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08.06.2018
Tempo de leitura: 4 minutos

Filme apresenta jovens empreendedores das periferias

Idealizado por duas paulistanas, a produção feita por financiamento coletivo traz novo olhar sobre o que é transformação social

Quem são as pessoas que transformam o mundo? A partir dessa questão central e da inquietação de duas jovens uma do Capão Redondo e outra do Grajaú, em São Paulo, o projeto documental Visionários da Quebrada busca não só da reflexão como também dos olhares por trás dos empreendedores da capital paulista.

Ana Carolina Martins e Maria Clara Magalhães, de 30 anos, mulheres, negras e periféricas, trilharam trajetórias parecidas. Descobriram que suas experiências no mercado de trabalho e no terceiro setor despertaram incômodos em comum, especialmente relacionados à falta de referências dentro do universo do empreendedorismo social.

Assim, as jovens tiveram a ideia de registrar os pontos de vista de pessoas que criaram iniciativas dentro de comunidades e encontraram soluções que trazem novos significados ao espaço que ocupam.

Mobilização

O primeiro edital, lançado em uma plataforma de financiamento coletivo, contou com orçamento planejado para formato de minidocumentário, e conseguiu aporte de mais de 450 doadores.

Mas, para além de questões financeiras, o que realmente determina a mensagem do projeto são os colaboradores que foram chegando ao longo dos dois anos de produção, e que aceitaram contribuir voluntariamente com conhecimentos trazidos de diferentes áreas.

Hoje, essas pessoas formam um coletivo, que unido pelas inquietações, decidiu expandir o formato do filme para longa metragem, visto o extenso material que foi recolhido durante o processo.

A mudança de rota exigiu mais tempo para captar recursos, e o lançamento do filme, previsto para 2017, precisou ser adiado.

“Mais do que propor um filme que contasse histórias da periferia, nós queríamos achar uma maneira de contar essas histórias sem que houvesse uma narrativa repetida, sem reforçar estereótipos dos quais já estávamos cansados de nos deparar”, contam.

“O Visionários apareceu muito como uma necessidade de pesquisar, de compreender e entender o que era transformação social, o que era inovação social, quem eram as referências para a periferia”, Ana Clara Martins.

Visões Inspiradoras

O documentário traz 10 personagens de diferentes regiões periféricas de São Paulo, como Brasilândia, São Mateus, Jardim Nakamura, Capão Redondo, e que compartilham muito mais do que ações transformadoras, mas também as trajetórias trilhadas para chegar até lá.

Dentre eles está a do jovem Fábio Barbosa, mais conhecido como LOL, morador do bairro Elisa Maria, na Brasilândia.  Fábio passou a lutar pela representatividade junto de espaços de arte, educação e cultura que já existiam na região. Assim, ele criou o projeto Samba do Bowl, uma pista de skate, localizada na Praça Sete Jovens, um espaço de luta e de conquista do bairro, que reúne um coletivo de artistas da comunidade para levar e música e arte para a comunidade.

“Me ver enquanto visionário foi uma das coisas mais difíceis. Faz uma diferença a gente saber que pode ser poeta, escritor e empreendedor ao mesmo tempo”, diz Fábio. “Essa realidade é uma afirmação do que a gente já faz, dessa vez sob uma ótica nossa”, acrescenta o jovem sobre ter participado do documentário.

Visionários da quebrada no ar

A expetativa agora é que o filme estreie do dia 6 de junho, com distribuição da Taturana Social nas salas da Spcine.

A distribuidora Taturana Social é uma plataforma dedicada à distribuição de filmes que tratam de temas sociais, e permite que filmes independentes façam agendamento de exibições ao redor de todo o Brasil, além de disponibilizar os links no site. Já o Spcine é um circuito que utiliza equipamentos e espaços públicos para sessões de cinema nas periferias da cidade de São Paulo, como bibliotecas públicas e CÉUs.

Segundo Ana Clara, o coletivo já está trabalhando para criar, a partir dos editais escritos, novos materiais voltados para educomunicação, incentivando visões nas escolas públicas.

Além disso, há inúmeras histórias ainda a serem contadas em outras periferias e espaços ao redor da cidade e do Brasil. Por isso, há uma grande possibilidade de o coletivo apostar em uma série continuada.

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