Celebramos em 23 de setembro o Dia Nacional da Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Pesquisas recentes demonstram que a ampliação dessa modalidade de ensino contribui para a melhora no desempenho escolar e aumenta as chances no mercado de trabalho
A Educação Profissional e Tecnológica (EPT) amplia as chances no mercado de trabalho porque é uma importante modalidade educacional que visa à formação integral do aluno e tem como foco principal preparar o estudante do Ensino Médio para o mundo do trabalho e para a vida em sociedade. No último Censo Escolar, divulgado em 2023 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), foi a modalidade de ensino que teve o maior crescimento no número de matrículas, em relação a 2022, passando de 2,1 milhões para 2,4 milhões, um aumento de 12,1%. Essas matrículas estão divididas entre a rede pública estadual (68,6%), municipal (24,7%) e federal (6,7%). O principal fator para explicar o interesse: a EPT aumenta as chances dos estudantes no mercado de trabalho.
Esse aumento no interesse pela educação profissional ocorre por vários fatores. Um dos principais é a ampliação da oferta com a inclusão de itinerários na formação do Ensino Médio, a partir da lei 13.415/2017. Além disso, outro fator que explica o crescimento do EPT é o desejo dos jovens que buscam qualificação para o mercado de trabalho. Afinal, é comprovado que aumenta as chances de empregabilidade, com melhor remuneração e reconhecimento.
De olho no mundo do trabalho
Segundo pesquisa realizada, em 2021, pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho, com jovens de todo o país da rede pública, para 83% dos entrevistados o ensino técnico pode ajudar a conseguir um emprego. Ao mesmo tempo, outros 98% disseram que consideram importante que a escola os capacite para o mundo do trabalho.
A “Pesquisa de Opinião com Estudantes do Ensino Médio”, de 2022 — realizada pelo Datafolha a partir de uma parceria entre Fundação Telefônica Vivo, Instituto Natura e Instituto Sonho Grande, identificou que 98% dos estudantes concordam (totalmente ou em parte) que deveria haver opções de formações voltadas para o mercado de trabalho. Além disso, outra demanda foi em relação ao uso de tecnologia. No total, 94% dos estudantes concordam (totalmente ou em parte) que utilizar tecnologia poderia ajudar a melhorar a qualidade da escola.
Combate à evasão escolar
A ampliação da oferta da EPT também pode contribuir no combate à evasão escolar no Ensino Médio. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), quase 10 milhões de jovens entre 15 e 29 anos (20% da população nessa faixa etária) não estudavam nem haviam concluído a educação básica em 2022. Porém, quando a escola está mais alinhada com as tecnologias atuais e consegue conjugar o ensino com capacitação técnica, aumenta o interesse dos alunos.
De acordo com a pesquisa “Juventudes Fora da escola”, lançada esse ano pelo Itaú Educação e Trabalho em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, jovens que pretendem retomar e concluir o Ensino Médio apontam entre as motivações o desejo de obter melhores oportunidades profissionais, com 37% buscando um emprego melhor e 15% almejando ingressar no mundo do trabalho. A pesquisa também aponta que 77% dos jovens que deixaram a escola e pretendem voltar para concluir o ensino médio manifestam interesse no ensino técnico. Tal dado evidencia, portanto, a relevância do preparo para o mundo do trabalho na busca pelo retorno à sala de aula.
“É necessário olhar para o que querem esses jovens que já estão no ensino médio. Mas também para aqueles que estão no 9º ano e não têm informação sobre educação profissional. Além disso, é importante falar mais sobre a EPT com esses estudantes para que a busca por essa modalidade de ensino também aumente”, declara Alexandra dos Santos, Gerente de Projetos Educacionais da Fundação Telefônica Vivo.
A importância da EPT para impulsionar a economia do país
A EPT também impacta positivamente no país, conforme o estudo “Potenciais efeitos macroeconômicos com expansão da oferta pública de ensino médio técnico no Brasil”. Por exemplo: trabalhadores de 24 a 65 anos formados no ensino técnico ganham, em média, 32% a mais do que os graduados no ensino tradicional. E, ainda, se fossem triplicadas as vagas da EPT, isso geraria um incremento de 2,32% no Produto Interno Bruto (PIB), pela expansão de postos de trabalho e aumento da renda dos trabalhadores.
Para demonstrar a importância dessa modalidade, e celebrar seu crescimento, foi criado em 2021 o Dia Nacional da EPT, comemorado em 23 de setembro. A data é uma oportunidade para lembrar os avanços trazidos, como, por exemplo, o impacto positivo no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A última avaliação, divulgada este ano, mostrou que os estados com mais matrículas em EPT apresentam melhores notas no Ideb. Este recorte foi feito pela primeira vez no índice.
No Ceará, o Ideb do ensino médio integrado à EPT, por exemplo, é 0,2 ponto percentual maior do que o Ideb do ensino médio regular. No Espírito Santo, em Pernambuco, em São Paulo e na Paraíba o Ideb oscila 0,1 para cima. Os dados são do Inep e consideram o ensino médio ofertado pela rede estadual. Porém, apesar dos avanços, ainda há muitos desafios a serem superados.
Nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em média, 37% dos estudantes concluintes são da educação profissional (OCDE, 2022). Enquanto no Brasil, são apenas 8% dos estudantes que concluem o ensino médio técnico, contra 92% dos formados no ensino médio regular. Este percentual é baixo mesmo em comparação com outros países da América Latina, como o México (34%), o Chile (29%), Colômbia (24%) e Costa Rica (20%), segundo o mesmo estudo “Potenciais Efeitos Macroeconômicos com Expansão da Oferta Pública de Ensino Médio Técnico no Brasil”.
Pense Grande Tech e Currículo de Referência em Tecnologia
Em um contexto de digitalização da economia, a EPT é uma das principais apostas para formar indivíduos capazes de lidar com as rápidas transformações tecnológicas. Dessa maneira, o Pense Grande Tech, programa da Fundação Telefônica Vivo, tem como principal objetivo oferecer às redes e escolas públicas apoio na implementação de uma formação qualificada, que dialogue com o jovem do Ensino Médio e com a sociedade atual. O programa promove, sobretudo, aprendizagens com o intuito de contribuir com a transformação educacional e no preparo contínuo dos jovens para o mundo do trabalho. Acima de tudo, incluir o uso de tecnologias de forma crítica, responsável e consciente.
O Brasil tem um déficit de profissionais na área de tecnologia, com mais vagas abertas do que pessoas aptas a ocupá-las. Os dados são do “Relatório de Inteligência e Informação BRI2-2021“, feito pela Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e de Tecnologias Digitais (Brasscom). Por isso, uma das frentes de atuação do Pense Grande Tech aborda a empregabilidade. As redes de ensino são aproximadas do setor produtivo por meio de palestras e mentorias.
O primeiro currículo de referência em Ciência de Dados para o ensino médio foi desenvolvido pelo programa Pense Grande Tech, iniciativa da Fundação Telefônica Vivo, em parceria com o Centro de Inovação para Educação Brasileira (CIEB), com o intuito de democratizar a formação em dados para estudantes da rede pública de ensino. A formação técnica é composta por 18 unidades curriculares, totalizando 1.000 horas distribuídas em três eixos: Gestão de Dados, Big Data e Análise de Dados. O currículo de Técnico em Ciência de Dados está alinhado à Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Foi pensado para desenvolver competências para criar, obter e analisar dados para tomadas de decisões estratégicas em qualquer área de atuação.
O curso Técnico em Ciência de Dados já está em mais de 20 municípios de cinco estados: Espírito Santo, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Santa Catarina. Em 2023, o currículo impactou cerca de 900 estudantes e 250 professores, ajudando-os no desenvolvimento de habilidades técnicas e no ingresso no mercado de trabalho.