Durante três dias, representantes do terceiro setor se reuniram no GIFE 2018 em busca de caminhos inovadores para o investimento social no Brasil
Fortalecimento da sociedade, democracia, diversidade e inovação como motor de um investimento social efetivo foram as bandeiras levantadas na 10ª edição Congresso GIFE (Grupo de Institutos Fundações e Empresas), um encontro bianual que reúne os grandes nomes do terceiro setor do país.
Com o tema Brasil, democracia e desenvolvimento sustentável, o evento contou com 48 painéis de discussão, quase 200 palestrantes e 750 inscritos, além de centenas de pessoas que circularam entre os dias 4 e 6 de abril pela sede da Fecomercio, em São Paulo.
Na abertura, a presidente do conselho Neca Setúbal afirmou ser hora de arriscar. “Vivemos em uma sociedade com muros reais e simbólicos que perpassam todos os espaços”, declarou à plateia. “O momento é de assumir partidos e articular vozes em busca de pluralização”.
Como uma das apoiadoras do congresso, a Fundação Telefônica Vivo participou de debates sobre gestão de talentos, equidade na educação e inspirações para o investimento social privado. O diretor-presidente Americo Mattar destacou o espaço para diversas vozes como marca do GIFE 2018.
“Num momento em que nossa sociedade está dividida em questões maniqueístas de nós contra eles, o GIFE está discutindo a importância de vencermos barreiras para olharmos o Brasil como um só. Chega de ser o país do futuro, vamos ser o país do presente”, disse.
Nova ótica para um contexto antigo
No debate sobre Gestão de pessoas, a Fundação Telefônica Vivo foi representada por Odair Barros, gerente de planejamento e finanças, como um caso de atração e retenção de talentos. “O trabalho com as lideranças, a cultura do feedback e propósitos bem definidos fazem a diferença”, aconselhou à plateia.
Juventude foi o tema de outro painel que discutiu caminhos para que o investimento privado amplie a oferta de empregos e oportunidades aos jovens brasileiros. Já o debate Qual Brasil? Olhares para além do agora, um dos mais esperados do evento, trouxe uma discussão sobre o atual momento político do país.
“Para que as coisas mudem, primeiro temos que reconhecer que existem vários ‘Brasis’, nos quais as diferenças significam desigualdades. E que pressões estruturais dividem a sociedade”, declarou a pesquisadora e filósofa Djamila Ribeiro, uma das mais aplaudidas da bancada.
Mediado por Americo Mattar, o painel Novas soluções para problemas complexos discutiu inovação no investimento social, que passa por visão de longo prazo, valorização de erros e descentralização de ideias. “A inovação é o caminho para que a gente ganhe força e sinergia para gerar impacto real, de modo que nossos esforços não sejam apenas ilhas de excelência”, disse.
Educação não ficou de fora
Os institutos e as fundações sociais investiram no país em média R$ 2,8 bilhões por ano nos últimos 5 anos. E somente em 2016, R$ 926 milhões foram destinados a educação. Apesar disso, os indicadores sociais evoluíram lentamente nos últimos quinze anos. O porquê foi discutido pelo painel Educação Já: fronteiras para articulação e impacto pela educação no país.
“Está cada vez mais claro que precisamos de uma abordagem estruturante e estratégica”, acredita Olavo Nogueira, do Todos pela Educação. Binho Marques, do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed), defendeu um sistema nacional de educação como saída para resolver impasses de maneira sistêmica.
A implementação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), priorização da aprendizagem na pauta política e gestão dos recursos alocados também foram temas debatidos no GIFE, que encerrou com um discurso otimista de que novos olhares, escuta aberta e responsabilização podem inspirar o desenvolvimento social privado brasileiro.
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