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O Carnaval é uma oportunidade para os educadores planejarem momentos de criação artística e de reflexão sobre as manifestações culturais

#Educação#EnsinoMédio#TecnologiasDigitais

Menina joga confete para cima em festa de carnaval na escola.

Uma das maiores manifestações da cultura popular brasileira está prestes a começar: o Carnaval! Conhecida por tomar as ruas das cidades com muita alegria e criatividade – além, claro, de purpurina, confete e espuma –, a festa extrapola os ambientes dos blocos e escolas de samba e também conquista as instituições de ensino de todo o Brasil.

Afinal, a folia carnavalesca é uma grande oportunidade para os educadores planejarem momentos de criação artística e de reflexão sobre as manifestações culturais. Por meio da cultura maker, estudantes podem confeccionar adereços, fantasias e estandartes que darão cores à folia. Além disso, é possível ampliar o repertório cultural dos alunos, principalmente com práticas pedagógicas que utilizam música e dança.

 

Carnaval maker

A cultura maker – também conhecida como educação mão na massa – vem ganhando força como prática pedagógica ao promover autonomia e protagonismo, conceitos importantes e presentes tanto na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) quanto na implementação do Novo Ensino Médio.

É bom lembrar que, para colocar a cultura maker em prática, não é preciso contar com grandes laboratórios, cheios de ferramentas de última geração: basta ter criatividade e um bom planejamento para começar a promover essa cultura nas escolas. Reforçando seus resultados positivos para a educação, uma pesquisa mostra como estudantes que vivenciaram a educação mão na massa tiveram um desempenho 30% melhor do que seus colegas que ficaram nos métodos convencionais de ensino.

Inspiração para Comunidades de Aprendizagem

Considerado o “pai” da aprendizagem criativa – um dos pilares da cultura maker – , o educador estadunidense Seymour Papert utilizou as escolas de samba do Carnaval brasileiro como fonte inspiradora para elaborar o conceito de Comunidades de Aprendizagem.

“Para ele, o contexto social não pode ser deixado de fora da aprendizagem. É essencial que aprendamos uns com os outros, tendo objetivos em comum, diferentes graus de experiência e saberes que se complementam”, explicam as integrantes do Instituto Catalisador, Franciele Gomes, Rita Camargo e Simone Lederman. “Essas comunidades, inclusive, inspiraram a posterior criação de clubes de computação em diversos países pelo mundo, e também a própria comunidade Scratch.”

As pesquisadoras do Instituto – que idealiza e implementa ações que unem tecnologia e criatividade em escolas da rede pública – dão dicas de como trabalhar com o Carnaval em sala de aula. “É uma ótima oportunidade para colocar em pauta as paixões comuns da turma, se aprofundando em temas relevantes para cada educador e construir um projeto coletivo. É possível compor marchinhas e sambas-enredo, estandartes e fantasias a partir dos mais diferentes componentes curriculares presentes na BNCC”, afirmam.

“Por que não convidar os estudantes a escrever um samba-enredo ou uma marchinha de Carnaval a partir de escuta ativa e do incentivo para que se expressem sobre os temas que são importantes para eles? Também é possível aproveitar uma temática do bimestre/trimestre para essa construção”, sugerem as especialistas.

 

Carnaval: folia, alegria e criatividade

O bairro da Liberdade, localizado em São Luís do Maranhão (MA), é um dos redutos carnavalescos da cidade. É pelas ruas locais que desfilam blocos tradicionais como o Casinha da Roça, e é lá que funciona a Unidade de Educação Básica (UEB) Ministro Mário Andreazza. Na escola, a professora do ensino fundamental Maria das Dores, mais conhecida como Dorinha, aproveita a vibração da comunidade ao seu redor para aplicar o projeto “É Carnaval, é folia, é alegria, é criatividade”.

“Aproveito que o nosso bairro é um berço vivo de cultura e faço questão de trabalhar com meus alunos as questões locais, que eles têm vivência”, observa Dorinha. Ela faz uso da educação mão na massa para envolvê-los na produção de alegorias e enfeites de Carnaval, para que todos os estudantes possam desfilar nos blocos e, com isso, se sintam parte importante da cultura local. “Já fizemos máscaras, e esse ano faremos colares havaianos, com sacolas plásticas e canudos coloridos”, conta.

Segundo a professora, a prática pedagógica, que também promove momentos de escuta e construção de espírito crítico, tem como principal impacto o pertencimento dos estudantes diante de seu território. “Às vezes nós, como professores, trabalhamos com questões que estão em outros estados e esquecemos de valorizar a nossa própria comunidade”, reclama. “Se eu mostro a riqueza da minha cidade, especialmente do meu bairro, que é o local onde estão inseridos, eles se sentem pertencentes daquele espaço, e com isso será mais fácil de cuidar e entender que aquilo faz parte dele, que ele é parte daquela comunidade.”

 

Carnaval e metodologias ativas

Os blocos de rua de São Luís também são fonte de inspiração para o projeto “O Carnaval é Mara!”, tocado pela professora de artes Marinildes Brito na UEB Alberto Pinheiro. Ela usa metodologias ativas, como a sala de aula invertida, para instigar os alunos a pesquisar sobre o Carnaval, pedindo para que eles levem imagens e elementos que tenham em casa e representem a festa.

Com esses materiais em mãos, os estudantes apresentam suas descobertas e trocam conhecimentos e experiências de Carnaval. Nas etapas seguintes, os alunos produzem textos com base em suas pesquisas e debates em sala, e passam também a confeccionar fantasia e máscaras, trabalhando em grupos e compartilhando materiais e ideias. Ao final desse processo, será realizada uma exposição destacando as produções, além de um baile de Carnaval.

“As metodologias ativas favorecem o engajamento dos estudantes, pois os colocam no centro da aprendizagem. Nesse projeto, tudo parte das ideias e das sugestões dos próprios estudantes, e quando eles veem suas ideias sendo testadas e aceitas, isso os motiva a participar”, conta Marinildes. “Eles também passam a compreender melhor e a valorizar a nossa cultura. Quando o aluno entende a importância de manifestações como o Carnaval, ele se apropria da sua própria história.”

 

Ferramentas digitais para impulsionar a folia

E de quais formas as tecnologias educacionais podem ser envolvidas nesse processo? “Elas podem ser importantes aliadas em qualquer temática a ser trabalhada nas salas de aula, seja para uma pesquisa inicial de ampliação de repertório e aprofundamento em um tema específico, seja na produção de um projeto mão na massa ou ainda no seu compartilhamento com pares e outros atores da escola”, aponta o Instituto Catalisador.

Nesse sentido, as representantes da organização dão algumas ideias para educadores e escolas que têm acesso a esses recursos:

  • Ferramentas digitais de design gráfico: podem ser utilizadas para a criação de fantasias, brasões de escolas de samba;
  • Ferramentas de modelagem 3D: podem ser exploradas para a construção de carros alegóricos;
  • Scratch: uma ala da escola de samba pode ser animada na ferramenta, tendo o samba-enredo/marchinha como fundo musical.

As representantes do Instituto Catalisador reforçam: diversas tecnologias e ferramentas são meios, formas de expressão, ajudantes potentes para a construção de projetos significativos, sendo eles de qualquer temática, inclusive cultura brasileira e Carnaval.

Carnaval: festa popular apoia escolas públicas na promoção da cultura maker
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