A evasão escolar continua sendo um dos principais desafios da educação pública brasileira, especialmente no Ensino Médio — uma etapa decisiva na trajetória educacional dos jovens. De acordo com o Censo da Educação Básica 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC) em março deste ano, 5,9% dos estudantes brasileiros abandonam a escola antes de concluir essa fase. Essa realidade compromete a continuidade dos estudos, seja na formação profissional ou no ingresso ao ensino superior, além de limitar as oportunidades futuras no mercado de trabalho.
No entanto, há um dado promissor. Segundo a pesquisa Juventudes Fora da Escola, realizada em 2024 pelo Itaú Educação e Trabalho e pela Fundação Roberto Marinho — com 1,6 mil entrevistados entre 15 e 29 anos —, a Educação Profissional e Tecnológica (EPT) tem se mostrado uma importante aliada na permanência dos estudantes no Ensino Médio. Entre os jovens que abandonaram os estudos, mas desejam retornar, 77% — quase 8 em cada 10 — demonstram interesse em cursar também a EPT. Quando questionados sobre os motivos que os levariam a voltar à escola, 52% citaram razões ligadas à empregabilidade, como a possibilidade de conseguir um emprego melhor ou simplesmente ter um emprego. Esse dado evidencia a forte conexão entre o desejo de inserção no mundo do trabalho e a decisão de retomar os estudos. Além disso, 73% dos entrevistados afirmaram querer concluir os estudos para “ser alguém na vida” e/ou dar orgulho à família.
Expansão e oferta de vagas
O estudo Potenciais Efeitos Macroeconômicos com Expansão da Oferta Pública de Ensino Médio Técnico no Brasil, publicado em 2023 pelo Itaú Educação e Trabalho, mostra que, nos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a média de jovens formados na educação profissional é de 37%. No Brasil, esse índice é de apenas 8%, ficando atrás de países latino-americanos como México (34%), Chile (29%), Colômbia (24%) e Costa Rica (20%).
De acordo com o Censo Escolar 2024, houve um avanço significativo na oferta de vagas em EPT, com um crescimento de 17% em relação a 2023, totalizando 1.570.993 matrículas. Apesar desse progresso, o ensino técnico no Brasil ainda está longe de atingir seu pleno potencial: a modalidade representa apenas 17,2% das matrículas no Ensino Médio.
A nota técnica da Fundação Telefônica Vivo, elaborada a partir dos resultados do mesmo levantamento, reforça a importância da EPT como estratégia para enfrentar a evasão escolar e destaca a necessidade de expandir essa modalidade de ensino. O documento aponta que os cursos técnicos — especialmente em áreas em crescimento, como tecnologia — estão mais alinhados às exigências do mercado e oferecem aos estudantes uma perspectiva mais concreta de futuro. Assim, a EPT desempenha um papel fundamental na permanência dos jovens no Ensino Médio.
Investimento público em EPT gera impacto positivo na economia
De acordo com a pesquisa Impacto da Educação Técnica sobre a Empregabilidade e a Remuneração, liderado pelo pesquisador Ricardo Paes de Barros, do Insper, em 2023, em parceria com o Itaú Educação e Trabalho e o Instituto Unibanco, profissionais com formação em Educação Profissional e Tecnológica podem ter um aumento de até 32% na remuneração ao longo da vida, em comparação com aqueles que concluíram apenas o Ensino Médio regular. A mesma análise aponta que a EPT pode ser considerada um investimento público altamente rentável: para cada R$ 1 investido, cerca de R$ 3 retornam à economia na forma de salários para os jovens.
Programa Pense Grande Tech
O Programa Pense Grande Tech é uma iniciativa da Fundação Telefônica Vivo voltada à Educação Profissional e Tecnológica (EPT). Seu objetivo é fortalecer a formação de estudantes de EPT em cursos da área de tecnologia, preparando-os para o mundo do trabalho e para a vida em sociedade.
A iniciativa é realizada em parceria com as Secretarias de Educação dos estados e busca oferecer aos estudantes do Ensino Médio de escolas públicas uma formação que integre o desenvolvimento de competências digitais, habilidades técnicas e as demandas do mercado de trabalho.
Em 2024, o programa impactou cerca de 8.900 estudantes e formou mais de 900 professores. Para saber mais sobre a iniciativa, acesse: Pense Grande Tech.