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23.11.2018
Tempo de leitura: 5 minutos

Encontro no RS debate crescimento de negócios de impacto social

Empreendedores e pesquisadores estiveram juntos para pensar como podem contribuir para a transformação social

Mulher palestra do 1º Encontro de Negócios de Impacto Social. Outras quatro pessoas estão no palco, todas sentadas em cadeiras.

Com o objetivo de estimular, instigar e disseminar a cultura dos negócios de impacto social, o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e a Unisinos (Universidade do Vale do Rio dos Sinos) realizaram o 1° Encontro de Negócios de Impacto Social, em Porto Alegre, no dia 14 de novembro.

A programação, que também faz parte da Semana Global do Empreendedorismo, abordou negócios com propósito, ecossistema de finanças sociais e o papel das incubadoras para a consolidação dos empreendimentos.

Estiveram presentes empreendedores, conselheiros públicos, pesquisadores, estudantes e interessados em negócios que gerem impacto positivo para a sociedade e o meio ambiente.

Para Tulio Pinheiro, coordenador de projetos do Sebrae do Rio Grande do Sul, o encontro une diferentes forças para pensar o futuro dos negócios de impacto social, porque “não é uma só pessoa que vai transformar as empresas, mas sim um grupo. A partir da diversidade de perspectivas podemos refletir de forma mais completa sobre como os empreendimentos podem contribuir para transformar a realidade das pessoas”.

Quem participou da programação destaca a diversidade de pontos de vista sobre o tema como ponto positivo. “O Encontro dá uma perspectiva completa sobre o assunto, porque coloca lado a lado o poder público, o setor privado e o terceiro setor para pensar iniciativas de transformação da sociedade que venham para se complementarem”, opina Lígia Vasconcellos, a consultora em impactos de projetos.

Um negócio para ganhar dinheiro ou para mudar o mundo?

“Prefiro ser parte de uma montanha a ter uma lombada sozinho”. Essa é a frase usada por Geraldo Campos, professor e chefe do Laboratório de Inovação e Empreendedorismo da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), para definir o pensamento dos jovens que se aventuram a tentar transformar a realidade por meio de seus empreendimentos.

Qual a diferença entre negócios sociais negócios de impacto social?

O empreendedor social bengali Muhammad Yunnus foi quem popularizou o primeiro termo ao descrever iniciativas de empresas que buscam solucionar questões sociais e/ou ambientais. São empreendimentos economicamente sustentáveis e que reinvestem os lucros dentro do próprio negócio.

Já os negócios de impacto social, além de buscarem a transformação de vidas, também  possibilitam que os lucros sejam divididos entre seus investidores.

Na palestra Negócios com Propósito, o professor abordou a diferença de mentalidade e comportamento entre os empreendedores que querem causar impactos positivos na sociedade daqueles que pensam os negócios exclusivamente como uma possibilidade de gerar lucro. Segundo o especialista, os jovens empreendedores sociais veem a sociedade a partir de uma lógica de compartilhamento – num incessante agir, aprender e construir, buscando respostas para seus problemas de forma coletiva.

“A jornada do empreendedor não é reta, pelo contrário. É cheia de altos e baixos e os empreendedores precisam ser plásticos, mais do que resilientes, para saber o que fazer a cada não que receberem. Saber lidar com os momentos difíceis e com as dúvidas é muito importante, porque precisamos de empreendedores de todos os tipos, em todas as áreas, para acompanhar as mudanças pelas quais a sociedade tem passado. Só em conjunto que se consegue chegar a algum lugar”, aponta o professor Geraldo Campos.

Importantes parceiras dos empreendedores

Algumas das maiores aliadas para tirar uma ideia do papel são as incubadoras, que apoiam micro e pequenas empresas com grau significativo de inovação, oferecendo-lhes suporte técnico, gerencial e de capacitação.

A gerente do IEITEC (Instituto Empresarial de Incubação e Inovação Tecnológica), Daniela Lima, ressaltou que “trazer o equilíbrio entre o propósito dos empreendedores e a sustentabilidade do negócio é a grande missão das incubadoras”, durante a palestra O Papel das Incubadoras e Organizações que Apoiam e Desenvolvem os Negócios de Impacto Social.

Mulher palestra do 1º Encontro de Negócios de Impacto Social. Outras quatro pessoas estão no palco, todas sentadas em cadeiras.

A decisão de conceder apoio aos negócios de impacto social geralmente é baseada em alguns eixos, que podem envolver o tamanho do impacto do empreendimento, a forma de gerir o negócio, o uso da tecnologia, o capital necessário para investir, a relevância do empreendimento para o mercado e o comportamento do empreendedor.

Para Gabriela Ferreira, diretora técnica da Anprotec (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores), o fato de um negócio de impacto social não ser incubado por uma grande instituição, não é motivo para desistir.

“Em alguns anos, esperamos que todos os novos negócios sejam de impacto social e que as empresas tradicionais reflitam sobre as implicações socioambientais de suas atividades. Ter essa preocupação é pensar num futuro sustentável tanto para o meio ambiente quanto para as empresas”, aposta a diretora.

A programação do 1° Encontro de Negócios de Impacto Social contou ainda com a entrega do Prêmio Roser que reconhece as melhores iniciativas de empreendimentos de impacto em Porto Alegre. O projeto vencedor desta edição foi o Missão Diversão, que pretende sensibilizar casais à adoção tardia. Durante seis meses, o empreendimento será incubado pela Unitec, a unidade de negócios da Unisinos.

O Brasil tem 579 negócios de impacto social mapeados, segundo pesquisa da Pipe. Social, e cerca de 63% deles estão localizados na região Sudeste do país.

As principais áreas de atuação dessas iniciativas são: educação (38%), tecnologias verdes (23%) e cidadania (12%).

Entre as maiores urgências para os empreendedores são mencionadas: a busca de investidores (46%), formas eficientes de comunicar sobre o negócio (18%) e mentoria (16%).


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