Notícias

29.10.2015
Tempo de leitura: 3 minutos

Escolas de Ciclo Único

Entenda como funcionam as Escolas de Ciclo Único anunciadas pelo governo de SP e o motivo pelo qual tantos professores e alunos são contra

O anúncio do Secretário de Educação Herman Voorwald, feito em 23 de setembro deste ano, preocupou pais, professores e alunos. O plano do Governo Estadual de São Paulo é implantar o modelo de ciclo único nas escolas, em que haverá uma escola para cada ciclo de ensino. Desde o comunicado, setores têm se mobilizado contra a alteração, fazendo manifestações na rua e se organizando dentro de suas comunidades.

Mas o que significa um modelo de ciclo único? Segundo as palavras do Secretário, a medida reorganizará a distribuição dos estudantes em escolas que terão apenas um dos três períodos: a primeira parte do Fundamental, que vai do primeiro até o quinto ano; a segunda, que vai da sexta até a nona série; e por fim, o ensino médio. Os argumentos do governo para tanto é que a segregação permitirá um ambiente mais harmonioso de aprendizagem, além de preencher vagas ociosas.

Com essa mudança, mais de um milhão de alunos terão que se realocar. Maria Izabel Nogueira, diretora da APEOESP, relembra que a decisão já foi tomada no passado, em 1995, pela então secretária Rose Neubauer, e os resultados foram demissões de professores e transtorno para pais e alunos. “Foi uma decisão súbita, de um governo que ainda não aprendeu que se não houver debate com os professores, não existe proposta com êxito”.

Os docentes estão preocupados com relação ao acompanhamento feito durante o processo de aprendizagem de crianças e adolescentes. “Existe uma perda sobremaneira pedagógica. Eu, que já tive a oportunidade de lecionar, sei que, quando meu aluno passa de série e estou com ele, sei como trabalhar com ele, suas dificuldades, como vou planejar minhas aulas e cumprir o currículo. Quando separo os professores dos alunos, aquele vínculo de processo de aprendizado se perde”, explica Izabel.

Do ponto de vista dos estudantes, Maria Izabel acredita que aconteça uma imensa quebra de laço entre eles e sua escola. “A perda de afetividade e de identidade que o aluno tem com seu colégio é imensa. Ele será transferido para um lugar com o qual não tem conexão. É comprovado, quando você quebra um laço, e o jovem sente que aquela escola não é dele, a tendência é se voltar contra o patrimônio. Sem falar da evasão escolar”.

A Base Nacional Comum caminha para que transformações pedagógicas sejam integrais e interdisciplinares, e escolas se esforcem para criar projetos de múltiplas disciplinas e fazerem com que os ciclos se misturem, valorizando aprendizados entre gerações. “Esse projeto vai na contramão disso. É uma fragmentação e dá a entender que o conhecimento é uma caixinha e que nossa postura frente a ele tem que ser omnilateral”, finaliza a entrevistada.

Está prevista para 14 de novembro uma reunião de esclarecimentos para pais e professores. Até lá, ativistas pelos movimentos de educação, docentes e muitos alunos – que são grande parte dos manifestantes – prometem fazer barulho e lutar pelo não fechamento de suas escolas. Cabe agora acompanhar os desdobramento desse anúncio e suas consequências dentro das salas de aula.


Outras Notícias

Mês da Mulher: conheça três profissionais com trajetórias inspiradoras na tecnologia

25/03/2025

Mês da Mulher: conheça três profissionais com trajetórias inspiradoras na tecnologia

Numa área majoritariamente masculina, três vozes femininas detalham o caminho que escolheram para vencer os desafios profissionais, conquistar espaço e motivar mais mulheres

No Dia da Escola, saiba como a tecnologia pode promover uma educação mais inclusiva

14/03/2025

No Dia da Escola, saiba como a tecnologia pode promover uma educação mais inclusiva

Para o especialista Albino Szesz, infraestrutura, recursos, formação e mobilização são a base para uma educação que alia inovação e inclusão, tendo o professor como principal agente dessa transformação

Conheça 10 ferramentas de IA para apoiar educadores e estudantes

06/03/2025

Conheça 10 ferramentas de IA para apoiar educadores e estudantes

Diante de ampla oferta de plataformas, recursos e aplicações, especialistas indicam as ferramentas de IA mais adequadas e confiáveis para uso em sala de aula

O que é pensamento computacional e como aplicá-lo em sala de aula?

27/02/2025

O que é pensamento computacional e como aplicá-lo em sala de aula?

Presente na BNCC Computação, é um dos eixos que norteiam as diretrizes para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a resolução de problemas e a compreensão do mundo digital

O uso do celular como ferramenta pedagógica nas escolas

14/02/2025

O uso do celular como ferramenta pedagógica nas escolas

Alinhado aos objetivos educacionais, o aparelho pode ser um importante aliado nos processos de ensino e aprendizagem

Maratonas acadêmicas impulsionam o desenvolvimento dos estudantes em tecnologia

31/01/2025

Maratonas acadêmicas impulsionam o desenvolvimento dos estudantes em tecnologia

Desafio dos Dados, iniciativa do Programa Pense Grande Tech, da Fundação Telefônica Vivo, chega à sua 3ª edição e impacta mais de 500 estudantes de redes públicas

.
Menu para dispositivos móveis