Estatísticas de Participação
Ao todo, foram 4.325.960 inscritos confirmados no exame, o que representa um aumento de 10% em relação ao total de inscrições de 2023. O ministro da Educação, Camilo Santana, destacou que esse crescimento está associado à própria ampliação do número de jovens que estão regularmente matriculados no terceiro ano do Ensino Médio, refletindo o impacto do Programa Pé de Meia (política que oferece apoio financeiro e incentivo à permanência dos estudantes na escola) e todo um esforço de articulação realizado pelas redes estaduais. Cumpre mencionar que, do total de inscritos no exame deste ano, 37% eram concluintes¹ do Ensino Médio.
Além disso, os dados divulgados mostram que o percentual de presentes também foi ampliado em 1,6 ponto percentual no ano corrente, atingindo uma taxa de 73,5% (o que equivale a 3.179.581 participantes). Vale ressaltar ainda que as mulheres compuseram a maioria dos participantes, como indicado na Tabela 1 abaixo. Do total inscrito, 55% se declararam pardos (43%) ou pretos (12%).
Proficiência dos participantes
A proficiência média dos participantes em 2024 foi igual a 546 pontos, o que representa um avanço de 3 pontos em relação a 2023. Vale lembrar que a nota do Enem é calculada a partir do desempenho em Redação e em quatro áreas de conhecimento: Linguagens, Códigos e suas Tecnologias (Linguagens), Ciências Humanas e suas Tecnologias (Ciências Humanas), Ciências da Natureza e suas Tecnologias (Ciências da Natureza), Matemática e suas Tecnologias (Matemática). Cada uma dessas áreas é avaliada em uma escala que vai de 0 a 1000 pontos. A Figura 1 abaixo mostra que os avanços, em relação às notas de 2023, ocorreram apenas nas áreas de Linguagens e Redação.
A avaliação do desempenho em Matemática e suas Tecnologias é especialmente relevante para a discussão sobre formação de habilidades analíticas e lógicas dos estudantes, cada vez mais necessárias para enfrentar os desafios da era digital. Contudo, como pode ser observado no gráfico acima, houve uma piora de 6 pontos considerando a base anual de comparação.
O Inep ainda vai divulgar dados mais completos para que seja possível entender a distribuição dessas notas por regiões e outras características socioeconômicas dos participantes que obtiveram resultados válidos no exame. Tal desagregação é fundamental para uma melhor compreensão dos desafios educacionais do país. Ainda assim, a queda da proficiência média em Matemática, que vem em declínio desde 2022, já indica a necessidade de atenção nessa área. Vale lembrar que os resultados no Enem, ao determinarem a admissão em cursos de Ensino Superior, impactam diretamente a decisão de carreira dos jovens: notas menores em Matemática podem significar menos estudantes optando por carreiras em tecnologia que, em média, oferecem remunerações mais elevadas.
O desempenho insatisfatório na disciplina é resultado de uma combinação de fatores, que vão desde aspectos culturais (historicamente, a matemática é percebida como uma “matéria intimidadora”) até questões envolvendo o uso de tecnologia na sala de aula. Essa realidade evidencia a necessidade de se repensar a abordagem de ensino que, em muitos casos, ainda segue um modelo tradicional e pouco conectado às demandas contemporâneas. Práticas pedagógicas que usem a tecnologia como aliada da aprendizagem e que desenvolvam o pensamento computacional são fundamentais para fortalecer as competências matemáticas dos estudantes e tornar o aprendizado mais acessível e alinhado às transformações digitais deste século. Assim, é imprescindível um Pacto Nacional pela Garantia da Aprendizagem em Matemática, reunindo academia, governo e sociedade civil. Somente a partir de um esforço sistêmico e coordenado será possível superar os obstáculos relacionados ao ensino e à aprendizagem da disciplina.
¹ Pessoas prestes a concluir o Ensino Médio, isto é, ainda cursando o Ensino Médio no momento do exame.
