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17.10.2016
Tempo de leitura: 4 minutos

O currículo educacional australiano como referência

A reforma curricular feita na Austrália, em 2008, apostou na flexibilidade e na junção de experiências passadas com o desejo de inovação.

A reforma curricular feita na Austrália, em 2008, apostou na flexibilidade e na junção de experiências passadas com o desejo de inovação.

Assim como o Brasil, a Austrália é uma Federação dividida em oito territórios, com representatividade e autonomia na criação de políticas públicas específicas. Essa divisão se refletiu na educação, com a criação de variados currículos base e no descompasso entre as escolas dos centros urbanos e as do campo, que acabavam mais defasadas.

Era igualmente incômodo na área educacional que os currículos contemplassem poucos aspectos contraditórios, mas importantes: eles não assimilavam transversalmente a história aborígene ou a relação entre o país e seus vizinhos asiáticos, como também não conseguiam abraçar competências inovadoras como tecnologia ou programação.

Em um movimento parecido com o que o Brasil adotou ao criar a Base Nacional Curricular Comum, a Austrália engajou-se em 2008 em uma reforma nacional de educação.  A ideia era igualar condições educacionais nas cidades e no campo. Para tanto, a reforma se apoiou em três temas que deveriam permear o currículo: Engajamento da Austrália com a Ásia; História e a Cultura dos Aborígenes; Sustentabilidade.

A responsável por essa adaptação foi a ACARA (Australian Curriculum, Assessment & Reporting Authority), autoridade independente responsável pelos currículos escolares da Austrália.

Dois caminhos foram considerados para a reforma: uma união das práticas bem-sucedidas de cada território, ou uma reformulação completa. A escolha foi por um misto das duas opções. “Foi uma construção coletiva, com participação intensa de diversos agentes educacionais, em principal os professores. As escolas públicas trouxeram suas experiências, assim como as privadas. Também houve um exercício de olhar para o resto do mundo, principalmente nossos vizinhos asiáticos”, explica o australiano David Boyd, coordenador de projetos da Fundação Lemann.

A inovação de qualquer currículo inclui entender como a tecnologia se insere nele, e na Austrália não foi diferente. Lais Paixão, especialista em educação e integrante do planejamento estratégico do CIEB (Centro de Inovação para a Educação Brasileira), conta que a inserção desta temática na Austrália ocorreu em fases. “A princípio, a tecnologia foi incluída como uma habilidade permeada em matérias como Matemática ou História. Em 2012, se percebeu que, além da transversalidade, tecnologia deveria ser uma área de conhecimento, tão relevante quanto outras disciplinas”, diz.

Assim, o ensino de tecnologia se dividiu em duas frentes. A primeira delas é a Digital Technology (Tecnologia Digital), em que alunos são ensinados a usar o pensamento computacional para resolver problemas. A segunda é o Design Thinking, em que o aprendizado acontece por meio de projetos, e os estudantes trabalham a tecnologia para inovação.  “Usar a tecnologia sem saber como ela é feita é como saber ler e não escrever, então o objeto dessa inovação no currículo foi capacitar os alunos”, conclui Lais.

Além disso, esse currículo foi criado para ser flexível – sua revisão, que acontece periodicamente, visa a entender o que está sendo efetivo e a contemplar experiências inovadoras. É também um currículo só possível se o educador for integralmente apoiado em todo o seu processo de formação contínua. Eles podem fazer isso tanto de maneira presencial, em imersões que acontecem durante semanas, ou em plataformas digitais.

Com essa reforma no currículo escolar, a Austrália fez um exercício de dupla observação. O país resgatou experiências e raízes pedagógicas e assimilou referências internacionais. Por isso, o currículo australiano hoje, com sua flexibilidade e capacidade de juntar passado e presente, é uma referência para o Brasil no desenvolvimento de sua própria Base Nacional Curricular.


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