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25.05.2016
Tempo de leitura: 5 minutos

Mudar o mundo ou ter um negócio lucrativo? Empreendedorismo social elimina a questão

Colocar estratégias de negócio a serviço da transformação da sociedade é o compromisso do empreendedor social.

Colocar estratégias de negócio a serviço da transformação da sociedade é o compromisso do empreendedor social.

O empreendedorismo social está se desenvolvendo a todo vapor. Segundo uma pesquisa da consultoria Deloitte Brasil, 83% da geração do milênio, dos nascidos após 1982, preocupa-se em ter uma carreira com impacto social. Todo o tempo, a mídia divulga grandes exemplos de negócios dedicados a buscar soluções para a educação, a saúde, o transporte, o meio ambiente.

Segundo Ricardo Anderaós, Framework Change Leader da Ashoka Brasil (organização global de influência e apoio ao empreendedor social), o que caracteriza essa forma de empreender, independentemente do setor de incidência, é a sua capacidade de transformar para melhor o que não vai bem. 

“É querer gerar um impacto social positivo, mas de maneira a alterar o sistema. Se estamos falando de trazer a empatia para a educação, vamos ter de mudar as leis, a mentalidade das pessoas, o sistema educacional como um todo”, destaca Anderaós. Outro elemento de distinção do empreendedor social é que seu foco não está em resolver um problema de dez, mas sim de milhões de pessoas. “Ele sabe que a solução precisa ser sistêmica”, acrescenta.

São novos modelos, explica o líder. O empreendedor social não é mais necessariamente um diretor de ONG. Ele pode ter o negócio social, que funciona como uma empresa, com lucro, mas coloca suas estratégias a serviço da mudança. Ou ainda fazer o trabalho dele como funcionário de uma empresa: são os “intrapreneurs” (intraempreendedores), pessoas que têm a função de disseminar esses valores dentro e por meio das corporações.

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Desde a sua criação em 1980, pelo próprio fundador da Ashoka, Bill Drayton, o termo empreendedorismo social conceitua uma mesma cultura ou campo de trabalho: aquele dos empreendedores comprometidos em trazer soluções para problemas sociais ou ambientais, tanto por identificarem neles algo ainda não reconhecido pela sociedade como por enxergarem diferentes perspectivas.

Na visão da Ashoka, este é o cenário que pode gerar uma mudança de paradigma: todas as pessoas sendo transformadoras. Por isso, a organização ressalta que o seu investimento não é nas entidades, organizações ou projetos, mas nas pessoas. E foca a sua atuação em três pilares: empatia entre as crianças, reconhecida como a base de todos os relacionamentos; protagonismo jovem, para que cada vez mais os adolescentes tenham meios para agir no mundo; e “ser um time de times” como forma de operar nas organizações, superando hierarquias estruturas arcaicas para funcionar em rede, com lideranças compartilhadas.

Segundo informações da Artemisia, organização de disseminação e fomento de negócios de impacto social no Brasil, de 2011 a 2015, o número de empreendedores interessados em ter seus projetos acelerados aumentou 386%. Para a gerente de relações institucionais, Priscila Martins, a busca por propósito é um dos principais motivos para a expansão. “Vemos executivos, com uma incrível bagagem profissional, e também empreendedores de setores tradicionais querendo empreender em impacto”, avalia.

Com critérios de seleção bem rigorosos, a organização leva em conta dois aspectos próprios do empreendedor de impacto: o compromisso de transformar a vida das pessoas de baixa renda, oferecendo acesso a serviços básicos e a uma vida mais digna, e a percepção de que esta é uma oportunidade de negócio. Na visão da Artemísia, diante da oportunidade de empreender, ele é uma figura idealista e pragmática ao mesmo tempo.

Entre os setores em demanda, de acordo com a pesquisa “Empreendedores de Impacto”, lançada pela Artemisia em parceria com a Dynamo (consultoria especializada em negócios sociais), destacam-se as áreas de educação, saúde e formação profissional. “Entendemos que a educação vem em primeiro lugar porque as pessoas notam que este é um problema prioritário no Brasil. Hoje, mais de 50% do nosso portfólio de empresas aceleradas é em educação”, constata Priscila. Recentemente, a área de serviços financeiros para baixa renda também foi impulsionada pelas fintechs (empresas de tecnologia que prestam serviços financeiros).

De maneira geral, as necessidades “ambientais” do negócio social são as mesmas da startup tradicional: suporte de aceleradoras, incubadoras e do governo, entidades fomentadoras, investidores-anjo, fundos de venture capital. O que difere são os fundos de investimento de impacto, que têm como expectativa o retorno financeiro somado ao social.

Neste cenário, ganham importância também os institutos e fundações. “A colaboração entre startups e investimento social privado pode fortalecer a inovação e dar alcance às soluções”, afirma Priscila, lembrando a relevância desses atores na oferta de capital semente (investimento de até 1 milhão; uma demanda de 60% das fontes da pesquisa mencionada acima).

É mais uma alternativa para que os empreendedores sociais consigam criar e ampliar uma nova geração de negócios, provando que já não existe um abismo entre ter um negócio lucrativo e mudar o mundo.


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