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11.07.2016
Tempo de leitura: 4 minutos

Conheça o Movimento SP Invisível, que mobiliza o olhar para a situação de rua na cidade

Modelo de cidadania digital, a iniciativa conta as histórias de pessoas em situação de rua e busca sensibilizar quem por elas passa e não as vê.

Modelo de cidadania digital, a iniciativa traz histórias e fotografias a fim de sensibilizar quem passa pelas ruas e não enxerga quem ali vive.

Os relógios marcavam oscilantes 6° graus; o ar da boca, ao entrar em contato com o vento da cidade, formava uma espessa fumaça, nublando rostos, nublados também pela insensibilidade de quem por eles passa. O rosto de quem se amontoa em cobertores compartilhados, que há qualquer momento podem ser surrupiados, o rosto de quem não pode entrar no albergue porque deixaria os cachorros no relento. “Já vi muitos amigos morrerem de frio em 20 anos de rua”, é a legenda da foto de Emerson Chaves. Ele poderia passar invisível entre tantos moradores de rua em São Paulo, mas sua foto e história no Instagram do movimento SP Invisível tem mais de 2.200 curtidas.

“Invisível não é o cara que fotografamos no chão, ele nós vemos. Invisível é a história dele.” Foi inspirado no projeto de um amigo jornalista que o estudante de jornalismo Vinícius Martins deu início ao movimento SP Invisível, em 2014. A plataforma nasce como um espelho de narrativas de quem chama as calçadas e ruas de lar, ou quem nelas trabalha. Em duplas de alguém que escreve e fotografa, os voluntários do movimento acordam cedo e na luz alaranjada das manhãs de domingo sentam em bancos de praça e na beira das calçadas para registrar histórias como as de Emerson.

Engana-se quem pensa que os moradores são hostis como a cidade onde perambulam. Em suas andanças por São Paulo, Vinícius conheceu pessoas calorosas e dispostas a dividir suas histórias ou bater um papo que sempre acontece de maneira horizontal – é uma troca de saberes, nunca uma entrevista. “É o Vinícius conversando com o João. Eu aprendo bastante com ele, ele aprende bastante comigo e os dois saem de lá muito preenchidos”, relata o estudante. Todos os moradores autorizaram seu uso de imagem, e os que não, fica a memória da conversa, que por si já é gratificante.

Pensar o invisível urbano não é necessariamente pensar somente sobre seus moradores, mas outros habitantes que são igualmente ignorados. O SP Invisível tem histórias de imigrantes haitianos e artistas de rua, além de séries especiais sobre moradores que enfrentam o inverno ou crianças de bairros periféricos. O não visto anda de mãos dadas com o que está à margem da cobertura midiática ou da atenção pública, e por estranho que soe, ainda é necessário humanizar o humano para que essas histórias provoquem reações nas pessoas.

Divulgar as histórias deles é também revelar a fragilidade das políticas públicas que os atendem, e quão pequena é a participação desses moradores em sua formação – há um movimento de domesticação do morador, não de escuta. “A rua, como mostramos, é muito plural. Cada um de seus habitantes tem um problema e precisa de respostas múltiplas. Você não consegue colocar no mesmo albergue uma mulher que está grávida e um usuário de crack. O albergue não recebe o cachorro, não deixa o morador levar a carroça. Tem várias questões que o fazem não procurar abrigo”, detalha Vinícius.

Ainda que haja ações reais, como parcerias com ONGs para levar roupas e cobertores para os moradores, a força do movimento reside em sua potência como exemplo de cidadania digital Divulgando as histórias em canais de grande alcance como Facebook ou o Instagram, o SP Invisível sensibiliza o espectador, e Vinícius se recorda de vários relatos que provam o quanto ele impacta as pessoas, como famílias que já encontraram algum ente desaparecido por meio do canal.

“Hoje vivemos conectados e nas telas, mas a vida real é encostar, abraçar e encontrar. O SP Invisível serve para o despertar, e é esse também o poder da internet, o despertar de uma consciência digital para uma consequência real”, conclui Vinícius. O movimento que começou pequeno em São Paulo hoje se espalha para outras cidades do país, onde voluntários se dispõem a conhecer realidades das ruas úmidas de Manaus ou ladeiras de Salvador. O combate à invisibilidade pode começar aos olhos, mas estende-se a todos os sentidos e principalmente, nos da escuta e da fala.


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