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24.04.2019
Tempo de leitura: 4 minutos

“Mais importante do que o conhecimento é saber pensar”, diz diretor de educação da OCDE

O especialista Andreas Schleicher falou sobre a importância do pensamento crítico a criatividade e o desenvolvimento intelectual na Semana do Aprendizado Móvel da UNESCO, em Paris.

“Em um mundo onde as pessoas estão cada vez mais conectadas à internet e podem obter informações de maneira instantânea, o mais importante é saber raciocinar”. A afirmação é do alemão Andreas Schleicher, diretor de educação e competências da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), com sede em Paris.

Schleicher participou da Semana do Aprendizado Móvel da UNESCO (Mobile Learning Week), realizada na capital francesa, em uma palestra sobre como utilizar a Inteligência Artificial para melhorar a educação.

“As pessoas não são mais recompensadas porque sabem algo. Afinal, o Google também sabe. Elas são reconhecidas pelo que sabem fazer com o conhecimento que têm, usando o pensamento crítico, a criatividade e o desenvolvimento intelectual”, diz.

O especialista ressalta que o conhecimento será sempre importante, mas afirma que há um declínio na demanda pelo saber rotineiro, básico, que se tornou menos útil porque as pessoas podem encontrá-lo rapidamente “na ponta dos dedos em um smartphone”.

Na avaliação do diretor de educação da OCDE, o desenvolvimento de reflexões sobre o assunto é mais relevante do que o conhecimento de determinado conteúdo em qualquer disciplina. “Na matemática é ótimo saber aplicar fórmulas ou resolver equações, mas será que as pessoas sabem utilizar o conteúdo para resolver um problema da vida real?”, questiona Schleicher.

Competências na área digital

A OCDE, com sede em Paris, realiza vastos estudos mundiais sobre educação, entre eles o teste PISA, o Programa Internacional de Avaliação de Alunos, com jovens na faixa de 15 anos. A falta de compreensão necessária para tirar melhor proveito da tecnologia já foi apontada em comparações do PISA.

Estudos da organização revelam que os estudantes sabem reproduzir um conteúdo, mas muitos têm dificuldades em compreender de maneira crítica os temas. “Não é porque alguém faz parte da geração digital que ele é um engenheiro”, diz.

Melhor desempenho em competências digitais, segundo a pesquisa “Estudantes, Computadores e Aprendizado: Fazendo a Conexão”:

Cingapura

Coreia do Sul

Hong Kong

Japão

Canadá

Xangai

A pesquisa “Estudantes, Computadores e Aprendizado: Fazendo a Conexão”, publicada no final de 2012 – realizada no âmbito do PISA e que avaliou a competência de alunos na área digital – mostrou que os jovens brasileiros, por exemplo, têm grandes dificuldades em relação à compreensão de leituras na internet e menos habilidade para navegar na web de maneira focada em relação a determinado assunto. Os alunos brasileiros ficaram entre os últimos nesses quesitos no ranking com mais de 30 países.

O estudo afirma que é necessário reforçar a capacidade intelectual dos estudantes e refletir sobre práticas pedagógicas para evitar que a inteligência dos alunos se limite a dos motores de pesquisas na internet. “Não se trata mais de ensinar algo, mas sim de ajudar a desenvolver um compasso, uma ferramenta de navegação confiável para saber se virar no mundo”, diz Schleicher.

Novas habilidades e o papel do professor

Nos debates realizados na Semana do Aprendizado Móvel na UNESCO, vários palestrantes destacaram a importância do papel do professor no aprendizado, que integra cada vez mais novas opções tecnológicas é vista por muitos especialistas como essencial no processo de desenvolvimento dos estudantes. A formação profissional dos jovens e as novas habilidades profissionais exigidas, decorrentes do avanço tecnológico, também foram discutidas no evento na UNESCO.

Na avaliação de Schleicher, as competências mais demandadas e valorizadas no mundo do trabalho hoje são os conhecimentos sociais e emocionais, a coragem, empatia, curiosidade e também saber trabalhar com pessoas diferentes.

Segundo o diretor de educação da OCDE, a questão não é saber, no final de um curso, se um aluno aprendeu mais do que o vizinho sentado ao lado. “Não é assim que testamos as competências sociais, as atitudes e valores no mundo em que vivemos”, afirma. O diploma obtido no início da carreira não prediz o que a pessoa irá se tornar. “As competências emocionais são importantes e é preciso torná-las mais visíveis”, conclui.


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