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29.06.2015
Tempo de leitura: 4 minutos

Empreendedorismo e ação como ferramentas de ensino: FGV vai até Heliópolis

Conheça a iniciativa da FGV-EASP de envolvimento no cotidiano de jovens empreendedores da comunidade de Heliópolis.

Empreendedorismo e ação como ferramentas de ensino

O educador Lauro de Oliveira Lima disse em seu livro Escola do Futuro: “Classe não é auditório para alunos e tribuna para o professor. É oficina em que se pensa, debate, manipula e constrói”. A educação deve expor os alunos às realidades que eles enfrentam e enfrentarão fora de ambientes pedagógicos. Se no ensino fundamental e médio experiências educacionais fora da sala de aula mostram-se positivas, aplicá-las no ensino universitário também é necessário. O mercado de trabalho acolhe o profissional que experimentou e vivenciou.
O doutor em administração de empresas e professor de marketing da FGV-EASP, Edgard Barki,tinha a preocupação de que os métodos convencionais de ensino de um curso de administração e de marketing não expusessem os universitários aos desafios fora da teoria. Também se questionava como fazer com que eles se interessassem por negócios de impacto social e transformadores de realidade. Criou então, em 2013, a disciplina eletiva Negócios de Impacto Social.
“Uma das questões mais relevantes para mim é como você mobiliza pessoas e faz com que elas tenham um propósito diferenciado.A ideia da disciplina foi trabalhar, mais que o conteúdo, a experiência de uma realidade diferente e de mecanismos de mercado”, conta o professor. A matéria consistia em estudantes da FGV-EASP se envolvendo com o cotidiano de jovens empreendedores da comunidade de Heliópolis. Nesse trabalho de campo, eles elaboravam planos de negócios e aplicavam estratégias de como atrair clientes e aumentar o lucro, entre outras consultorias. A iniciativa contou com a parceria do Projeto Coletivo Coca-Cola e a organização Artemisia.
Edgard entendeque a experiência não só beneficia profissionalmente seus alunos, como também os empreendedores da periferia: “O jovem de Heliópolis tem a oportunidade de trabalhar com pessoas que possuem outra perspectiva e também se capacita para desenvolver um projeto pleno. Ao fim da semana de trabalho, ele também apresenta, junto com a equipe da FGV, os resultados da ação para diretores de empresas parceiras. Isso fica marcado como uma grande experiência profissional.”
Os projetos da disciplina não se limitam à consultoria de micro e pequenos negócios. Nas últimas edições, outras formas de desenvolvimento e planejamento foram aplicadas. No primeiro semestre de 2015, Edgard fez uma parceira com a Fábrica de Aplicativos e propôs um desafio: os jovens teriam quatro dias para desenvolver um app de celular que tivesse algum impacto na comunidade da Heliópolis. Eles criaram um sobre a violência contra a mulher, outro sobre compra e venda na região e também um guia de eventos culturais. Por fim, eles apresentaram seus projetos finalizados para empresas como Avon e Itaú.
A aluna do curso de administração de empresas da FGV-EASP, Laís Ceni Lopes, participou da criação dos aplicativos e conta um pouco da experiência: “O contato com os jovens de Heliópolis foi realmente o maior aprendizado, pois pudemos entender a comunidade com os olhares deles e não com um olhar “turista” e enviesado. Exploramos a comunidade, conversamos com comerciantes, jovens que desenvolvem projetos sociais, artistas, pessoas que trabalham em ONGs, bibliotecas, escolas – todos com um propósito e uma visão diferente para agregar ao nosso projeto”. Ela também pontuou que foi muito gratificante a resposta da UNAS, União de Moradores de Heliópolis, que se alegrou com a universalização de informações e conteúdos importantes para a comunidade.
Os intercâmbios entre a ação da universidade e interação com problemas reais são parte das mutações que Edgard acredita serem inevitáveis quando se transporta uma aula para além dos ambientes escolares. Hoje, a iniciativa também atinge outros bairros periféricos, como Paraisópolis, aumentando as possibilidades de conexão. “Quando você mexe com a emoção, você é capaz de trabalhar com questões mais profundas, que realmente mudam perspectivas. Eu poderia ter uma disciplina que passasse conteúdo dentro da sala de aula, também é válido. Mas do modo como fazemos, você realmente consegue perceber a transformação.”


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