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04.03.2022
Tempo de leitura: 5 minutos

Estudantes de escola pública desenvolvem aplicativo para ajudar refugiados

A plataforma Refuge Safe conecta voluntários e doadores à ONGs para apoiar famílias que tiveram de sair de seus países e se refugiar no Brasil. Saiba mais!

Imagem mostra as três jovens estudantes que desenvolveram aplicativo para ajudar refugiados. As três usam óculos e máscaras de proteção. Todas sorriem para a foto e uma delas está fazendo sinal de “V” com os dedos.

Refugiados são cidadãos que deixaram seus territórios por causa de conflitos, fome e outras violações de direitos. Com a finalidade de apoiar essas pessoas, um grupo de estudantes do terceiro ano do curso Técnico de Nutrição integrado ao Médio, da Escola Técnica Estadual (Etec) Irmã Agostina, em São Paulo (SP), desenvolveu o Refuge Safe. O aplicativo ajuda refugiados a encontrarem assistência no processo de reintegração à sociedade do novo país onde vivem.

De acordo com dados do Comitê Nacional para os refugiados (CONARE), o governo brasileiro recebeu cerca de 29 mil pedidos de refúgio de pessoas vindas de 113 países, somente em 2020. Atualmente, no Brasil existem mais de 57 mil pessoas refugiadas reconhecidas.

Dessa forma, o projeto une tecnologia e solidariedade com a proposta de conectar doadores e pessoas voluntárias às ONGs que prestam apoio aos refugiados.

“Observamos e estudamos a situação histórica e atual dos refugiados. Percebemos que esse grupo é esquecido e marginalizado pela sociedade e precisa de apoio. Além disso, as ONGs que acolhem esse público são pouco visibilizadas e apoiadas pela população”, explica a estudante Sophia Rodrigues, integrante da equipe do projeto, que também é formada pelas jovens Mariana Visu Teixeira e Thábata Victória Ferreira.

Como funciona o aplicativo para ajudar refugiados? 

As alunas deram início ao protótipo do aplicativo em 2019, sob a orientação da professora Gleiciane Oliveira de Morais.  Uma vez que a ideia surgiu quando as estudantes conheceram a dura realidade de quem chega a uma terra nova em busca de oportunidades. Preconceito, dificuldades com o idioma, falta de informações e alimento são alguns desafios citados pelos refugiados em conversas com as meninas.

O aplicativo para ajudar refugiados visa ser um canal para que voluntários e doações de interessados em apoiar com alimentos, roupas, móveis, brinquedos ou qualquer quantia financeira cheguem até as ONGs que trabalham com esse público no Brasil.

“Muitas pessoas têm o que doar, mas não sabem onde deixar os donativos, quem procurar ou não têm tempo para completar a ação. É aí que entram os voluntários e parceiros que disponibilizam veículos e recursos para que as doações cheguem às instituições de apoio”, detalha Sophia.

O Refuge Safe conta com interface para localização dos interessados em oferecer apoio. Também com um personagem gamificado, chamado Zula. O recurso de gamificação, ou seja, o uso de estratégia de jogos no aplicativo, ajuda a entreter os usuários da plataforma e a promover novas doações. Ao participar do game, as doações rendem pontos aos voluntários que podem ser trocados por descontos em uma loja integrada à ferramenta.

Pense Grande inspirando novas ideias 

Toda a metodologia para o desenvolvimento do aplicativo para ajudar refugiados partiu da formação do programa Pense Grande, da Fundação Telefônica Vivo, realizado em parceria com o Centro Paula Souza (CPS). A professora Gleiciane Moraes participou da formação que a capacitou para aplicar a metodologia focada em empreendedorismo social em sala de aula para os estudantes.

Assim, o Refuge Safe conquistou o terceiro lugar no Demoday, evento de encerramento para quem participa do Pense Grande e reconhece os projetos de destaque.

“O papel do professor é orientar, porque, muitas vezes, o aluno não consegue chegar em seu objetivo e o professor tem que ajudar nessa direção, com motivação e incentivo”, diz a professora.

As estudantes usaram a metodologia de atividades práticas do Pense Grande para conhecer mais a realidade dos refugiados e encontrar soluções para os desafios enfrentados por eles.

“Utilizamos o Mapa de Empatia, que ajuda a gente a se colocar no lugar do outro. Além disso, realizamos o Golden Circle para entender o que estávamos fazendo e o objetivo do nosso produto. Também entrevistamos refugiados para conhecer a realidade e contatamos ONGs dispostas a colaborar”, lembra Sophia.

Após o levantamento das informações, as estudantes confirmaram a real necessidade de instituições que precisavam de apoio para captar recursos e voluntários para oferecer um melhor atendimento aos refugiados.

Os próximos passos 

A tecnologia desenvolvida pelas estudantes foi vencedora da quarta edição do Hackathon Acadêmico, promovido pelo Centro Paula Souza. A participação nesse torneio possibilitou às jovens ampliarem as pesquisas sobre refugiados.

Além disso, o aplicativo para ajudar refugiados foi apresentado como um case inspirador no programa STEAM SP, da Fundação Internacional Siemens Stiftung, em parceria com o Laboratório de Sistemas Integráveis Tecnológico – LSI-TEC, com o apoio da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

As jovens concluíram o curso Técnico de Nutrição integrado ao Ensino Médio em 2021. Mas seguem com o ideal de tornar o Refuge Safe uma ferramenta acessível para todos. Para isso, estão em busca de apoio ao projeto.

“Estamos em contato com empresas e pessoas dispostas a fazer parcerias para a disponibilização do aplicativo   à população. Temos o sonho de ver diversas pessoas ajudando quem mais precisa”, conclui a jovem Sophia.


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