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Iniciativas refletem os rumos da economia compartilhada, ou nova economia, e do empreendedorismo social

“A revolução acontece pelas pequenas coisas”, diz a empreendedora Ana Julia Ghirello, sobre as novas iniciativas do empreendedorismo social.

Poucas coisas são cativantes para um profissional como ouvir alguém falar com paixão sobre o trabalho que realiza. E isso as empreendedoras Ana Julia Ghirello, co-fundadora do espaço AbeLLha e do app GoodPeople, e Adriana Lima, fundadora do Sabiar, fazem de sobra. Ambas inserem suas iniciativas no universo de possibilidades do empreendedorismo social e da economia colaborativa e atraem cada vez mais entusiastas para este movimento, no qual experiência, aprendizado, compartilhamento e propósito são palavras de ordem.

Sempre ligada às tendências tecnológicas, Ana Julia participou da fundação de uma empresa de e-commerce e foi diretora de operações na mesma área. Foi quando confirmou que não existia uma oposição natural entre lucro e potencial humano. “Acredito muito na horizontalidade, na transparência e nos processos colaborativos”, afirma. Em paralelo, imaginava criar um espaço onde pudesse ajudar as pessoas a encontrarem seu propósito de vida e expandirem isso na forma de empreendedorismo colaborativo e social.

A ideia se materializou com a criação da AbeLLha, em 2015, ao lado do sócio e administrador Maxim Kejzelman, sediada no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro. “Nossa missão é que as pessoas se empoderem de seus sonhos, dividindo-os com os outros e com o mundo, por meio de projetos de impacto. Sem esquecer que podem contar com um modelo de negócio consistente, ganhar o mercado, ter lucro… Por que não?”, defende a empreendedora.

Para impulsionar os negócios sociais, oferece diferentes formas de apoio, inclusive em formato virtual: um programa anual de incubação e aceleração, que acontece por meio de mentorias e cursos, e atende tanto à base da pirâmide social (por meio de orientação gratuita) como startups mais estabelecidas, e um modelo de gestão chamado Honeycomb, voltado a empresas que desejam operar com mais transparência, horizontalidade e de forma colaborativa.

“Construímos esse suporte juntos: desde a estratégia do negócio, desenho do aplicativo, comunicação e marketing, posicionamento de marca e assim por diante. A nossa função é simplificar. Gostamos muito de trabalhar com o MVP [mínimo produto viável], para que o empreendedor lance algo o mais simples possível e o mais rápido possível”, esclarece Ana Julia. Além disso, vão fazendo as pessoas pensarem sobre essa nova economia, que valoriza o fazer coletivo e conecta propósito individual e empresarial.

Sua visão de futuro para a AbeLLha envolve atrair mais jovens de baixa renda, para que identifiquem oportunidades no empreendedorismo, e oferecer apoio para mais indústrias além da digital – que hoje representa a maior demanda da empresa – como o segmento da fotografia, da dança e outras expressões artísticas e audiovisuais.

A paixão por cultura foi o que atraiu Adriana, fundadora do Sabiar, ao empreendedorismo. “Sempre gostei de viajar e de conhecer novas culturas, pessoas, idiomas. Mas nunca sonhei ser empreendedora. Gostava do meu trabalho [no marketing de empresas multinacionais] e do desafio de ter uma carreira”, relata. A mudança começou quando, em 2011, ela foi para São Francisco (EUA) cursar um MBA em administração de empresas. “Tinha mais tempo livre e viajava mais também. Então comecei a me dedicar mais a um blog de viagens que mantinha como hobby”.

Ampliando a proposta do blog, ela criou um grupo sobre turismo no Facebook, o V.I.T. – Very Important Travelers. E os contatos que daí surgiram apontaram para uma oportunidade de negócio – e um sentido maior para o seu trabalho: “que as pessoas pudessem aprender algo novo – pintar, fotografar, desenhar – de forma rápida e divertida, enquanto viajassem”, contou.

Em pouco tempo, percebeu que a procura maior por experiências era de habitantes das próprias cidades, e não visitantes ou turistas. Ampliou então o portfólio da empresa para pessoas interessadas em divertir-se, aprender algo novo e conhecer mais sobre a própria cidade, definindo a sua atuação com o termo lazer criativo, ou seja, o lazer aliado ao aprendizado. As opções vão desde um jantar-degustação de pratos trufados, acompanhado por uma aula sobre como se tornaram uma iguaria tão cara à alta gastronomia, até uma sessão de ioga ou de meditação.

Apesar da sua formação em escolas financeiras, ou justamente por isso, Adriana não faz contas desnecessárias, que poderiam desmotivar seus planos. “Se descobrisse que era inviável, faria do mesmo jeito”, afirma. O importante, segundo ela, é ser flexível para fazer os ajustes necessários. “Todos os dias aprendemos coisas novas. Ainda acho que o Sabiar está engatinhando em relação ao que pode se tornar”.

O sentido da iniciativa – levar cultura, conhecimento e diversão para as pessoas, para ajudá-las a criar uma vida mais interessante – mostra que o impacto social não se dá somente em suas formas tradicionais. Como lembrou Ana Julia, da AbeLLha, se três anos atrás o potencial do empreendedorismo social colaborativo era subestimado, hoje as pessoas já sabem usar o poder de rede para conquistar novos patamares, confirmando a visão de que “a revolução acontece pelas pequenas coisas”.

Conheça duas experiências que são a cara da nova economia
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