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Conheça a história da educadora que revoluciono o ensino local após conhecer a Plataforma de Escolas Rurais Conectadas.

Entusiasta da tecnologia e da educação integral, Elisangela Rabelo usa a Plataforma de Escolas Rurais Conectadas para se inspirar

Sentada em frente ao computador, numa mesa repleta de cadernos e pastas coloridas, Elisangela Rabelo, de 37 anos, trabalha como coordenadora de educação em tempo integral no Centro de Formação e Atendimento Educacional Especializado (CFAEE), da prefeitura de São Sebastião do Paraíso. A cidade, localizada no Sul de Minas Gerais, fica a 400 quilômetros de Belo Horizonte.

Adepta das novas tecnologias, Elisangela está sempre conectada à internet. A distância, fez faculdade de Pedagogia e o primeiro curso de pós-graduação na área. Descobriu, no ano passado, a Plataforma de Escolas Rurais Conectadas, da Fundação Telefônica Vivo, na qual aparece entre os dez cursistas mais ativos da rede. E não pretende parar por aí.

“Vejo nos cursos online uma possiblidade de integração entre o campo e a cidade, entre o que pode ser longe e o que pode estar perto, coisas que não tínhamos há poucos anos. É preciso disciplina e interesse. São oportunidades que podem nos levar longe”, diz a educadora.

A cada 15 dias, ela se reúne com os professores do município para conversar sobre os planos pedagógicos e a importância da tecnologia em sala de aula. A atenção é especial com os educadores do campo – são quatro as escolas rurais da região, todas com equipamentos e conexão 3G.

As atualizações são registradas nas redes sociais. É possível acompanhar debates sobre a área educacional em sua página no Facebook, no blog criado em conjunto com a antiga turma de alunos ou nos grupos administrados por ela. Segundo Elisangela, o objetivo de cada um dos canais vai além de divulgar as atividades desenvolvidas: pretende-se promover interação entre alunos e professores, para que a própria comunidade seja ouvida. “Quanto mais acesso à informação, melhor”, assegura.

Aluna conectada

Graças às redes sociais, Elisangela descobriu a plataforma. Não demorou a incentivar a participação da turma. “É encantador saber que há um site exclusivo dedicado ao educador do campo, com tantas possibilidades que são facilmente aplicadas em sala de aula”, conta Elisangela.

Recém-formada na oficina “Produção Textual na Cultura Digital”, ela vê no efeito multiplicador o segredo para integrar os educadores da cidade. Não foi difícil transferir para o papel o que aprendeu na oficina. “Acabo de ajudar a criar a capa de um livro com a ideia da nuvem de palavras, que descobri no curso. Soube também que meus colegas têm feito atividades de escrita coletiva, algo que também aprimorei por meio do Escolas Rurais. O próximo curso já está decidido: será o de ‘Quadrinhos Digitais’”, diz, entusiasmada.

https://youtube.com/watch?v=8HyO7BYii8k%3Ffeature%3Doembed

Encurtando distâncias

Mãe de Luiz Fernando e Ana Elisa, de 13 e 11 anos, respectivamente, ambos estudantes da rede pública, Elisangela contou com a ajuda do marido, Dielson, para criar seu cantinho de estudos. “Estudar a distância requer muita disciplina com os horários. É preciso ter garra”, ensina a professora.

O Centro de Formação no qual Elisangela trabalha desde 2014, a convite da secretária de Educação, Regina Penha Pimenta, é também composto pelo Núcleo de Tecnologia Municipal, um espaço de incentivo à informática e apoio multimídia, como a criação de apresentações em Power Point e oficinas de DataShow. “Sinto bastante falta de dar aula para a criançada, mas é recompensador ver a evolução dos professores no que se refere à tecnologia, incentivá-los a criar quizzes, pensar em blogs, compartilhar informação, ir além de digitar as provas que serão aplicadas”, diz.

Para Elisangela, a tecnologia possibilita aos educadores do campo as mesmas oportunidades de quem leciona nas áreas urbanas. E ela fala com o conhecimento de quem já vivenciou as duas realidades.

De volta às raízes

Alfabetizada em uma escola rural, Elisangela conserva o sorriso de menina, mas fica com a voz embargada ao se lembrar da infância. De segunda a sexta-feira, com chuva forte ou sob o sol escaldante, ela caminhava diariamente por uma hora, do sítio onde morava até a escola, localizada na Zona Rural de Itamogi, município mineiro de 10 mil habitantes. O percurso de volta para casa durava o mesmo tempo.
Filha de Maria Luzia e José Roberto, pequenos agricultores que vendiam na cidade o café colhido, Elisangela sempre teve o incentivo dos pais para estudar. Tamanha era sua vontade de aprender que, aos 6 anos, gostava de ver a tia, Claudia, à época com 9, ao lado de outras crianças em uma classe multisseriada.

Os olhos negros de Elisangela se encantavam com a lousa, o giz, os lápis coloridos e a didática do professor, que cuidava até dos lanches distribuídos aos alunos. “No ano seguinte, quando minha mãe foi fazer a matrícula, eu já estava preparada para o 1º ano, não precisei cursar a pré-escola. De alguma maneira, fui aluna-ouvinte, né?”, brinca.
Justamente por ter vivido a educação no campo, Elisangela conhece as dificuldades que professores e estudantes têm de superar. A escola na qual estudou não existe desde 1996, quando foram construídas duas unidades no centro da cidade e o transporte público passou a ser oferecido às crianças da região rural.

Depois de fazer Magistério, também em Itamogi, prestou concurso público. Em 2002, assumiu, como recompensa pelo primeiro lugar, o posto de alfabetizadora em São Sebastião do Paraíso, a 15 minutos de sua cidade natal, onde vive até hoje.

As primeiras turmas tinham, em média, 32 alunos. Algumas histórias marcaram a carreira de Elisangela, como a do garoto Alessandro Silveira, então aos 8 anos. Em uma aula, ela apresentou à classe uma encadernação com atividades que propunham desafios, jogos e gincanas de Matemática. “Professora, isso é um superprojeto!”, exclamou Alessandro. A publicação foi inscrita em um concurso, no qual Elisangela também ganhou o primeiro lugar. Como prêmio, 80 exemplares do livreto de 40 páginas, ainda utilizado como material de referência, foram impressos.

Outras criações vieram, entre elas o “Dicionário do Trânsito” e a revista “Trânsito e Tecnologias: Eu Divirto, Eu Aprendo”, almanaque patrocinado pela Concessionária Nascentes das Gerais que reúne os direitos dos ciclistas, pedestres e motoristas. O primeiro lugar no pódio em um concurso lhe rendeu um tablet e sete computadores para o laboratório de informática da Escola Municipal Interventor Noraldino Lima. Nessa sala de informática, alunos do 4o ano elaboraram um jornalzinho da escola por meio do editor de textos e as ferramentas de pesquisa.

Tecla da insistência

Atualmente, há 5.210 alunos matriculados em São Sebastião do Paraíso – 1.007 deles residem na Zona Rural. “De uns anos para cá, vem diminuindo a resistência dos professores que não estavam acostumados a lidar com a tecnologia. Isso é bastante importante”, diz a professora.

Elisangela acredita que só a educação é capaz de oferecer as mesmas oportunidades a todos. Para isso, diz ela, é preciso que o educador pouco habituado ao mundo virtual aperte a tecla da insistência. “Há muitos meninos nas classes que sabem muito mais do que a gente. Que tal sermos humildes e também aprendermos com eles?”, ensina.

Entusiasta da tecnologia e da educação integral, Elisangela Rabelo usa a Plataforma de Escolas Rurais Conectadas para se inspirar
Entusiasta da tecnologia e da educação integral, Elisangela Rabelo usa a Plataforma de Escolas Rurais Conectadas para se inspirar