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06.08.2018
Tempo de leitura: 4 minutos

Após formação do Aula Digital, educadora descobre que não é preciso ter acesso à tecnologia para inovar

Jivanete Amâncio Santos, gestora de uma escola em Arauá, Sergipe, rompeu as barreiras da sala de aula e levou alunos para conhecer a realidade local

Jivanete posa em corredor da escola usando uma blusa estampada

Do lado de fora da Escola Municipal José Vieira Barreto, em Arauá, Sergipe, há uma realidade muito interessante. O Povoado Poços é tomado por plantações de mandioca e macaxeira, alimentos que geram a principal renda da região, além da Casa de Farinha comunitária.

Dentro do povoado de apenas 300 habitantes, ocorre todo o processo produtivo, da plantação ao produto final e derivados. Apesar disso, os estudantes não conheciam muito da realidade local, pois as aulas nunca romperam os muros da escola.

A ideia de valorizar os saberes da comunidade surgiu após a formação em Espaços Diferenciados, do Projeto Aula Digital, iniciativa da Fundação Telefônica Vivo. Jivanete Amâncio Santos, de 40 anos, disse que entendeu a importância dos espaços fora da sala de aula, além do envolvimento da comunidade no processo de ensino-aprendizagem. Assim, a educadora provou que nem sempre é a tecnologia que permite inovar em aula.

“Foi assim que surgiu a ideia de visitar as plantações de mandioca e macaxeira, que são os produtos que geram a principal renda da região. Nessas visitas, os alunos entrevistaram pessoas para entender como é o processo, até chegar na produção de farinha”, contou a gestora.

Resistência da comunidade

Das 80 famílias do povoado, 63 têm crianças na escola. Acostumada com a dinâmica tradicional da educação na região, a comunidade estranhou o projeto de início. Segundo Jivanete, houve um pouco de rejeição, porque a escola nunca havia realizado um projeto semelhante. “Os pais achavam que o que estávamos fazendo não era aula, mas nós chamamos todos para conversar e explicamos o projeto”. A sinceridade e a paciência com a comunidade foi fundamental para que a desconfiança desse lugar à segurança e à vontade de participar do projeto. “Sem apoio, nada daria certo, mas a comunidade se abriu”, conta.

Aprendizados

O resultado foi uma ampliação geral de consciência e a valorização das raízes e da cultura locais. De acordo com a gestora, os professores também ampliaram seus horizontes, entendendo que havia outras formas de aprendizagem. Em resumo, a educadora mostrou que é viável inovar sem tecnologia para ampliar os horizontes dos alunos.

“Estamos acostumados a pesquisar tudo em livros e receber tudo pronto, mas para desenvolver o projeto precisamos criar. Envolvemos os agricultores, os vendedores de farinha e todos que pudessem nos dar informações, como o valor do quilo e a diferença de preço para outros povoados”, contou a gestora.

Nessa atividade, por exemplo, os alunos exercitaram conhecimentos de matemática, além de geografia e história, ao analisarem a realidade e dinâmica da região. “Quando chegavam em casa, as crianças conversavam com as famílias sobre nosso município e buscavam informações com os mais idosos. Aprendemos a nos abrir e agora tenho certeza que outros projetos serão aceitos.”

Há um ano e meio na escola, Jivanete trabalha há 20 anos como educadora e tem experiência de nove anos como gestora: “Com a formação, eu descobri que não é só a tecnologia que permite inovar. Eu mudei minha maneira de pensar sobre o que é inovação”.

Atuação em Sergipe

Iniciativa global da Fundação Telefônica e Fundação Bancária “La Caixa”, que visa melhorar as oportunidades das crianças na África, Ásia e América Latina, incorporando a inovação nas escolas por meio da tecnologia e de novas metodologias de ensino e aprendizagem, o Projeto Aula Digital chegou a Sergipe em 2017 devido a uma parceria com o Governo do Estado. Entre os assuntos trabalhados nas formações ministradas pelo Instituto Paramitas, parceiro executor do projeto no Sergipe, estão temas ligados à inovação educativa, visando ampliação do repertório e inspirações para novas experiências educacionais.


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