Presente na BNCC Computação, é um dos eixos que norteiam as diretrizes para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a resolução de problemas e a compreensão do mundo digital

Muitas pessoas não sabem, mas pensam de forma computacional. Isso acontece toda vez que elas têm um problema para resolver ou uma tarefa a cumprir e fazem isso de maneira organizada, eficiente e lógica.
Resumidamente, é possível afirmar que o pensamento computacional é um conjunto de habilidades que permite analisar, organizar e resolver problemas de forma lógica e sistemática. Envolve estratégias que ajudam a decompor problemas complexos, identificar padrões, abstrair detalhes irrelevantes e criar processos para solucioná-los.
Essa forma de pensar não se limita à programação ou à computação, pode também ser aplicada em diversas áreas do conhecimento, na escola e na vida cotidiana. Um exemplo para entender o pensamento computacional é visualizá-lo na rotina de uma casa. Diariamente, há um problema complexo para ser resolvido: a casa está bagunçada e há muitas tarefas a fazer para que ela fique limpa e arrumada.
De acordo com o pensamento computacional, a solução envolve a decomposição do problema, dividindo-o em categorias. Por exemplo, lavar louças, varrer o chão, organizar objetos fora do lugar, lavar roupas etc. Depois, há a priorização das tarefas, criando uma sequência que seja mais eficiente – por exemplo, primeiro lavar louças para depois limpar o chão da cozinha. Ou ainda, organizar a casa por cômodos (ou setores, em linguagem técnica), evitando fazer várias tarefas ao mesmo tempo. E assim por diante.
Ao fim de algumas horas, uma pessoa organizada terá limpado e arrumado sua casa usando ferramentas do pensamento computacional. Mesmo sem nunca ter ouvido sobre o conceito, a pessoa fez a decomposição de um problema complexo e criou processos eficientes para resolvê-lo.
Pilares do pensamento computacional
O termo “pensamento computacional” foi cunhado em 2006 num artigo de Jeannette Wing, professora de ciência da computação na Columbia University, nos Estados Unidos, e se popularizou. Conheça os quatro pilares principais do conceito:
1. Decomposição: Dividir um problema complexo em partes menores e mais fáceis de gerenciar. Blocos de problemas menores permitem soluções mais ágeis e eficientes.
2. Reconhecimento de padrões: Identificar similaridades ou padrões repetitivos entre os blocos de problemas. Assim, uma mesma solução pode ser aproveitada mais de uma vez.
O que é algoritmo?
Um algoritmo, por trás de uma solução tecnológica, é uma sequência de instruções objetivas e finitas que permite a resolução de problemas ou a execução de tarefas específicas. É como uma receita de bolo, que tem um passo a passo detalhado e ordenado, que deve ser seguido para que ele fique pronto.
3. Abstração: Focar nos aspectos essenciais do problema, ignorando detalhes irrelevantes para sua solução. Muitas vezes, um problema complexo é fruto de muitas variáveis distintas. No entanto, o foco deve se ater ao problema, não às variáveis.
4. Design de algoritmos: Criar uma sequência lógica de passos, processos, para resolver o problema. A solução eficaz resulta de um encadeamento de ações coordenadas.
Pensamento computacional nas escolas
O pensamento computacional é uma habilidade fundamental no ensino e tem ganhado destaque na educação como uma competência essencial para o século XXI. Para além das disciplinas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics, ou Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), a abordagem se encaixa em todas as áreas do conhecimento.
Nas disciplinas de ciências humanas, auxilia a planejar e construir narrativas, por exemplo. Também possibilita organizar muitas informações sobre um assunto para criar linhas do tempo, mapas mentais e fluxogramas de causas e resultados — algo útil em história e geografia, por exemplo.
De acordo com o relatório da Unesco (braço da ONU para educação e cultura), publicado em 2021, “o pensamento computacional emerge como uma disciplina essencial em muitos sistemas educacionais; é útil para iluminar as maneiras como nossos espaços digitais são construídos e para fornecer ferramentas práticas e teóricas para reconfigurá-los”. O trecho está no documento “Reimagining our futures together – A new social contract for education”, de 2021.
O tema também está presente na BNCC Computação, documento de 2022, complementar à Base Nacional Comum Curricular. Trata-se de um dos eixos que norteiam as diretrizes para o desenvolvimento de habilidades essenciais para a resolução de problemas e a compreensão do mundo digital.
Dentro dessa proposta, o pensamento computacional deve ser um conhecimento de base e transversal, que servirá de alicerce para futuros aprendizados na escola e na vida, ou seja, ele não deve se limitar ao uso de computadores, mas uma forma de pensar que incentive a organização, a análise crítica e a inovação, integrando-se a outras áreas do conhecimento para formar cidadãos preparados para os desafios tecnológicos e sociais.
Nesse sentido, o pensamento computacional deve ser estimulado desde os anos iniciais até o Ensino Médio. Na primeira fase do Ensino Fundamental (1º ao 5º ano), ele deve ser introduzido por meio de jogos e desafios, e pelas noções de direcionamento, com o uso de setas e comandos como esquerda e direita. Na etapa final do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), pode ser estimulado com a resolução de problemas com algoritmos, programação visual e robótica. No Ensino Médio, devem ser propostas tarefas interdisciplinares, com programação e aplicação de conceitos em contextos reais, como análise de dados.
Como colocar em prática o pensamento computacional em sala de aula







