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19.03.2019
Tempo de leitura: 5 minutos

Conferência discute as potencialidades da Inteligência Artificial na educação

Evento em Paris reúne especialistas para debater os desafios e possibilidades do uso da inteligência artificial para o aprendizado

Imagem mostra um robô branco segurando um tablete em frente a uma porta de vidro

A “Inteligência Artificial para o Desenvolvimento Sustentável”, tema da Semana de Aprendizagem Móvel da Unesco (Mobile Learning Week), em Paris – realizada em parceria com a União Internacional de Telecomunicações, a Fundação ProFuturo e Skillogs –  discutiu as potencialidades e os desafios da utilização da Inteligência Artificial (IA) na educação.

Representantes de governos e do mundo educativo, especialistas e setor privado debateram questões centrais ligadas ao uso dessa tecnologia. Entre elas, como usar a Inteligência Artificial para melhorar os sistemas de gestão do ensino e métodos de aprendizagem, assegurando, ao mesmo tempo, a equidade e inclusão de grupos sociais considerados vulneráveis.

“A Inteligência Artificial vai transformar profundamente a educação. As ferramentas pedagógicas, as formas de aprendizado, o acesso ao conhecimento e a formação dos professores terão uma revolução”, afirma a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, que ressalta ainda a necessidade de se definir princípios éticos para enquadrar as mudanças decorrentes desse avanço tecnológico.

Plataformas de compartilhamento de conhecimentos, impulsionadas pela Inteligência Artificial, podem aprofundar a compreensão de como os alunos aprendem e a maneira de aperfeiçoar os métodos de ensino. Sistemas capazes de identificar e analisar as emoções dos estudantes durante o aprendizado, baseadas na escrita, na voz e na expressão facial visam permitir que os professores avaliem imediatamente reações e desempenho nas aulas.

Em Xangai, na China – um dos países onde a utilização da Inteligência Artificial (IA) na educação está mais avançada – crianças na sala de aula desenham caligrafias no papel, escaneadas por máquinas que informam imediatamente o grau de precisão da escrita. Quando consideram o trabalho satisfatório, enviam ao professor. Ele pode constatar, em tempo real, erros comuns da classe ou que determinado aluno levou alguns segundos a mais do que o outro para responder, por exemplo. Dessa forma, pode direcionar o ensino, inclusive individualizado.

A questão da aprendizagem personalizada, um dos principais potenciais do uso da Inteligência Artificial na educação, foi destacada por vários palestrantes durante a conferência na Unesco.

“A personalização, com a possibilidade de detectar o ritmo de aprendizado de cada aluno, possibilitando a adaptação do conteúdo de ensino, é uma das maiores contribuições da IA”, explica Sofia Fernandez de Mesa, diretora da Fundação ProFuturo.

Sofia Fernandez de Mesa, diretora da Fundação ProFuturo, fala ao microfone durante Semana de Aprendizagem Móvel

Inteligência Artificial não substitui o professor

Na avaliação de especialistas, a IA não irá reduzir a importância dos professores. Seu papel é essencial no processo de aprendizado, segundo inúmeros participantes da Semana De Aprendizagem Móvel. “A tecnologia não vai substituir os professores. A Inteligência Artificial se torna mais interessante quando os professores analisam os resultados dos estudantes”, defende Andreas Schleicher, diretor de educação e competências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que realiza o PISA, programa internacional de avaliação de alunos.

Para o deputado francês Cédric Villani, medalha Fields (considerada o prêmio Nobel da matemática) a IA ajudará países com dificuldades em implementar sistemas de educação de qualidade, mas o fator humano  continuará sendo capital no futuro. “A Inteligência Artificial só poderá ter bons resultados se professores forem bem formados para aplicá-la”, ressalta Villani.

Palestra: Promovendo parcerias abertas para o uso universal e igualitário da Inteligência Artificial na educação

O futuro do trabalho

A IA também está transformando o mundo do trabalho e a formação dos jovens deve integrar tecnologias dessa nova era. As empresas passaram a exigir novas competências e surgem carreiras ligadas à evolução tecnológica.

“Na Espanha, o sistema de educação não mudou em mais de 30 anos”, destaca Luis Miguel Olivas, diretor de empregabilidade da Fundação Telefônica Espanha. “O desemprego no país permanece elevado, mas muitas companhias não encontram candidatos para as vagas”, afirma.

Segundo Olivas, 80% dos jovens encontrarão seus futuros empregos no mundo digital. O uso de Big Data (análise e interpretação de grande volume de dados) e IA, diz o diretor, pode fomentar aprendizados individualizados, em função de cada perfil profissional e das necessidades do mercado.

De acordo com o secretário da Educação de São Paulo, Rossieli Soares, que participou de uma sessão de debates na Unesco, as lacunas na educação no Brasil serão ainda maiores se o uso de tecnologias e da Inteligência Internacional não fizerem parte dos currículos escolares no país. “É necessário que as crianças brasileiras adquiram competências em programação para se preparar às mudanças no mundo do trabalho”, diz.

Para Rossieli, há iniciativas baratas, como o desenvolvimento de aplicativos usando os próprios aparelhos de alunos da educação básica e universidades, mas isso envolve também a formação de professores e a infraestrutura das escolas. A dificuldade, segundo o secretário, “é como dar escala a projetos como esse”.

Rossieli Soares, secretário da Educação do Estado de São Paulo, foi um dos moderadores da palestra “Como a Inteligência Artificial pode melhorar a educação”

No evento, ainda foram debatidos os vários desafios da tecnologia, incluindo o de melhorar a igualdade e o acesso à educação, além da necessidade de novas regulações, com políticas públicas para o uso da IA na educação.

“Discutimos como evitar que os países em desenvolvimento fiquem em atraso em relação à Inteligência Artificial como aconteceu anteriormente com outras tecnologias”, afirma Paula Valverde, chefe de produto e inovação da ProFuturo. “Esses países têm mais obstáculos de infraestrutura e de conectividade. É outra realidade”, analisa a especialista.


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