandemia.

Alinhada a essa necessidade, a Fundação Telefônica Vivo mantém uma estratégia de parceria com Secretarias de Educação para identificar suas necessidades. E apoiá-las em seus planos de formação continuada para os educadores da rede. Isso é feito por meio da plataforma Escolas Conectadas e é considerada uma das principais maneiras com as quais a Instituição aborda a inovação educativa de professores e a formação docente de qualidade.

O Escolas Conectadas é uma iniciativa do ProFuturo, programa global de educação da Fundação Telefônica e da Fundação “la Caixa”. Por meio da prática de metodologias inovadoras de ensino, promove a inclusão de educadores na cultura digital e incentiva o desenvolvimento de habilidades do século XXI.

Em contrapartida, a parceria possibilita às Secretarias de Educação direcionarem a realização dos cursos da plataforma a partir das necessidades formativas de suas redes.

“A ideia de pensarmos uma proposta avaliativa dialógica surgiu da necessidade que a Seduc-AM identificou de analisar quais os impactos que a formação, que vinha sendo oferecida para os professores, tinha na prática pedagógica e, consequentemente, nas suas avaliações, pensando também nos resultados que eram apresentados pelos estudantes.

Nesse sentido, tínhamos vários indicativos e percentuais relacionados a essa questão avaliativa. Mas a intenção seria pensar como isso realmente se reflete na aprendizagem”, esclarece a professora Maribel.

Além dos educadores que participaram dos três encontros on-line para a formação, outros 164 professores da rede realizaram o curso “Avaliação: para que e como avaliar”, aplicado na segunda etapa da programação.

De maneira geral, a iniciativa é um exemplo da importância das parcerias, da construção coletiva e compartilhada a partir da escuta ativa na identificação das necessidades do parceiro. Além de ser motivadora para a criação de dispositivos e espaços em conjunto para desenvolver ações, documentos, debates e práticas pedagógicas inovadoras nos territórios.

“Teríamos uma outra perspectiva de educação, completamente alinhada aos princípios da Base Nacional Curricular Comum (BNCC) se houvesse mais ações como a realizada pela Seduc-AM. A metodologia dialógica pressupõe o protagonismo, o uso das tecnologias digitais para além das convencionais, pressupõe a pesquisa e o trabalho coletivo. Ou seja, todas as habilidades que estão inseridas nas competências gerais da BNCC”, destaca a professora Maribel.


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