Preocupações sociais aliadas ao bom humor compõem a cobertura jornalística do projeto, que conta com assuntos voltados à juventude e suas comunidades.
Sábado, 12 de novembro. Ainda era manhã no parque Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro, e os jovens do projeto DHTV – A TV dos Direitos Humanos já estavam equipados com suas câmeras e microfones, a fim de coletar entrevistas no evento Empoderamento Crespo. A ideia da cobertura veio de uma das alunas da DHTV e, naquele horário, enquanto outros adolescentes da mesma idade dormiam ou aproveitavam o fim de semana, a equipe estava mobilizada para informar a comunidade, sem deixar de se divertir durante os bastidores da notícia.
“A DHTV cobre eventos, conferências e palestras que tenham ação social ou governamental voltadas para adolescentes e crianças. Nosso foco principal são pautas sobre o protagonismo jovem.” Quem conta isso é Emilly Ribeiro, uma das âncoras da DHTV. Seu papel não é fixo. O trabalho em grupo é bem repartido e cada um tem sua função, porém, caso algum integrante falte, eles se dividem para compensar a ausência e fazer acontecer. Quem demanda e cria o canal é o jovem, e ele é o protagonista.
Segundo Priscilla Lamy, instrutora de audiovisual do projeto, o canal DHTV foi inspirado em um programa de comunicação da extinta TV DEGASE, produzido por jovens das unidades socioeducativas cariocas. A Secretaria de Estado Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro (SEASDH) gostou tanto dos resultados a ponto de dar continuidade ao projeto, convidando jovens aprendizes que trabalhavam na própria Secretaria e em outros órgãos parceiros para participar da iniciativa.
As oficinas começaram com aulas teóricas e práticas, capacitação de captura de vídeo e áudio, além de manejos de edição jornalística. Atualmente, ocorre o segundo módulo, e o objetivo é treinar, sempre. “Os jovens devem procurar pautas, gravar programas e fazer entrevistas. Quanto menor for a participação dos adultos, melhor. Essa é a grande proposta do protagonismo juvenil”, relata Priscilla.
Etapas da produção
Os jovens repórteres botam a mão na massa e são responsáveis pela feitura total dos programas, desde bolar entrevistas até editar vídeos divulgados via YouTube. Nenhum deles tinha qualquer experiência com televisão ou com jornalismo.
O jovem Samuel Menezes dá risada ao se lembrar das primeiras aparições. “A primeira vez, só de olhar para a câmera, eu já fiquei com calafrios, não consegui falar sem errar. Hoje, perdi minha vergonha. Quando gravo, não penso mais nisso. É só falar como falo, agir como ajo, ser quem eu sou.” A oficina deve ser uma troca divertida de experiências e aprendizados. Por isso, os programas são descontraídos e os erros de gravação também ficam disponíveis.
A escolha das pautas é construída a partir das demandas dos próprios jovens, que optam por cobrir o que impacta o entorno da comunidade e também a si próprios. Priscilla conta que o papel dos adultos no projeto é incentivar e mostrar aos alunos que eles não só têm o direito, mas o espaço para emitir suas opiniões.
Juventude em pauta
O fundamental, presente tanto na fala da instrutora como na dos participantes do projeto DHTV, é entender que o programa é feito por jovens para os jovens. “É fácil perceber nos vídeos a linguagem muito jovial: eles falam gírias, brincam e soltam piadas. A ideia foi sempre ser o mais natural possível para conversar com o espectador de igual para igual. Isso acaba atingindo positivamente outros públicos também”, ressalta Priscilla.
Para uma jornalista iniciante, como Emilly, ou para um jovem que pretende fazer um vlog voltado para a sua comunidade, como Samuel, o DHTV é uma janela para essas notícias, a porta para que a cobertura jornalística se torne cada vez mais democrática e brote de quem quer informar para quem realmente quer saber.