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Em diversas cidades do país, há museus que, através de seus acervos e exposições, dialogam com o mundo que está por vir usando tecnologias digitais

#Educação#EnsinoMédio

Criança negra utiliza óculos de realidade virtual durante visita ao Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro (RJ)

Quando pensamos em museu, a primeira imagem que nos vem à cabeça é, muitas vezes, a de um lugar que preserva o passado através de relíquias e materiais analógicos. São espaços que nos ajudam a entender como chegamos até o presente. No entanto, hoje em dia, cada vez mais os museus oferecem uma rica experiência com tecnologias digitais, nos apresentando também como o futuro pode ser.

No Brasil, não é diferente. Em diversas cidades do país, há museus que, através de seus acervos e exposições, dialogam com o mundo que está por vir. Conheça alguns desses espaços a seguir:

 

Museu do Amanhã: cocriando os futuros

Inaugurado em 2015, o Museu do Amanhã é uma referência internacional na relação entre acervo museológico e tecnologias digitais. Instalado no Píer Mauá, no centro do Rio de Janeiro (RJ), o espaço busca aliar a tecnologia digital à maioria das exposições “de forma funcional e não meramente ilustrativa”, de acordo com Bruna Baffa, diretora geral do Museu do Amanhã. São utilizados vídeos, jogos, sons, instalações e estruturas interativas para ampliar a conexão do visitante com os temas abordados, enriquecendo sua experiência e provocando reflexões.

“Usamos a tecnologia como uma forma de conexão com o nosso público, que nos possibilita estreitar laços e sugerir reflexões sobre os futuros que desejamos”, afirma Bruna. “Nosso objetivo é propor um amanhã mais sustentável e social, usando tecnologias tradicionais e exponenciais com uma abordagem transversal.”

Atualmente em cartaz, a exposição Amazônia, de Sebastião Salgado, para além das fotografias, utiliza vídeos e trilha sonora ambiente para reforçar a experiência do público, transportando-o sensorialmente para a região retratada. É uma forma do visitante se sentir parte da floresta a partir da ambientação. “Somos um museu de ciências orientado pela ideia central de que o amanhã é uma construção e de que essa construção começa hoje. Jogamos luz no passado para entender o presente e estamos sempre propondo atividades que incentivam reflexões sobre os amanhãs possíveis, apontando caminhos compatíveis com a sustentabilidade e a convivência”, define a diretora.

Para atingir esses objetivos, o uso de tecnologias digitais é muito importante. “Através da realização de oficinas, seminários, projetos educativos e artísticos, queremos ser um espaço de cocriação desses futuros desejados, onde a gente possa plantar a semente desses amanhãs.” Por fim, o Laboratório de Atividades do Amanhã (LAA), dedicado à inovação e à experimentação, atua por meio de conexões transdisciplinares de arte, ciência e tecnologia e ilustra o compromisso do Museu com as tecnologias digitais.

Museu da Língua Portuguesa: arsenal de mídias

Localizado na histórica Estação da Luz, em São Paulo (SP), o Museu da Língua Portuguesa abriu ao público em 2006 e, após um grave incêndio que atingiu o local, foi reaberto em 2021 com a intenção de valorizar a diversidade da língua portuguesa. Para isso, usa e abusa de ferramentas digitais para aprimorar a interação com o visitante.

“Para trazer a língua viva para dentro do museu, optamos por utilizar modernos recursos tecnológicos e de comunicação que recriassem o complexo universo de caráter imaterial que se desejava destacar”, observa Isa Ferraz, curadora especial do Museu da Língua Portuguesa.

O espaço utiliza um “verdadeiro arsenal de mídias”, segundo Isa: produtos audiovisuais e dispositivos interativos variados, imersão sonora, telas dos mais diversos tamanhos, projetores e lentes sofisticadas. “Utilizamos tudo isso com critério e cuidado, sem exibicionismos tecnológicos gratuitos, estruturados sempre sobre conteúdos muito sólidos e inovadores”, ressalva.

“A flexibilidade e riqueza de signos e as possibilidades democráticas de leitura que a linguagem audiovisual propicia foram explorados de maneira intensa e inédita”, aponta a curadora. Assim, o espaço amplia o repertório de milhões de visitantes através de um poema de Gregório de Mattos em forma de rap; do audiovisual imersivo da Praça da Língua; da interatividade da instalação Palavras Cruzadas, entre outras atividades. “Os visitantes interagem com tudo isso de maneira dialógica, e isso faz com que se reconheçam ali. No museu, o visitante é visitado, porque ele, como todos nós falantes de português, é autor e ator dessa nossa língua em permanente reinvenção”, decreta Isa.

E o que tudo isso tem a ver com o futuro? De acordo com a diretora-técnica Marília Bonas, o Museu da Língua Portuguesa “se inscreve neste espaço de preservação da memória, mas menos do passado, porque sempre olhamos o legado que a gente tem a partir do olhar do presente. E a língua não existe sem os falantes dela.”

O museu possui ainda um Centro de Referência, que trabalha com todo o acervo digital presente no espaço. Recentemente, este Centro lançou seus primeiros ODAs – Objetos Digitais de Aprendizagem, disponíveis gratuitamente para professores e estudantes, com a intenção de discutir a diversidade da língua portuguesa.

 

Museu Catavento: desejo por participação

“Você aprende enquanto se diverte”. Esse é o lema do Museu Catavento (SP), que tem como objetivo central a divulgação científica de maneira acessível – entendida para além do aspecto físico, mas principalmente em relação à linguagem e à interatividade, segundo o museólogo Cauê Donato.

Desde a sua fundação, em 2009, o museu é permeado por debates em relação ao uso de tecnologia digital em suas exposições. Hoje, mais de uma década depois – e com avanços importantes nesse tema -, o espaço tem visto crescer o uso desses recursos para promover interação com seu público, através de módulos imersivos, realidade aumentada e inteligência artificial.

No caso do Catavento, as redes sociais também servem como complemento desse espaço interativo. “Temos o cuidado de buscar a melhor maneira de estabelecer conexões. Nosso setor de Comunicação pensa estratégias para lidar com o contexto da virtualidade, e as redes sociais são braços do museu para construir novos conteúdos e atingir novos públicos”, observa Cauê.

“Um dos grandes desafios dos museus é o de criar conexões com seu público. E hoje temos pensado em novas possibilidades. Se uma exposição temporária for direcionada para um público que usa muito o celular, pensamos em fazer com que o visitante possa usar o aparelho móvel através de recursos virtuais e QR codes, reforçando que o protagonismo esteja na interação entre ele e o conteúdo”, reforça.

Recentemente, o Museu vem investindo na criação de bolsões de protagonismo do público, como espaços instagramáveis. “Hoje não dá pra escapar desses processos. É preciso pensar no público como usuário cultural e não como público passivo. Há um desejo de participação e, de alguma forma, temos que permitir esses momentos.”

 

Espaço Ciência: desafio de conciliar natureza e tecnologia

Desde 1994, o Espaço Ciência atrai as crianças e jovens do Recife (PE) com sua área de exposições, planetário, parque e trilhas a céu aberto. Justamente por ser um lugar que privilegia experimentos físicos e presenciais, a inserção da tecnologia digital sempre foi vista como desafiadora.

“Somos um espaço de 120 mil metros quadrados, com muito ambiente natural e lugares ao ar livre”, aponta Antonio Carlos Pavão, diretor do Espaço Ciência. “Nas novas exposições temos buscado inserir elementos tecnológicos, como visitas virtuais e inteligência artificial.”

Como ação educativa, o Espaço organiza um torneio virtual de ciência, realizado por meio de redes sociais e plataformas digitais. Direcionado a alunos dos últimos anos do Ensino Fundamental 2 e do Ensino Médio, além da EJA (Educação de Jovens e Adultos), a competição incentiva que os estudantes se juntem e usem o conhecimento científico para buscar soluções para um determinado problema, ou também para encontrar melhorias para situações do cotidiano.

“Estamos tentando conectar visitantes de museus no exterior, criando um metaverso que coloque em contato públicos diferentes. Há muita possibilidade para o futuro e desafios também. Não queremos perder a característica de ser um ambiente da natureza e da ciência viva, além dos experimentos que se toca e manipula, mas buscamos ter a complementação da tecnologia digital reforçando tudo isso”, ressalta Antonio Carlos.

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