A utilização de tecnologia em sala de aula já é uma realidade, mas, para entender melhor suas consequências, entrevistamos o Professor Doutor Edson Viana.
Doutor em Jogos Digitais e Internet comenta uso de tecnologia em sala de aula.
A utilização de recursos tecnológicos nas salas de aula já é uma realidade. Para entender melhor esse fenômeno, entrevistamos o Professor Doutor do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária Claudemir Edson Viana, que possui 16 anos de experiência em projetos de educomunicação e cibercultura.
Nesse bate papo ele mostra os aspectos positivos dessa transformação, além de dar dicas de como educadores podem se apropriar dessas tecnologias em favor do aprendizado. Acompanhe:
Quais são os aspectos positivos do uso de redes sociais, blogs e jogos digitais na sala de aula?
As possibilidades de trabalho educativo que o uso destas tecnologias pode agregar ao trabalho do professor e da escola, desde que os artefatos tecnológicos não sejam só o fim do processo de aprendizagem, mas também o meio contemporâneo de se aprender nos contextos formais de ensino. Eles favorecem o diálogo mais horizontal entre educadores e educandos, e da comunidade escolar com a externa a ela. Os educadores podem aproveitar o interesse dos alunos e a habilidade no uso destas tecnologias para atender a intenção pedagógica que existe nas práticas educativas onde tais recursos são aplicados.
Há melhora de aprendizagem contínua? Como?
Não há como garantir que a possível melhora da aprendizagem tenha se dado só pelo fato de ter sido incluída uma determinada tecnologia, mesmo que ela seja inovadora. É preciso considerar outras variáveis que não só as tecnologias, sendo as mais importantes as que dizem respeito à proposta pedagógica da escola, às práticas de gestão do conhecimento e dos processos de ensino-aprendizagem praticados pela escola, e, sobretudo, do papel assumido pelos alunos nos processos de aprendizagem.
Como o professor pode se apropriar desses recursos para ensinar?
Através de experimentações, observando e aprendendo com seus pares que já o fazem, com o estímulo e orientação pedagógica por parte da escola ou de instâncias de gestão que devem promover políticas de formação continuada.
Como aplicar a tecnologia para melhorar a gestão educacional?
Aproveitando os recursos que as tecnologias oferecem para agilizar processos, ampliar participações e trocas entre os educadores, entre si e com diferentes sujeitos sociais. Ao lado da eficiência nos processos, a gestão educacional pode ganhar com a exploração de recursos tecnológicos se o modelo favorecido for o da gestão participativa e da avaliação formativa que requerem a constante reflexão crítica sobre as práticas exercidas, de modo a garantir condições para constantes melhorias.
O aluno que aprende provido dessas tecnologias na escola tem vantagens sobre o que aprende de forma convencional e só usa a internet e joga em outro ambiente?
Sim, em princípio, pois o fato de se ter as tecnologias aplicadas aos processos formais de educação não garante vantagens em relação aos que as utilizam de modo livre e espontâneo. Se o uso pelos educadores for para reforçar um modelo centralizador e autoritário da relação entre o educador e seus educandos, a aprendizagem com as tecnologias não terá sido vantajoso se comparado com os possíveis usos que crianças e jovens podem vir a fazer das tecnologias digitais em outros contextos, como o familiar e entre seus colegas.
Quais são os maiores obstáculos para que as escolas incorporem as tecnologias no dia a dia?
Condições profissionais da maioria dos educadores que, quando muito, utilizam as tecnologias em seu dia a dia para satisfazer suas necessidades pessoais e não conseguem vislumbrar as possíveis aplicações pedagógicas destes mesmos recursos. Em boa parte, isto se deve ao fato de não terem sido preparados para este uso profissional, mas também devido à dificuldade que encontra em seu contexto de trabalho como a rígida estrutura curricular; a limitação técnica como capacidade limitada de acesso à internet na maioria das escolas, sobretudo as públicas; ausência de políticas educacionais favoráveis às práticas inovadoras de ensino e aprendizagem.