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01.12.2016
Tempo de leitura: 5 minutos

A hora e a vez das meninas do Brasil registradas em documentário

Crédito: Divulgação
Por Cecília Garcia, do Promenino, com Cidade Escola Aprendiz
“Não basta ser mulher. Tem de ser mulher e lutar pelos seus direitos.” Essa foi uma das frases da escritora feminista Clara Averbuck durante o debate sobre o minidocumentário “Essa é Minha Vez!”. Ao lado dela, sentadas em fileira e exibindo orgulhosas suas camisetas da PLAN – Plan International Brasil, seis das nove meninas que participaram do filme representavam latitudes e longitudes diversas do país – além do embate em comum: elas são protagonistas de suas próprias realidades, e querem inspirar outras meninas a se juntar à luta.

O minidocumentário, lançado no dia 29 de janeiro em São Paulo, é o registro sensível sobre as adolescentes que compuseram o time do projeto Essa é Minha Vez! (This is My Moment!). Desenvolvido também no Quênia, Paquistão e Filipinas, o programa visa expandir a representatividade das meninas em seus países e fazê-las atuar mais fortemente na tomada de decisões que concernem à educação, proteção e saúde.

Luana Natália (São Luís, MA), Luíza Xavier (Rio de Janeiro, RJ), Líbia Nunes (Ilha do Marajó, PA), Irlane Félix (Códo, MA), Gabriela Pires (Brasília, DF), Letícia Araújo (Rio de Janeiro, RJ), além das três garotas Mariana Rosa Prates (Passo Fundo, RS), Luanny do Carmo (Belém, PA) e Suellen Rodrigues (Porto Alegre, RS), reuniram-se em 2015 para redigir a Declaração das Meninas, um documento com reinvindicações das jovens, tendo os temas igualdade de gênero e educação como pilares na construção das demandas.

O documento foi entregue à presidente Dilma Rousseff e após uma votação entre as próprias participantes, Irlane e Luíza foram as escolhidas para representar o Brasil na Cúpula das Nações Unidas, em Nova Iorque. Alguns passos dessa importante jornada foram filmados e transformados no minidocumentário Essa é Minha Vez!

Para Gabriel Barbosa, gerente nacional de desenvolvimento organizacional da PLAN, a criação do filme não foi importante somente para registrar a empreitada das garotas, como também para a divulgação do projeto e seus possíveis desdobramentos. Barbosa acredita que o trabalho pode servir como modelo para incidir em politicas públicas por todo o Brasil.

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As jovens protagonistas
Para as garotas, é fundamental derrubar fronteiras, simbólicas e geográficas, para unir as meninas em prol de objetivos comuns. “Eu não conseguia enxergar a realidade fora da minha cidade, praticamente não via nada além do meu bairro. Quando comecei a participar do projeto, consegui enxergar outras realidades e pensar não só pelo meu bem, mas também pelo o das outras meninas. Isso foi o mais importante”, explicou Luíza, ombro a ombro com as outras cinco garotas durante a entrevista ao Promenino.

Irlane completou: “somos nove meninas diferentes, e de diferentes lugares, mas um único objetivo nos une, e isso nos dá força para continuar na militância”. Falando ao mesmo tempo e muito felizes de estar na estreia, todas disseram que educação, saúde e proteção são as grandes alavancas que permitirão que meninas tomem seu lugar de direito nas tomadas de decisões políticas.

Os 22 minutos do filme são fragmentados entre as histórias das nove garotas, que contam: apesar das demandas em comum, as particularidades de suas regiões influenciam profundamente o ecossistema de seus dilemas e reinvindicações. Para a gaúcha Suellen, sua luta feminista está intrínseca à luta racial. Para a maranhense Luana, estudar é o único caminho para se emancipar e não repetir a história comum das meninas de sua região.

 

Lançamento do minidocumentário em São Paulo | Crédito: Divulgação

Roda de conversa
Após a exibição do documentário, as meninas responderam às perguntas de uma emocionada plateia. Quando perguntadas sobre o protagonismo juvenil, Irlane respondeu sem hesitar que o empoderamento feminino só será possível com o aumento da representatividade nas instâncias que tomam o poder, como a área política. “Mulheres na política criam elos mais fortes, e as meninas se sentiriam mais representadas. No parlamento, a maioria são homens, mas a maioria da população é feminina. Precisamos de mais mulheres na política, mulheres que representem mulheres e que sejam militantes.”

Também foi questionado qual o impacto no entorno quando voltaram para casa, e como os rapazes que conviviam com elas reagiram à experiência. Gabriela apontou que, por ter muitos colegas homens, sofreu alguns preconceitos: “Falaram assim ‘que legal que você está fazendo isso, mas é só um projeto’. Essa é a dificuldade que temos de compartilhar o que aprendemos. O mundo ainda está fechado para a questão e o machismo existe não só nos homens, como também nas mulheres”.

Luana disse não ter sido raro ouvir dos amigos que ela era ‘Luana, a menina que quer ser mais do que os meninos’. Ela alegou que alguns até se afastaram, mas que isso não a impedirá de manter a cabeça altiva e continuar a lutar. “Eu não quero ser mais do que ninguém, quero apenas ter os mesmos direitos que os meninos possuem. Quando crescerem e amadurecerem, eles vão entender que a única coisa eu queria passar era conhecimento“, encerrou, com sabedoria.


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