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Conheça a história da cadete da 42 São Paulo, Paula Hemsi, que sempre trabalhou com artes cênicas, mas agora está se aventurando pelo mundo da tecnologia.

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cadete da 42 São Paulo, Paula Hemsi

Paula Hemsi é paulistana, tem 34 anos e desde que se formou em teatro na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), vive de artes cênicas com a Cia Ultravioleta. Ela, que sempre trabalhou com iluminação, atuação e direção, é apaixonada por arte e criatividade, mas também por lógica.

A artista acredita que o teatro e a programação se complementam e não são duas áreas opostas. Ela aprendeu, trabalhando com circo e teatro de rua, a ser mais resiliente, persistente e criativa. Hoje, aplica estas competências na 42 São Paulo e busca onde melhor se encaixa no mundo da tecnologia.

Conheça um pouco mais sobre a cadete.

 

Conte um pouco sobre sua história.

Eu sempre fui uma pessoa introvertida. Gostava também de ler livros de investigação, como Agatha Christie. Acho que, em algum lugar, isso tem muito a ver com programação, né?

Aos 10 anos minha mãe ficou preocupada de eu ser tão tímida e me colocou em um curso amador de teatro e lá fiquei. Me apaixonei pelo teatro e me envolvi completamente. Eu atuava, fazia iluminação, ajudava no cenário, na bilheteria. Mais do que o resultado final da peça, eu gostava dos processos criativos, do que acontecia até chegar lá.

Assim que saí da faculdade montei a minha companhia de teatro e vivi disso desde então. Há algum tempo, eu comecei a ficar cansada com algumas coisas, como não saber quanto você vai ganhar no final do mês. A desvalorização da arte também é bem complicada. Como eu já gostava de matemática e lógica, uma amiga que teve contato com a 42 São Paulo me indicou. “Dá uma olhada, é a sua cara, você vai adorar”, ela comentou.

Abri o site e realmente fiquei encantada com o teste de jogos e nem vi passar as horas. Depois eu fui atrás do que era a 42 e do que era a programação. Até então na minha vida eu não sabia que programação existia, nem o que era, mas fiquei apaixonada.

Eu fiquei preocupada se eu ia gostar, porque eu vinha de uma área bastante visual, né? Mas quando eu cheguei no Basecamp (fase do processo de seleção realizado remotamente) eu achei mais legal ainda! E agora eu estou aqui, transitando do teatro para a tecnologia.

 

Por que escolheu participar da 42 SP? 

O que me conectou com a 42 foi a parte da lógica, da investigação. Eu sou daquelas pessoas que não se incomoda que dá bug no código porque eu gosto do momento de investigar para achar o erro.

Em algum momento da minha vida no teatro a tecnologia começou a ficar muito presente, porque a gente começou a juntar a nossa pesquisa de arte popular com coisas mais contemporâneas.

Depois de ter feito os testes e ler sobre a 42, eu já estava estudando sozinha, então achei o fato de não ter professores, fazer o seu horário, ser gratuita, tudo isso encantador. Além disso, tinha o jeito que as pessoas falavam da 42: os pilares da honestidade, a relação das pessoas lá dentro. Tudo isso me pegou.

 

Quais foram suas impressões durante a fase do Basecamp

Eu fiquei preocupada porque eu passei de forma não presencial e foi diferente, mas foi uma experiência tão intensa quanto. Conheci um monte de gente que no dia a dia não conheceria, e ainda, vivendo uma situação de extremo aprendizado. Criamos conexões muito verdadeiras e muito bonitas. Houve momentos de bate-papo em que falávamos coisas filosóficas e profundas, não necessariamente sobre programação. Sobre quem somos e como nos colocamos no mundo.

 

A diversidade e colaboração entre os cadetes fazem parte dos valores da 42 SP. Como você percebe isso no dia a dia? Há alguma experiência que gostaria de relatar? 

Para mim esses momentos eram muito especiais. Você estava lá fritando a cabeça com um código, mas aí você entrava em uma sala do Discord (ferramenta do Basecamp de conversa entre os participantes) e estava rolando um papo super profundo, as pessoas se abrindo completamente com quem conheciam há uma ou duas semanas. A 42 cria este ambiente seguro.

No primeiro encontro do Basecamp eles mostraram alguns slides e um deles foi “a 42 não é para você, é com você”. A 42 SP consegue deixar muito claro quais são os valores que acontecem no processo e por isso permite esta troca intensa. Nós compartilhamos conhecimentos, mas também experiências de vida e visão de mundo. É tudo muito intenso e foi uma baita experiência.

 

O que diferencia esse lugar dos outros que já frequentou? 

Eu venho do teatro de grupo e uma das nossas bases era a honestidade nas relações. A 42 SP tem isso também. Há esta semelhança de onde eu vim e que legal que uma instituição deste tamanho consegue ter essa abertura e essa relação honesta com quem está presente.

Eles ouvem quem está lá fazendo, sabe? Tá tudo bem errar. Isso dos dois lados. Tá tudo bem a gente errar, mas tá tudo bem eles errarem também. A gente tá sempre errando na vida, pois é errando que se aprende. Esta abertura ao erro, que está tão presente no teatro, também está na 42 SP.

 

Qual seu maior aprendizado até o momento? 

São muitos! De aprendizados técnicos nem se fala. Eu olho para onde eu estava em fevereiro e onde eu estou agora e penso: nossa, como eu posso aprender tanto em tão pouco tempo? Mas talvez o meu maior aprendizado seja aprender a aprender.

Eu percebi que as coisas muito passivas de aprendizado não funcionam para mim. Para eu aprender preciso estar procurando, pesquisando, fazendo. Precisa existir um movimento ativo meu. Eu aprendi isso com a 42 SP, antes eu não sabia. Saber como a gente aprende é fundamental na vida.

 

Como sua história de vida e características colaboraram com a sua trajetória na 42? 

O teatro tem muito do trabalho de equipe, o tempo inteiro eu interajo com as pessoas. Eu aprendi muito mais a lidar com os outros. Outra coisa que eu aprendi foi sobre improviso: não só o improviso em cena, mas também nos bastidores. O jogo de cintura para lidar com as situações difíceis é algo que acontece o tempo todo com os códigos.

Para trabalhar com teatro, e principalmente teatro de rua, você precisa ser bastante resiliente. Mas para trabalhar com o código também! Você também precisa de persistência e criatividade. Programar é algo extremamente criativo. A programação me juntou duas coisas: a criatividade e a lógica. Você cria do zero como vai resolver um problema.

A gente conversa entre os cadetes como essa coisa de ser de “humanas ou ser de exatas” nos reduz muito, né? Uma pessoa que veio do teatro não seria capaz de fazer programação e já se coloca uma barreira. Só que não tem nada a ver! É complementar. Que legal que uma pessoa de humanas está aprendendo programação.

 

Você poderia dar algumas sugestões de filmes/séries, livros e podcasts que consome no dia a dia? 

Tem duas séries que eu gosto muito. A primeira é GDLK. É uma série documental bem curtinha sobre games. É muito legal e tem bastante senso de humor. Ele conta sobre o início do videogame. A segunda é Aggretsuko, um desenho japonês que conta a história de uma menina comum que trabalha com contabilidade, mas que desconta as frustrações cantando metal no karaokê.

De podcast o que eu mais tenho ouvido é o Foro de Teresina da revista Piauí para me inteirar das notícias. Tem um livro que eu gosto muito que é a Elegância do Ouriço de Muriel Barbery. É a história de uma zeladora de um apartamento chique em Paris e uma criança que mora em um desses apartamentos. É bem lindo!

 

Além da 42 SP e da sua atuação profissional, você tem algum projeto pessoal ou algo que costume fazer nas horas vagas? 

Ultimamente está difícil ter horas vagas (risos), mas eu gosto muito de desenhar. Eu tenho tentado explorar também a programação criativa, que é fazer arte com a programação. Tenho tentado estudar em paralelo, sempre que possível, um pouco desta linha da programação visual e artística.

Eu gosto muito de viajar, mas agora infelizmente não está sendo possível. Uma coisa que me chama a atenção na programação é a possibilidade de estar em vários lugares. Você pode estar em uma casa no meio do mato, ou em outro país, trabalhando remoto. O teatro prende muito. Eu queria ter mais mobilidade na vida e a programação permite isto.

 

Quais dicas daria para quem quer se inscrever na 42 SP? 

Minha dica para quem está querendo passar pelo processo de seleção da 42 São Paulo é: não pensem no resultado, curtam a caminhada, ela por si só vale muito a pena. Estando inteiros e abertos para a experiência do processo, o resultado vai ser bom, seja ele qual for. O aprendizado técnico e humano desse período vale todo um ano, então aproveitem!

Dos palcos para a programação: “talvez o meu maior aprendizado seja aprender a aprender”
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