Nota técnica "Educar na era da Inteligência Artifical: Caminhos para a BNCC Computação"

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22.08.2022
Tempo de leitura: 5 minutos

Life Up: Escola de Pernambuco está entre as melhores do mundo com projeto de tecnologia que resolve problemas da comunidade

Com o projeto Life Up, a Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (ETEPAM) é uma das finalistas do prêmio World’s Best Schools na categoria Inovação.

Em encontro com o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, estudante apresenta o aplicativo do Life Up no celular.

Utilizar o conhecimento e a proatividade dos estudantes em prol da resolução de problemas da comunidade em que a escola está inserida. Pode parecer óbvio, mas implementar essa lógica é um desafio para grande parte dos educadores. No caso da Escola Técnica Estadual Professor Agamenon Magalhães (ETEPAM), localizada na zona norte do Recife (PE), esses fatores são tão importantes que hoje, com o projeto Life Up, ela é finalista da categoria Inovação do prêmio internacional World’s Best Schools (Melhores Escolas do Mundo, em tradução livre).

Desenvolvida desde 2010, a iniciativa investe na criação de dispositivos e softwares de computação que dialogam com as principais questões sociais e ambientais que cercam a comunidade escolar. “O Life Up surgiu da necessidade de provocar uma experiência educacional efetiva para meus alunos”, conta o professor Eraldo Guerra, responsável pela implementação do projeto. “Em minha aula, criei um ambiente participativo e colaborativo, onde instiguei os alunos a pensar como fazer dessa disciplina mais interessante. Foi quando decidimos buscar soluções para os problemas reais do cotidiano através do conhecimento técnico desses jovens.”

O prêmio World’s Best Schools terá mais duas etapas. Em setembro serão anunciadas as três melhores escolas de cada categoria. Já as vencedoras vão ser conhecidas durante a Semana Mundial da Educação, em outubro. Cada escola vencedora receberá como premiação 50 mil dólares.

A partir de então, o projeto abarcou a criação de tijolos ecológicos com fibras de coco – o Construcoco; de um cobertor biológico que ajuda a reduzir os deslizamentos de morros; de um aplicativo para apoiar a mobilidade de cadeirantes pelas ruas da cidade; e de um software que apoia alunos autistas nos estudos e na comunicação, entre outros.

“Logo no início, lá em 2010, dois alunos identificaram que havia um excessivo descarte de côco na comunidade, criando um celeiro de doenças e foco de Aedes aegypti. Como poderíamos diminuir o impacto ambiental e tornar isso uma experiência para o aluno? A partir do surgimento do Construcoco, os estudantes começam a ter também uma visão empreendedora, pois ele poderia ser vendido, gerando receita diretamente para a comunidade”, aponta Eraldo.

Life Up: em prol da comunidade 

Wdson de Carvalho, hoje com 27 anos, participou do Life Up quando estava no ensino médio, de 2011 a 2013. “Fomos cada vez mais nos interessando por esse projeto e tendo essa vivência empreendedora. Participei do Carpet of Life, que criou uma manta biodegradável para ajudar na contenção de deslizamentos dos morros, muito vulneráveis na época das chuvas”, explica Wdson, que também cita a experiência de networking e reconhecimentos que o projeto gerou em diversas feiras de ciências.

Hoje, 780 alunos estudam na ETEPAM em horário integral. A escola oferece ensino médio integrado, quando é feita a formação média e o ensino técnico simultaneamente; e o técnico subsequente, voltado para os jovens que já concluíram o ensino médio e vão fazer somente a parte técnica. Há cursos de mecatrônica, mecânica, logística, manutenção e suporte em informática, edificações e química.

“Nada do que a gente fazia era pautado somente em negócios, e sim voltado para a melhoria de vida da população, criando mecanismos de auxílio e projetos que pudessem ajudar as pessoas e mudar o mundo de alguma maneira”, reflete.

 

Espírito inovador 

Outro aluno que participou do Life Up em 2013 é Gabriel Lourenço, 25. Ele foi responsável pela criação de um jogo para auxiliar pessoas com mutismo seletivo, transtorno que faz com que crianças apenas consigam se comunicar com pessoas próximas, apresentando dificuldade em falar com outras crianças e professores.

“Graças a ele os horizontes na área de tecnologia e inovação foram se abrindo para mim, e pude estagiar em várias empresas. Hoje trabalho com inovação em uma startup, e posso dizer que esse espírito está em mim graças ao Life Up”, conta Gabriel.

 

Projeto aberto para ser replicado 

Toda a experiência com o projeto, além de gerar conhecimento profissional e técnico, agregou nos alunos uma grande bagagem cultural, de acordo com Eraldo. “A participação em feiras, as trocas de experiências e o networking, tudo isso mudou a vida profissional e o papel deles diante da sociedade”, acredita o professor.

“Com o projeto, eu me tornei um professor muito melhor. Passei a ser mais engajado, apaixonado e motivado, pois vi a transformação que gerei na vida dos meus estudantes, e esse é o melhor retorno que existe”, declara. Se o Life Up ganhar o prêmio, a intenção é que o projeto seja levado para comunidades quilombolas e indígenas e trabalhado com jovens em situação de risco, “para que a aliança entre tecnologia e empreendedorismo possa também mudar as suas vidas”.

Sendo responsável pela criação e execução de um projeto que gera tanto impacto na comunidade, Eraldo não para por aí: ele vem trabalhando para que a iniciativa ganhe asas próprias. “O Life Up hoje tem uma dimensão muito grande. A ideia é que essa metodologia que criei seja multiplicada e que vários outros professores possam usar”, revela.

“Faço parte de grupos de mentoria e capacitação onde apresento essa metodologia. Meu desejo é que ela seja replicada e multiplicada, para que não aconteça de só uma escola ter evidência. Quanto mais escolas tiverem histórias e ações educativas, mais vamos caminhar para uma educação que transforma a vida das pessoas”, finaliza.


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