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18.10.2022
Tempo de leitura: 5 minutos

Na escola do futuro, a sala de informática agora é a escola toda

O avanço na digitalização das escolas públicas tem modificado a maneira como professores e gestores entendem a concepção do laboratório de informática e da sala de aula.

Imagem mostra uma sala de informática

Em junho de 1992, a Escola Primária Victor Civita, em Salvador (BA), foi destaque na edição 1.237 da Revista Veja. O motivo era o fato de ser uma das primeiras do Brasil com uma sala de informática, onde alunos e professores poderiam ter acesso a computadores, disquetes e CD-ROMs (dispositivos que permitiam o arquivamento e a troca de informações). Hoje, trinta anos depois, mais de 80% das escolas públicas possuem laboratório de informática. No entanto, com o avanço da internet no Brasil e do uso de conectividade sem fio (wireless field ou Wi-Fi), toda a escola pode se tornar um espaço de acesso às tecnologias informacionais. Ou seja, agora a sala de informática pode ser a escola toda: as salas de aula, o pátio, os corredores, a biblioteca, a cozinha etc. 

 

Mais do que a sala de informática, o que está mudando é o conceito de sala de aula

Magda Motta, diretora do Departamento de Tecnologias Educacionais da Secretaria Estadual de Educação do Rio Grande do Sul (DTI Seduc-RS), acredita que o que está mudando não é apenas a concepção sobre o que são os laboratórios de informática, mas sobre o que é a sala de aula. Ela explica que “as tecnologias informacionais vêm colocando para professores e gestores as seguintes questões: o que se pode fazer em um espaço de aprendizagem? E, ao mesmo tempo, o que é preciso para que este espaço de aprendizagem aconteça?”. Para Magda, o processo para responder essas perguntas tem mostrado que não é a sala de informática que “pode e deve ocupar todo o espaço da escola, mas sim que a sala de aula pode e deve se ampliar para toda a escola e para além dos muros da escola”, enfatiza.

A diretora da Seduc-RS ressalta que quem trabalha na educação pública sabe que a realidade de muitas salas de informática é a presença de computadores velhos e conectividade ruim. Essa situação transformou boa parte destes espaços em salas fechadas que quase ninguém utiliza. O laboratório de informática, no entanto, revitaliza-se com o conceito de espaços maker: ambientes em que um conjunto de tecnologias informais e educacionais (digitais ou não) estão à disposição dos estudantes para a construção coletiva, criativa e interdisciplinar de conhecimento. Aqui, o professor tem o papel de estimular e facilitar as trajetórias dos alunos, colocando-se como mediador e coautor dessas construções.

 

Os espaços maker são o meio do caminho para as salas de aula do futuro

Os espaços maker são o meio do caminho dessa mudança de concepção sobre o que é um espaço de aprendizagem, isso é o que defende Magda: “eles são uma transformação profunda no conceito de sala de informática. No entanto, ainda são compreendidos como um ambiente apartado do resto da escola. Ou seja, tem os momentos em que os alunos vão para o espaço maker colocar a mão na massa e desenvolver um projeto; e tem o momento em que eles têm suas aulas normais em sala de aula”, explica.

A experiência da secretaria de Educação do Rio Grande do Sul

A secretaria estadual de Educação do Rio Grande do Sul tem feito um importante esforço para mudar esse cenário. Para tanto, aposta que a sala de aula é o ponto de partida e que ela se expande para os espaços maker e outros ambientes da escola.  Dentro dessa proposta, o acesso à conectividade precisa ser acompanhado do acesso a dispositivos, sobretudo computadores, e esses acessos têm de ser possíveis em todos os espaços em que a aprendizagem precisa acontecer: ou seja, a escola toda.

“Foi pensando assim, que a rede estadual adquiriu 50 mil computadores (Chromebook) para professores. Adquiriu também, 90 mil computadores para os alunos. Além disso, 2.600 laboratórios móveis foram comprados (trata-se de um carrinho no qual podem ser colocados até 30 computadores), para garantir o acesso aos dispositivos ao maior número de alunos possível (a rede estadual conta hoje com cerca de 860 mil matriculados). Com essa estrutura, professores e estudantes podem, na sala de aula, desenvolver projetos que envolvam tecnologias digitais”, conclui a diretora.

Esse tipo de projeto consegue mudar a mentalidade dos gestores da educação, segundo Magda: “o gestor não via valor no Wi-Fi, não via valor em garantir conectividade para os estudantes. Para eles, isso atrapalhava as aulas, pois os alunos iriam acessar redes sociais e não estudar. No entanto, quando chegam os computadores, essa perspectiva muda. Eles passam a entender o potencial pedagógico dessas ferramentas e a importância de investir em conexão sem fio”, explica.


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