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19.02.2018
Tempo de leitura: 5 minutos

Escola de SP quer lançar novo satélite ao espaço

Projeto Ubatuba Sat, que colocou em órbita o primeiro satélite já desenvolvido com estudantes de ensino fundamental, busca outra façanha

Projeto Ubatuba Sat, que colocou em órbita o primeiro satélite já desenvolvido com estudantes de ensino fundamental, busca outra façanha

Em 2010, o professor de física Cândido Osvaldo de Moura lia uma revista quando se deparou com um anúncio que chamou sua atenção: uma empresa americana não só vendia um kit para qualquer um montar seu satélite, como prometia lançá-lo ao espaço para o comprador.

Entusiasmado com a ideia, o educador buscou uma parceria com pesquisadores, conseguiu uma unidade para a Escola Municipal Presidente Tancredo Neves, no litoral de São Paulo e, sete anos depois, em janeiro de 2017, entrou para a história com a primeira turma de estudantes de ensino fundamental do mundo a participar do desenvolvimento de um satélite colocado em órbita.

O projeto, chamado Ubatuba Sat, referência à cidade onde fica a escola, Ubatuba, ficou mundialmente conhecido após o feito, inédito também por tratar-se do primeiro satélite 100% brasileiro a funcionar no espaço, segundo o professor.

Projeto Ubatuba Sat, do litoral de SP, colocou em órbita o primeiro satélite já desenvolvido com estudantes de ensino fundamentalEm fevereiro, mês em que Cândido completa 35 anos na Tancredo Neves, outro passo importante será dado nessa jornada: a construção do Tancredo II, também com a participação dos alunos.

Os componentes do novo equipamento, vindos dos Estados Unidos, já chegaram ao Brasil. E são o ponto de partida para a missão, ainda mais ousada: montar um satélite com tecnologias nunca antes desenvolvidas pelo Brasil, capaz de analisar raios e tempestades e tirar da gaveta experiências que só podem ser feitas no espaço.

“Se antes tínhamos construído um Fusca, agora vamos fazer uma Lamborghini”, brinca Cândido, que hoje fala com desenvoltura sobre o tema. Físico de formação, em 2017 concluiu um mestrado em engenharia espacial, defendendo que um satélite de pequeno porte pode carregar os equipamentos a serem levados no segundo lançamento, previsto para 2020.

O início da Odisseia

Quando começou, há quase 8 anos, o Ubatuba Sat contava com a participação de três turmas do 6º ano (antiga 5ª série) – hoje, todos os alunos podem participar de algumas das diversas atividades oferecidas no contraturno escolar, seja colocando a mão na massa, seja assistindo a uma palestra, por exemplo.

Um projeto dessa complexidade só foi possível por causa do apoio técnico e financeiro do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Agência Espacial Brasileira (AEB). A parceria permitiu aos professores envolvidos aprenderem junto com os estudantes. Quando se deram conta, eles estavam trabalhando lado a lado com os melhores pesquisadores do país, criando circuitos eletrônicos, programando e aprendendo conceitos científicos sofisticados.

O importante é desenvolver no aluno a noção de que ele pode fazer coisas que não acharia que é capaz. Despertar a vontade de estudar e quebrar o mito da ciência, para que ela não seja esse bicho papão que é na escola brasileira”, diz o professor Cândido.

Aprendizado

Antes de entrar em órbita, a 400 km de altitude, o Tancredo I já havia gerado uma série de oportunidades. Aqueles que participaram mais ativamente do Ubatuba Sat, por exemplo, puderam visitar instalações da Nasa e da Interorbital Systems, empresa que vendeu o kit base do satélite, ambas em Pasadena, nos EUA.

No Brasil, assistiram a palestras de Marcos Pontes, primeiro astronauta brasileiro, do ex-diretor da agência espacial americana, Charles Bolden Jr, e de outros cientistas.

Em 2013, após escrever um artigo relatando as experiências do Ubatuba Sat, uma delegação da escola foi aceita no maior congresso de tecnologia espacial do Japão, em Nagoya. Muitos dos 12 alunos, que cruzaram o mundo para falar do espaço, nunca tinham viajado de avião, episódio retratado em um documentário.

“Colocar vários níveis de ensino trabalhando no mesmo projeto, do ensino fundamental ao doutorado, possivelmente é uma coisa inédita. No Brasil existe um verdadeiro muro entre cada uma dessas etapas, que a gente derrubou.”
Cândido Osvaldo de Moura, idealizador do Ubatuba Sat

Legado

Projeto Ubatuba Sat, do litoral de SP, colocou em órbita o primeiro satélite já desenvolvido com estudantes de ensino fundamental

O satélite Tancredo I cabe na palma da mão e pesa cerca de um quilo. Ficou em órbita entre janeiro e outubro de 2017 – uma passagem rápida, já que as “vagas” no espaço são disputadas. Ele foi equipado com funcionalidades como um rádio, usado para transmitir mensagens gravadas por alunos, e um equipamento que media interferências de fenômenos espaciais em instrumentos de telecomunicação.

O lançamento do Tancredo I foi pago pela Agência Espacial Brasileira, que comprou um voo em um foguete da agência japonesa, a JAXA. A Interorbital, que vendeu o kit, não conseguiu dar conta dessa etapa. Considerando testes e desenvolvimento, o custo para lançar o Tancredo II pode superar R$ 1 milhão.

Além das conquistas científicas, o desenvolvimento do Tancredo I deixou como legado um curso técnico de informática de nível médio na escola, que incorpora à sua grade alguns conhecimentos só vistos na graduação. Os formandos fazem uma a duas semanas de intercâmbio nos EUA, outra herança do projeto, que estimulou quem passou por ele a seguir trilhando o caminho da ciência.

“Temos uma grande quantidade de ex-alunos em faculdades de física, matemática, engenharia. Alunos que, por seu perfil socioeconômico, não estariam nas universidades em que estão”, diz Cândido


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