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No 6º encontro da série Conversas que Aproximam, time de mulheres empreendedoras discute o poder da tecnologia, da colaboração e da cultura maker na construção de projetos de impacto social

Dois jovens estão sentados lado a lado olhando para telas de dispositivos móveis para representar live sobre tecnologia e empreendedorismo social.

O sexto encontro da série Conversas que Aproximam discutiu o tema Como utilizar a tecnologia a favor do empreendedorismo social? e aconteceu no Mês do Empreendedorismo e no Dia do Empreendedorismo Feminino, 19 de novembro. Segundo o IBGE há 9,3 milhões de mulheres liderando negócios no Brasil.

Participaram da live duas empreendedoras brasileiras: Patrícia Nogueira, que é doutora em Matemática e professora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), onde coordena projetos de extensão e pesquisa em Educação Empreendedora, além de ser a idealizadora do Labinventa, um espaço maker e de aprendizagem criativa; e Emanuelly Oliveira, empreendedora e fundadora do projeto Social Brasilis, negócio de impacto social que desenvolve programas educacionais em formato de games, utilizando plataformas virtuais de aprendizagem com foco no desenvolvimento de competências digitais. Fernanda Cabral, que fez a mediação da conversa, é ativista, empreendedora e especialista em inovação social, além de realizadora do Imagine 2030 – um movimento que está construindo o futuro como propõe os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU.

Veja abaixo os principais pontos tratados durante o debate:  

 

Tecnologia para além do entretenimento

Emanuelly nasceu no sertão do Ceará, no município de Quixadá. Ela precisou desconstruir a imagem que tinha de uma pessoa de negócios, um homem de terno e gravata, para começar a se ver como empreendedora. O Social Brasilis começou sem nenhuma verba e ela, que atuava como professora, não fazia a menor ideia de como entrar no mundo dos negócios. “Mas você nunca vai achar que o seu projeto está 100% perfeito. Se você está com medo, vá com medo mesmo”, conta. “Eu comecei a atuar por experimentação. A gente chama isso de effectuation, uma metodologia criada pela pesquisadora indiana Saras Sarasvathy. Você tem que começar com aquilo que tem nas mãos”.

O que a inspirou a empreender foi ver o processo da educação 4.0 se desenvolvendo, e as mídias sociais ganhando cada vez mais espaço. Ela percebeu que era necessário criar algo para efetivar este caminho. Em 2015, lecionava em uma escola na periferia de Fortaleza para os alunos da Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Eu percebia que todo mundo tinha telefone e usava a internet, mas a tecnologia era usada apenas para entretenimento”. Emanuelly passou então a conduzir um projeto que apoiava os alunos a usar os aplicativos e as redes sociais para impulsionar os projetos sociais que eles conduziam dentro de suas comunidades. “Como eu sou professora de Língua Portuguesa, aproveitei para trabalhar gênero textual a partir da tecnologia”.

Percebendo que a falta de acesso ao digital ainda era um problema latente, ela buscou inserir as pessoas da base da pirâmide nesse processo e assim criou a Social Brasilis. Os alunos foram provocados a serem protagonistas sociais e a usarem a tecnologia de forma consciente espalhando a cultura digital em seus territórios.

 

Ponte entre educação e empreendedorismo

A entrada de Patrícia no empreendedorismo surgiu da vontade de estimular novas habilidades em seus alunos da UERJ. O objetivo era fazer a ponte entre o meio acadêmico e os espaços informais de aprendizagem.

Assim, a educadora resolveu levar seus alunos de Engenharia para facilitar oficinas mão na massa com estudantes do Ensino Fundamental. Por estar em uma faculdade, ela já estava inserida em um contexto de tecnologia e educação, mas ao “olhar para fora” a primeira coisa que enxergou foi a cultura maker. “Isso me deixou muito encantada: a colaboração dos recursos abertos e a democratização desta nova tecnologia”.

“Mesmo assim percebia que estava agindo em uma estrutura que me amarrava: eu só podia atuar em um determinado contexto e sob uma determinada situação. E aí eu resolvi criar o Labinventa”, resume.

 

Empreendedorismo na construção de um futuro melhor

Nada mais “maker” do que o desafio da pandemia, que forçou a maior parte dos empreendedores a encontrar novos caminhos para o seu negócio.

Emanuelly acredita que o empreendedorismo traz a possibilidade de levar a tecnologia, a robótica e a cultura maker para as escolas. “A educação mudou com o processo da tecnologia. Hoje nossas crianças aprendem e se comunicam de forma diferente. Também é papel da tecnologia adaptar a educação básica e torná-la inclusiva”. Segundo ela, tecnologia pode trazer, junto com o empreendedorismo, um novo viés para a saúde e a educação.

 

Errar é essencial

O acesso ao ferramental é urgente, mas, segundo Patrícia, também é preciso criar espaços colaborativos seguros de experimentação, em que as pessoas possam errar e prototipar de forma rápida e em conjunto. “Isso para mim é uma chave do empreendedorismo com propósito e, de preferência, com impacto social”.

Não é necessário que as pessoas se tornem especialistas para criar projetos tecnológicos complexos, mas sim que elas compreendam o processo e busquem apoio. “Eu enxergo a necessidade de todos os atores envolvidos: o poder público dando condições básicas, universidades dando apoio técnico e os espaços maker deixando as pessoas poderem desenvolver esses projetos”, diz Patrícia.

 

Investir em educação empreendedora

O conceito da educação empreendedora está ligado ao das metodologias ativas. O aluno está no centro do processo de aprendizagem, construindo o conhecimento de forma autônoma e participativa. Os estudantes são provocados a absorver os conteúdos por meio de desafios, ações, projetos e resoluções de problemas reais.

A cultura maker desenvolve várias competências, como o trabalho em grupo, o foco e a inovação. O objetivo é desenvolver estudantes com raciocínio lógico para que eles possam encontrar soluções para os mais diversos problemas. “É um empreendedorismo que não necessariamente vai gerar um negócio, ele pode gerar um projeto na feira de ciências ou uma aula expositiva”, exemplifica Emanuelly.

Patrícia pontua que é preciso ficar atento às metodologias pois “o empreendedorismo tradicional reforça um modelo mental antigo. É necessária uma mudança de modelo mental e de intenção”. Quando ela começou a trabalhar as habilidades empreendedoras de seus alunos eles tinham muito medo de errar. “Foi aí que eu percebi que precisamos trabalhar na base, propiciando um ambiente em que eles se sintam seguros em experimentar, errar, prototipar. O nosso modelo tradicional de educação leva a gente para enrijecimento, ele mina a nossa criatividade”, acredita.

 

Educação para a ciência

O processo de evolução tecnológica foi acelerado com a pandemia. Há a resistência daqueles que não querem ver a transformação acontecer, mas a maior resistência é de quem não acha que é capaz, explica Patrícia. E por este motivo, ela alerta que o mais importante é incluir e capacitar as pessoas. “Temos que transformar os jovens, porque eu já não tenho dúvidas do potencial transformador da tecnologia”.

Além de pensar na educação tecnológica, Emanuelly relembra o poder transformador da educação para a ciência. O primeiro passo, para Emanuelly, seria incluir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) na pauta das escolas, e incentivar a ciência para revolucionar a criação de soluções sustentáveis que ajudem a equilibrar o planeta. “As nossas universidades estão repletas de inovações científicas que buscam ser apoiadas e potencializadas, para serem distribuídas para a sociedade”, finaliza.

Assista na íntegra o 6º encontro do Conversas que Aproximam:

O papel transformador da tecnologia para o empreendedorismo social
O papel transformador da tecnologia para o empreendedorismo social