Aluno de Engenharia de Computação Universidade Federal da Paraíba, Mateus conta que além de ensinar, também aprende muito.
Mateus Antonio da Silva tem 22 anos e está cursando o penúltimo período do curso de Engenharia de Computação da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Mas ele é mais que um aluno, pois desde 2017 dá aulas voluntárias de programação para colegas da universidade.
Conversamos com o jovem sobre como surgiu a ideia do projeto de ensinar, via aulas on-line, sobre pensamento computacional, robótica e o uso da tecnologia em nosso dia a dia. Uma conversa inspiradora que vai te mostrar que o universo da tecnologia e da computação vai muito além dos códigos e é também um mundo repleto de possibilidades.
O começo de tudo
“No Ensino Médio surgiu a oportunidade de participar de uma equipe que iria para Olimpíada Brasileira de Robótica. Desde que montei o primeiro carrinho e aprendi a fazer as primeiras linhas de código, me apaixonei por aquilo e nunca mais parei. A experiência de resolver problemas, programar soluções, trabalhar em equipe e aprender com os colegas influenciaram no que faço hoje, pois sei como é boa a sensação e tento passá-la adiante”.
Ser aluno e professor ao mesmo tempo
“No curso de Engenharia da Computação, o estudante tem diversas atividades práticas e em algumas disciplinas, precisa entregar diferentes projetos. Alguns deles envolvem hardware, voltado para criação de protótipos, o que não costuma ser ensinado nas próprias disciplinas. Víamos a dificuldade que muitos tinham de realizar essas atividades por não terem tido uma base de programação, eletricidade/eletrônica e assuntos relacionados no Ensino Médio. Por isso, eu e alguns amigos começamos a organizar e ministrar aulas para qualquer aluno participar e aprender.
O desenvolvimento do projeto e do conteúdo ministrados por Mateus estão concentrados na plataforma Twitch, onde ele vai ensinar com lives às sextas, sábados e domingos, sempre às 18h30, para que qualquer um possa entender programação e robótica.
Assim, as aulas voluntárias de programação e robótica para os alunos da UFPB ocorrem desde 2017. Fazemos aulas semanais todo semestre para que as novas turmas tenham a oportunidade de aprender. No início, participavam cerca de cinco pessoas, e hoje chegam a participar mais de 30. Isso me proporcionou diversas experiências boas, como a criação de uma comunidade de pessoas que se interessam pelo assunto e querem de fato aprender. O grupo de robótica cresceu e outras pessoas estão tendo a oportunidade de dar aulas e contribuir voluntariamente também”.
Objetivos
“Meu objetivo é que o pessoal que esteja interessado em tecnologia, desenvolvimento de software e hardware, esteja disposto não só a aprender, mas também a compartilhar seus conhecimentos. Com isso, enquanto desenvolvemos os projetos, tanto eu quanto quem assiste, pode tirar ideias do papel, desenvolver seus próprios projetos com as diversas tecnologias que exploramos e criar um portfólio legal”.
Ensinando e aprendendo ao mesmo tempo
“Os conteúdos são variados e as tecnologias que utilizamos também. O que eu não sei, aprendo junto com o pessoal que está assistindo. Uma coisa importante no desenvolvimento é aprender a pesquisar, olhar documentação na internet e desvendar problemas. Como tudo acontece ao vivo, não há escapatória, tem que resolver pra continuar. Acredito que esse tipo de coisa enriquece muito a quem assiste, pois o indivíduo consegue não só desenvolver projetos, mas quem não tem muita experiência consegue também aprender a aprender. Atualmente, estamos fazendo um projeto utilizando Inteligência Artificial para descrever os objetos de uma imagem para deficientes visuais”.
Pensamento computacional para além dos computadores
Quer saber mais sobre programação? Conheça outras iniciativas!
O projeto Programaê! disponibiliza conteúdos e tutoriais de 60 minutos com trilhas formativas sobre linguagem de programação que podem ser realizadas de forma fácil e divertida de onde você estiver, com o objetivo de ensinar e desenvolver competências digitais, inclusive robótica.
Já a 42 São Paulo é um conceito pedagógico inovador, voltado para o desenvolvimento da cultura digital, que chegou ao Brasil em 2019 em parceria viabilizada com a Fundação Telefônica Vivo. Voltada para qualquer pessoa com mais de 18 anos, sem custos e baseadoa no trabalho colaborativo, não há turmas, nem professores e o aprendizado da programação é baseado em projetos.
“O pensamento computacional se baseia na maneira como formulamos soluções para problemas utilizando tecnologia. Essa tecnologia pode ser código de programação ou ferramentas computacionais que ajudam no processo. Quanto mais pensamos computacionalmente, mais otimizamos os resultados e criamos soluções cada vez mais eficientes para o nosso dia a dia”.
“O universo da tecnologia no geral está crescendo muito! Qualquer trabalho que você almeje, qualquer hobbie que você tenha ou atividade que faça em algum lugar, provavelmente terá tecnologia envolvida. Tudo se trata de resolver problemas, pois nada é criado e desenvolvido em vão. Por que não identificar esses problemas que pessoas parecidas com você passam e criar uma solução? Você pode ajudar a si mesmo e a várias outras pessoas. Tudo isso é possível, porque qualquer que seja o seu interesse na vida, tem algo que você possa fazer para solucionar problemas e ajudar as pessoas ao seu redor”.