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Em um mundo volátil, incerto, complexo e ambíguo é necessário se preparar para encarar os desafios e aproveitar as oportunidades que este novo contexto proporciona. Saiba como!

Imagem mostra algumas mãos em destaque manuseando peças de madeira

Durante muito tempo, o mundo foi visto como uma imensa engrenagem funcional, onde os seres humanos tinham uma função dentro dela. Era necessário encontrar o seu papel e exercê-lo durante bastante tempo. Se você fosse um carpinteiro, por exemplo, ia permanecer nesta profissão por gerações a fio. Provavelmente o seu filho iria ter o mesmo ofício, assim como o seu neto.

O tempo passou, a tecnologia ocupou um espaço sem precedentes, e a sociedade já não é mais organizada de forma previsível e linear. Tudo o que conhecemos passou a mudar em uma velocidade muito acelerada e com destino incerto, proporcionando várias respostas para uma mesma questão. E é aí que expressão VUCA entra na história.

 

O que é o mundo VUCA

Em 1990, durante a Guerra Fria, as forças armadas norte-americanas perceberam que estavam diante de um cenário imprevisível e ameaçador. As estratégias que eram traçadas em um determinado momento poderiam sofrer mudanças de um dia para o outro. Foi neste contexto que surgiu a expressão “mundo VUCA”. VUCA é um acrônimo das palavras que estão em inglês: Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity. O que significa Volatilidade, Incerteza, Complexidade e Ambiguidade.

O termo passou a ser usado pelo mundo empresarial em 2010, mas esta abreviatura também extrapolou o campo organizacional e pode ser utilizada para explicar o mundo de hoje. Vivemos uma época com mais informações, e logo, mais complexidade. Um mundo hiper acelerado, repleto de conexões e muito imprevisível.

“A gente passa a viver em um mundo em que você deixa de ‘ser’ e passa a ‘estar’. Não cristalizamos mais as nossas posições. Você não precisa nascer filho de um carpinteiro, e ser carpinteiro necessariamente”, explica Guilherme Françolin, sócio-diretor da Santo Caosuma consultoria para empresas focada em engajamento. Antigamente, com a previsibilidade do mercado, as pessoas se preparavam por anos para desenvolver novas competências e exercer uma profissão. Isso já não faz mais parte da realidade atual.

“Antes, quando estávamos neste mundo definido, as mudanças não eram tão rápidas, mas elas sempre aconteceram. Agora, com toda a tecnologia, as mudanças são mais velozes. Não dá mais tempo para a gente acreditar neste movimento do “ser”. Temos sempre que estar fazendo algo novo, sempre analisando o mundo. Você precisa estar sempre se replanejando”, complementa Françolin.

Competências e habilidades

Uma coisa sobre o mundo VUCA é certa: ele é, e será, marcado por mudanças, impulsionadas pelos avanços tecnológicos. Veja abaixo algumas habilidades necessárias para encarar os desafios e oportunidades deste contexto.

> Inteligência emocional

A inteligência emocional é a capacidade de reconhecer e avaliar os seus próprios sentimentos e os dos outros, assim como a capacidade de lidar com eles.

> Resiliência

Em um mundo tão volátil e de mudança contínua, as coisas provavelmente darão errado em algum momento (o que é completamente normal). Ser resiliente é ter a capacidade de superar estes obstáculos ou mudanças indesejáveis. Dica: concentre-se nas lições positivas de uma experiência negativa.

> Proatividade e agilidade

A proatividade é a capacidade de antecipar situações. É possível antever um problema e planejar sua solução de forma independente, sem que ninguém precise lhe dizer o que fazer. A agilidade, por sua vez, é a habilidade de readequar-se rapidamente. Mas atenção: da mesma forma que estar ocupado é diferente de ser produtivo, ser rápido não é a mesma coisa que ser ágil. Desenvolva a agilidade e não a velocidade.

> Resolução de problemas complexos

A habilidade de resolução de problemas complexos envolve a capacidade de criar soluções fora dos métodos tradicionais. O primeiro passo é conhecer técnicas utilizadas para este fim, como a Teoria de Mudança, ou o método do PDCA: Plan (planejar), Do (executar), Check (verificar) e Act (agir).

 > Pensamento crítico e criatividade

A capacidade de pensar criticamente vai gerar a habilidade de pensar diferente dos demais, ver a realidade através de diversas perspectivas. A criatividade, por sua vez, é a competência de criar soluções inovadoras para qualquer problema existente.

> Flexibilidade

Ser alguém flexivel significa estar aberto a novas ideias e apto a responder de forma ágil por mudanças. A flexibilidade, se somada à proatividade, desenvolve a inovação em métodos, processos, soluções e produtos.

> Multidisciplinaridade e diversidade

O mundo já não tem mais uma única variável para tomadas de decisão. Não é mais possível usar um único tipo de raciocínio para uma situação que tem múltiplos contornos. É por isto que a multidisciplinaridade é fundamental, tanto nas empresas, quanto nas pessoas.

Ao se deter no mundo organizacional, Guilherme afirma que uma empresa diversa irá se sobressair em um mundo que fica cada vez mais rápido. “A minha habilidade, a minha formação e meu histórico de vida não permitem que eu analise muitas coisas. Mas se eu trabalhar com muita gente, em um ambiente diverso, eu consigo analisar diversos fatores e me sobressair em um mundo cada vez mais rápido e mais escancarado em suas mudanças”, conta o consultor. 

Angústias e gerações

Segundo o consultor de engajamento, as pessoas ainda estão sendo criadas e concebidas com o pensamento do tempo passado, para viverem em mundo linear e previsível. É por causa desse desencontro que aparecem a maioria das angústias geracionais. “Queremos aprisionar o mundo do jeito que ele era, porque foi o mundo que nos foi ensinado. Nós não estamos acostumados com a mudança. Somos bebês neste novo mundo, e por isso estamos aprendendo a lidar com ele”, acredita Guilherme.

“O mundo VUCA não é fácil para nenhuma das gerações”, afirma Carol Pires, consultora de carreira e RH. As pessoas tendem a achar que os mais velhos, que não nasceram com a tecnologia, vão demorar para se adaptar. No entanto, Carol percebe que as pessoas mais velhas têm a forte capacidade de se atualizar e trazem consigo a maturidade que poucos jovens têm. “Quem é mais novo, por mais que esteja acostumado com a internet, não necessariamente tem a maturidade emocional para lidar com várias questões que a tecnologia traz”, afirma a consultora.

Viver em um mundo VUCA é desafiador para todos, pois os seres humanos não se desenvolvem biologicamente tão rápido quanto a tecnologia. “Não dá para a gente se adaptar ao mundo VUCA como se fossemos máquinas. Preciso respeitar os meus limites de ser humano. Afinal de contas, a vida acaba”, conta Carol.

Apesar das inevitáveis angústias o VUCA pode ser bastante libertador para muitas. Os aposentados, por exemplo, têm acesso a uma diversidade de coisas que não existiam antes, como conexões e acessibilidade. Eles também não se sentem pressionados, como os mais jovens, a viverem em uma “sociedade do espetáculo”, onde se sentem na obrigação de se provar melhor sempre. 

VUCA nas organizações e nos negócios

“As organizações que estão mais se sobressaindo foram aquelas que descongelaram a sua forma de ser”, conta Guilherme. As empresas precisam ser flexíveis, e estar prontas para errar e mudar rápido.

“O mercado exige respostas ágeis e se as organizações bloquearem suas estruturas, ou permanecerem com as mesmas metas, poderão estar fadadas ao fracasso”, exemplifica Guilherme.

Carol, por sua vez, afirma que além da rapidez o mundo VUCA prioriza o resultado no mundo dos negócios. “É possível, por exemplo, instaurar uma semana mais curta de trabalho, e atingir as mesmas metas”, finaliza.

O que é o mundo VUCA e quais habilidades são necessárias para se adaptar a este cenário
O que é o mundo VUCA e quais habilidades são necessárias para se adaptar a este cenário