Usando a força da internet, integrantes da ONG Engajamundo lutam por um mundo mais sustentável e justo.
Usando a força da internet, integrantes da ONG Engajamundo lutam por um mundo mais sustentável e justo.
Em grandes eventos internacionais, como na Assembleia Geral da ONU ou na Conferência das Nações Unidas sobre o Clima (COP), imagina-se que sejam adultos, com anos de experiência, que discutam e se articulem por soluções para problemas como o aquecimento global. Em meio a ternos, gravatas e pastas, é de causar espanto quando um grupo de jovens se posiciona para falar. Com muita vontade de participar, rapazes e moças também querem trazer suas perspectivas e soluções. Afinal, quem melhor para falar sobre tais problemas do que aqueles que sentem muitos de seus efeitos diretamente?
Se muitos jovens já tiveram a oportunidade de ser protagonistas em situações como essa, é porque existem iniciativas como a desenvolvida pela ONG Engajamundo. A ideia de uma organização que reunisse jovens para discutir protagonismo e empoderamento em assuntos de importância global surgiu de uma inquietação espontânea. Em 2012, um grupo de sete jovens de São Paulo (SP), preocupados com os debates gerados pelo evento Rio+20, se uniu para criar o Comitê Universitário Paulista. O coletivo queria acompanhar e participar do evento sobre desenvolvimento sustentável, temendo que propostas não avançassem se ficassem nas mãos de quem sempre estiveram.
O comitê logo percebeu que, embora tivesse muita vontade de se articular, ainda faltava experiência de mobilização e também formação para poder incidir sobre o tema de sustentabilidade. O Engajamundo nasceu então do desejo de formar o jovem e fazê-lo perceber que pode e deve envolver-se com cenários políticos sobre os temas que o interessam. “Trabalhamos com frentes de mobilização, participação e formações que traduzam o que está acontecendo no mundo para nossa realidade. Ou seja, como nós, enquanto jovens, podemos fazer parte da solução e engajar uns aos outros”, explica Amanda Segnini, coordenadora de redes da ONG.
Para participar, basta ter entre 15 e 29 anos e vontade de trabalhar com uma das cinco temáticas acompanhadas pelo grupo, que hoje conta com mais de 1200 membros: Clima, Cidades, Gênero, Desenvolvimento Sustentável e Biodiversidade. Jovens de todas as regiões do país se articulam em torno de grupos de trabalho, que cuidam desde a preparação para eventos até a logística para participar de conferências. Entre as muitas das conquistas do Engajamundo, houve participações importantes em Assembleias da ONU, Conferências internacionais de Juventude e parceria com organizações como Greenpeace e Ashoka.
Dari Santos, coordenadora de captação de recursos, conta como é o processo de atrair o jovem para temas políticos. Segundo ela, a organização parte do princípio de que é preciso desconstruir a ideia de que o adolescente e o jovem adulto são acomodados ou preguiçosos. Para Dari, a movimentação das ocupações de escolas e dos secundaristas mostra claramente uma disposição para dialogar e lutar por mudanças em seu entorno. “Eles não estão em casa, jogando videogame. Estão pensando em política, estão se articulando, usando o poder das redes e da internet para se encontrar e se mobilizar”, complementa.
Para atrair o jovem, o Engajamundo se apropria das ferramentas e linguagens que fazem parte de seu cotidiano. “Tentamos tornar o tema de política atraente, esforçando-nos para mostrar que a política permeia suas ações e suas reivindicações cotidianas, e não tem necessariamente a ver com governos ou leis”, explica Dari. A coordenadora explica que o poder de democratização oferecido pela internet é fundamental na construção dos grupos de trabalho: quando o jovem se conecta e em seguida, entra em contato com o outro, ele próprio desenvolve sua rede de relações. Em um país de proporções geográficas continentais, o jovem que consegue se conectar às distantes realidades sai muito mais fortalecido.
Há espaço para todos na ONG: aqueles que lutam por causas ambientais, outros que se concentram no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis, e ainda há os que acreditam que sua causa maior é justamente promover encontros entre si e pensar em como os perfis podem se complementar. “Não somos um grupo de jovens que fala por outros”, esclarece por fim Amanda. “Os jovens que estão no Engajamundo falam por si mesmos, contam sua realidade, expõem e lutam por suas próprias causas. Quando eles se juntam, percebem que não só são capazes de mudar as coisas, como já estão mudando”.