Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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30.03.2016
Tempo de leitura: 4 minutos

Empreendedorismo cultural une sensibilidade à economia criativa e conquista espaço no país

Saiba mais sobre o conceito e as possibilidades de crescimento da área, que delicado capital humano e o que sua sensibilidade produz.

No espaço Assum, em São Paulo, artistas experimentais suas músicas e performances.

Saiba mais sobre o conceito e as possibilidades de crescimento da área.

A maior parte dos empreendedores trabalha com a comercialização de produtos físicos. É o que acontece quando uma startup cria um dispositivo digital ou quando uma loja é aberta para vender artesanato local. E quando o produto final do empreendedor é uma experiência e seus resultados não são medidos em vendas ou downloads – mas, sim, por meio de sensações causadas por um espetáculo musical ou por uma oficina que ensine a costurar? O empreendedorismo cultural trabalha com o delicado capital humano e o que sua sensibilidade produz.

“Entendemos o empreendedorismo cultural como todas as mobilizações, organizações e dinâmicas que têm a cultura como foco de inovação e desenvolvimento. A cultura entra como objeto central da prática empreendedora”, explica a especialista em gestão cultural Maria Amélia Jundurian. Ela é coautora do artigo Empreendedorismo Cultural: Construindo uma Agenda Integrada de Pesquisa, ponto de partida para a produção de material de pesquisa sobre empreendedorismo nesta área.

O empreendedorismo cultural tem como moeda as experiências simbólicas que surgem de suas iniciativas. Maria Amélia exemplifica: o capital que nasce de um espetáculo musical vem tanto da expectativa de que ele aconteça quanto das sensações que causa depois de terminado. Ela relembra a bem-sucedida exposição Terra Comunal, sobre a artista Marina Abramovic, que aconteceu no SESC Pompeia, em São Paulo. Aliando um registro histórico de suas viscerais performances com oficinas, a mostra teve um público de sucesso: foram 105.632 visitantes.

A artista plástica Julia Malta experimenta as dificuldades e os prazeres de trabalhar como empreendedora cultural há dois anos, quando abriu o Assum Espaço Criativo na Vila Madalena (SP). A ideia era ter um local onde artistas pudessem se encontrar e trocar experiências, além de apresentar seus trabalhos. Como ela não cobrava dos artistas com quem trabalhava e ainda não podia tentar editais, ela experimentou os percalços de uma área frágil em financiamento.

Para dar continuidade ao projeto, ela apostou no financiamento coletivo e nos projetos que viabilizassem a independência econômica do local, como leilões de arte. Isso possibilitou que ele continuasse a crescer e a receber novos projetos, se posicionando no cenário cultural da cidade: “Eu diria que o Assum passou de um sonho ideológico para uma realidade viável, que reinventamos a cada projeto, dentro de um sistema financeiro nada favorável à cultura. Não é fácil trabalhar com a área, por isso ainda acredito que só ficam aqueles que têm um ideal muito importante a ser seguido”.

Maria Amélia Jundurian afirma que a dificuldade de financiamento provém, em grande parte, da condição imaterial do negócio. “O recurso disponível é muito escasso, então o empreendedor busca um edital público ou a Lei Rouanet. Ele tem restrições para conseguir o dinheiro, enquanto um empreendedor comum pode procurar em qualquer lugar.”. A professora também aponta que, para trabalhar com cultura, o empreendedor costuma manter vários projetos ao mesmo tempo, construindo por meio deles uma rede forte de contatos e conexões.

Outro conflito frequente que Maria Amélia assinala é a tensão existente entre arte/mercado, setores com dinâmicas distintas. Para se adequar ao mercado que vai sustentá-lo, o artista tem que encontrar um equilíbrio entre produzir o que ama e também o que é consumível. “Ele não pode negar o mercado, e tem que entendê-lo para propor sua narrativa”, diz.
Para dar continuidade aos trabalhos desenvolvidos no espaço Assum, Julia também teve de procurar o equilíbrio – e garante que é possível: “Os empreendedores culturais, em muitos casos, artistas, precisam se libertar da associação romântica entre não conseguir se sustentar financeiramente e seguir em nome de uma ideologia. Em nenhum momento sugiro que se livrem da ideologia, apenas que sejam criativos como são, a fim de alcançar a sustentabilidade”.

E a fórmula tem dado certo. Seja recebendo artistas experimentais que apresentam suas músicas ou performances para um público intimo, ou endossando ações de resgate cultural, como as oficinas do projeto Contos Africanos em Movimento, o Assum Espaço Criativo é um case de sucesso. Para popularizar as iniciativas de empreendedorismo cultural, é necessário que cada vez mais artistas empreendam e invistam o seu tempo em vender sua arte pelo valor mais precioso: a sensibilidade de tocar o público.


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