Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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23.10.2018
Tempo de leitura: 7 minutos

5 tendências para a educação na era digital

O enlightED 2018 reuniu em Madri especialistas do mundo todo em um debate sobre o papel da tecnologia na educação do futuro

Na imagem, palestrante fala durante conferência enlightED 2018, que discutiu Educação na Era Digital

Como a tecnologia está transformando a educação? Qual o papel da inovação educativa?

Quais barreiras ela diminui ou aumenta na democratização de ensino-aprendizagem? Como deve ser o estudante e o professor do futuro? Essas e outras perguntas sobre educação na era digital foram debatidas por especialistas de todo o mundo durante a conferência enlightED 2018, realizada em Madri.

Com apoio da Fundación Telefónica, IE University e da conferência global de startups South Summit, que cedeu espaço ao evento, o enlightED 2018 promoveu reflexões sobre a educação, apresentando insights sobre equidade, propósito, dados para subsidiar decisões e novas competências pessoais e profissionais.

“A Revolução Tecnológica está pedindo para abrirmos nossas mentes, porque tudo vai mudar. E é impossível mudar tudo se não estamos abertos a aprender”, anunciou o presidente do Grupo Telefônica, José María Álvarez-Pallete, na abertura do evento.

A seguir você confere as cinco principais tendências para a educação na era digital que emergiram do encontro:

A capacidade de aprender será mais importante que o conteúdo

Aprender a aprender será cada vez mais fundamental, especialmente no futuro do trabalho.  Já muito longe do que passar a vida inteira dentro de uma mesma empresa, os funcionários se reinventarão várias e várias vezes ao longo da vida profissional. Exigência de um mundo cada vez mais volátil, incerto, complexo e ambíguo (VUCA, no acrônimo em inglês).

Assim, a educação na era digital começa com a preparação das crianças para a complexidade do mundo que se apresenta lá na frente, como ressaltou Priscila Cruz, presidente executiva do Movimento Todos pela Educação. Em sua palestra sobre educação e inteligência artificial, ela falou sobre a importância de desenvolver as competências aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a conviver, citadas ainda na década de 90 pelo economista e político francês Jacques Delors, no relatório da UNESCO Educação, um tesouro a descobrir.

“Pensando no Brasil, onde normalmente nos concentramos nas aprendizagens que estão em avaliações de larga escala, como Ideb, nossa tarefa é enorme! Não podemos lutar para que só o desempenho em português e matemática aumente. Se quisermos preparar os nossos estudantes para o futuro, temos que buscar o desenvolvimento simultâneo das quatro competências”, avalia Priscila.

Teremos de valorizar a criatividade e a imaginação

A relação entre humanos e máquinas foi explorada em vários painéis ao longo da conferência. O ex-vice presidente de inovação e criatividade da Walt Disney Company, Duncan Wardle, disse que nossa missão estará concentrada em criar, imaginar e intuir. “Nos próximos dez anos, as máquinas serão cinco mil vezes mais inteligentes do que nós, mas elas jamais terão a nossa imaginação”, disse à plateia.

“Criatividade, imaginação e intuição são algumas das mais incríveis ferramentas dos seres humanos e elas são irreplicáveis virtualmente”, Duncan Wardle.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, o futurista Gerd Leonhard enfatizou a necessidade de ensinar às crianças que humanos são muito mais complexos do que a realidade virtual. “Felicidade não é um aplicativo que se pode baixar, o mundo não é uma máquina, os humanos não são códigos e não se pode programar a felicidade. Você tem que encontrá-la”, diz.

Segundo Americo Mattar, diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo, que participou da conferência, os painéis buscaram exaltar uma visão mais otimista sobre a tecnologia, diferente da distopia normalmente exibida em filmes ou livros.

“A inteligência artificial vai nos ajudar nas tarefas que tomam tempo e vontade, vai nos liberar para desenvolvermos mais nossa humanidade, para nos concentrarmos nas atividades que geram valor”, contou. Como exemplo, ele cita a tecnologia trabalhada em sala de aula, que permite ao professor trocar tempo expositivo por tempo interativo com o aluno.

Democratização e personalização serão processos contínuos

A tecnologia como aliada na expansão e democratização do conhecimento também foi destaque no enlightED 2018. Durante a apresentação do projeto global Profuturo, da Fundación Telefónica, a diretora geral do programa, Sofía Fernandéz, avaliou o impacto da tecnologia quando usada para melhorar a aprendizagem de crianças em ambientes vulneráveis. “A tecnologia nos permite personalizar a educação como nunca antes. Há muitas razões para estarmos otimistas”, definiu.

O Profuturo ganhou um diferencial quando chegou ao Brasil – por meio do Aula Digital em Sergipe e Manaus – e que agora é exportado para outros países. “O diferencial aqui é a formação dos professores. Para facilitar a apropriação tecnológica, nós fazemos toda uma preparação pedagógica, que é fruto do nosso trabalho em parceria com escolas inovadoras”, explica Americo Mattar, diretor presidente da Fundação Telefônica Vivo. A ideia é que de nada adianta a tecnologia se os usuários não estiverem preparados para lidar com ela.

“Quando preparamos o professor, ele traz o aluno para o centro da sala de aula. No fim, o que queremos é romper com esse modelo massificador, normatizador que acontece hoje. Nenhuma criança é igual a outra e o equipamento tecnológico e o treinamento possibilitam a reformulação dessa lógica”, Americo Mattar.

Imagem mostra equipe da Fundação Telefônica Vivo durante conferência que debateu educação na era digital, o diretor presidente Americo Mattar é o último à direita

Excelência e confiança serão indispensáveis

“O principal talento nessa vida é um só: a capacidade de aprender, de melhorar. Eu creio que é praticamente impossível fazer alguma coisa bem sem confiança, e isso vem com excelência”, declarou à plateia Toni Nadal, que foi por muitos anos treinador de tênis do sobrinho e campeão do mundo Rafael Nadal. Em sua apresentação, o treinador enfatizou a importância de reforçar o caráter e habilidades como perseverança, força de vontade ou autoconfiança.

Ele contou que num dos jogos o sobrinho atribuiu a derrota ao sol na quadra, ao que ouviu de volta: “Só tinha sol no seu lado da quadra? Você perdeu porque não se preparou bem!”. Não deixar que o tenista transfira responsabilidade por seu fracasso ou sucesso faz com que a confiança aumente.

Para Americo Mattar, a palestra do técnico ajuda a repensar a relação de alunos e professores com o aprendizado. “A confiança sem excelência se esfacela rapidamente. O protagonismo, o empoderamento, tem que se dar à luz do autodesenvolvimento”, diz.

A reinvenção da escola

Por fim, todas as tendências citadas acima passam por uma reinvenção da escola, a começar pelos espaços físicos construídos com elementos comuns a presídios, como muros, grades e cores sóbrias. “Isso limita completamente a criatividade”, enfatizou o consultor em educação nas artes Sir Ken Robinson, que alertou para a urgência de se re-imaginar a escola, assim como abandonar os sistemas educacionais baseados na competição.

Para o autor do best-seller O Elemento-chave, a discussão sobre como a ética pode e deve transformar a educação na era digital é a conversa mais importante do momento, assim como a defesa da curiosidade que nos move enquanto seres humanos. “Se quisermos que nossa comunidade e nossos filhos floresçam, temos que pensar na educação como forma de encorajar a diversidade e não a conformidade”, encerra.


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