Facilidade na abertura de empresa e um mercado reduzido fazem a Nova Zelândia ideal para incubar projetos de empreendedores sociais
Facilidade na abertura de empresa e um mercado reduzido fazem a Nova Zelândia ideal para incubar projetos de empreendedores sociais
Em 2011, um grupo de ativistas inspirado por movimentos de ocupação como o Occupy Wall Street, nos Estados Unidos, juntou seus saberes tecnológicos e habilidades como transformadores sociais para criar o aplicativo Loomio. A plataforma colaborativa, que funciona tanto computador e no celular, conecta pessoas para tomada de decisões políticas e sociais sem a necessidade de juntá-las fisicamente. Se ele hoje é uma bem sucedida ferramenta de participação digital, é porque teve todo o aporte para crescer na Nova Zelândia.
O país com população de 4,6 milhões de habitantes tornou-se este ano o primeiro a criar um visto exclusivo para empreendedores sociais – o Global Impact Visa (GIVs). A iniciativa inédita está em ressonância com as características que o tornam um dos melhores lugares para empreender: o tempo em média de abertura de empresa é de um dia e o processo pode ser feito inteiramente online, com impostos detalhados e trâmites burocráticos simples.
“Na Nova Zelândia, existe uma cultura de colaboração grande e um mercado diminuto, o que a torna uma nação ideal para incubar novas ideias”, explica a empreendedora Sandra Chemin. Com mais de 20 anos de experiência em negócios de impacto e tecnologia, a brasileira mora há quatro na Nova Zelândia, trabalhando na Enspiral, uma rede internacional de colaboradores voltada para o desenvolvimento de ideias de transformação social.
O Loomio é um desses projetos, junto com outros que não necessariamente envolvem tecnologia. Dentre eles, por exemplo, está o Human Methods Lab, um projeto de pesquisa que mapeia os colaboradores para entender suas potencialidades e como eles podem se juntar a outros com habilidades diferentes, criando grupos heterogêneos e competentes para empresas e organizações.
“Lidamos hoje com problemas complexos, que exigem uma evolução exponencial também nas relações humanas. Essa revolução tem que estar aplicada à forma como trabalhamos”, relata Sandra.
Possibilidades
Para atrair empreendedores de diversas partes do mundo, além do visto, foi criada a bolsa Edmund Hillary Fellowship. Ela oferece um programa de até três anos para empreendedores desenvolverem seus protótipos sociais na Nova Zelândia.
O critério de seleção mais relevante é o impacto: o empreendedor deve ter uma ideia de alto impacto global e provar-se capaz de gerenciá-la tanto no nível técnico quanto de manutenção. A cada semestre, 50 empreendedores podem se candidatar.
A bolsa Edmund Hillary Fellowship oferece suporte individualizado e acesso a uma rede global de investidores, mentores, parceiros e hubs de inovação, para potencializar a ideia empreendedora, seja ela individual ou coletiva. É importante que o proponente avalie se a Nova Zelândia realmente pode oferecer o que ele precisa em termos de ferramentas para desenvolver sua ideia. As inscrições para a segunda turma podem ser feitas até 1º de outubro, e os valores e formulários estão disponível no site do programa de bolsas.
Como também embaixadora do Edmund Hillary Fellowship, Sandra está a caminho do Brasil, para conhecer alguns empreendedores e empreendedoras que desejam se inscrever: “O empreendedor brasileiro está entre os mais criativos do mundo. Por não contar com apoio para a abertura de empresa, enfrentar burocracia e ter poucas fontes de investimento público, ele constantemente precisa reinventar o seu negócio para que ele sobreviva. Vai ser incrível contar com brasileiros no time de empreendedores que querem mudar o mundo!”, conclui Sandra.