Será que um simples jogo pode ser explorado dentro da sala de aula e melhorar processos de aprendizagem? Confira a reflexão!
O universo dos videogames pode ser explorado dentro da sala de aula e melhorar processos de aprendizagem.
A premissa é simples: você está em um mundo aberto, onde pode construir qualquer coisa a partir da montagem de blocos. O Minecraft é um jogo independente que já vendeu mais de 50 milhões de cópias e sua infinidade de opções de construção tem feito mais do que atrair ávidos jogadores, firmando-o como um recurso pedagógico inovador, incitando o debate dentro dos ambientes escolares: quais as relações que podem ser estabelecidas entre videogame e educação?
Os games, sejam eles analógicos ou digitais, expandem um universo que vai muito além da simples diversão. O professor Francisco Tupy diz: “Todo jogo por si só é um aprendizado, porque se você não consegue entender suas regras, você não joga. Outro elementointrínseco da jogabilidade é dissertação sobre o game; no momento em que você especula sobre ele, você está raciocinando e aprendendo”.
Tupy ministra no Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, a disciplina Tecnologia Educacional e também realiza experiências de pedagogia do videogame. Ele acredita que os jogos desenvolvem aptidões e são um chamado à imaginação e criatividade dos alunos: “Quando a gente fala em trabalhar com videogame na escola, vem na cabeça de ficar jogando com um console. Eu digo então aos meus alunos: se estamos falando de um jogo, de seus simbolismos e estratégias, já estamos usando-o”.
O Minecraft é bastante utilizado. Para ele, a liberdade de criação de qualquer objeto dentro do jogo é encantadora, mas também vem com responsabilidades que instigam o aluno. Para construir um edifício ou uma obra de arte, ele tem que prototipá-lo em sua cabeça, fazer uma relação de escala e proporção. O jogo então extrapola a si mesmo. O aluno se torna um produtor de conteúdo, organizando seus pensamentos em prol de uma meta.
Foi também com o intuito de estudar o impacto dos jogos nos processos pedagógicos que nasceu o grupo de pesquisa Comunidades Virtuais, na universidade Estadual da Bahia. Um de seus primeiros games, o Búzios – Ecos de Liberdade, tem trama 2D em primeira pessoa, na qual o jogador personifica um médico envolvido na Revolta dos Alfaiates, movimento popular baiano de cunho insurgente. O jogo também compreende a diretriz da lei 10.639/09, que prevê o ensino da cultura afro-brasileira nas escolas.
“Os jogos tem um nível de interatividade, de imersão e de operatividade que seduz os jogadores das diferentes faixas etárias. Cada vez mais você observa que a escola não tem dado muita oportunidade para os alunos se autorizarem. Por isso escolhemos produzir jogos educacionais, onde eles são autores e atores de um processo”, explica Lynn Alves, doutora em Educação e Comunicação e coordenadora do Comunidades Virtuais.
A relação videogame e sala de aula ainda encontra resistência dentro de espaços acadêmicos e escolas com processos de aprendizagem mais convencionais. Tupy acredita que é necessário parcimônia e que nem todo jogo deve ser usado. Se a escola opta por utilizar essa ferramenta lúdica, ela precisa de um corpo docente preparado para administrá-la. Se o ambiente estiver disposto, o simples mencionar de um jogo pode funcionar como vivificação do imaginário dos alunos e enriquecer seu processo educativo.
Se crianças e jovens estão familiarizadas com a linguagem dos códigos, elas têm ferramentas para entender e até criar seu próprio jogo. A Fundação Telefônica Vivo facilita essa aproximação digital através do Programaê!, projeto de empoderamento por meio da programação, e também com o Plinks, jogo desenvolvido para rede pública de ensino, no qual os alunos exercitam suas habilidades em matemática e língua portuguesa brincando. Clique nos links para saber mais dos projetos.
Para conhecer mais sobre o trabalho de Francisco Tupy desenvolve, acesse o site: http://gamestolearn.blogspot.com.br/
E para saber sobre os jogos desenvolvidos pelo grupo Comunidades virtuais, clique aqui: http://www.uneb.br/tag/comunidades-virtuais/