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13.03.2020
Tempo de leitura: 5 minutos

Organização foca em escolarização de meninas africanas para reverter ciclo de pobreza

Conheça o trabalho da Camfed, que há mais três décadas aposta no empoderamento de meninas para transformar as comunidades rurais da África Subsaariana

Imagem mostra um grupo de crianças sorrindo sentadas em uma sala atrás de mesas de madeira

A escolarização das comunidades rurais da África Subsaariana, uma das regiões  mais pobres do mundo, é desafiadora: as poucas escolas sofrem com falta de professores, livros e materiais básicos. Quase não há transporte para amenizar a longa caminhada que as crianças precisam percorrer de suas casas para estudar.

As meninas são as primeiras a abandonarem os estudos, seja pela gravidez ou casamento precoce, ou porque encontram mais vantagens em ajudar as famílias com o trabalho no campo. Nesse exato momento, mais de 50 milhões delas estão fora da escola.

Disposta a mudar radicalmente essa realidade, a Camfed, uma organização internacional co-projetada por cinco países africanos, luta para mudar esse cenário com uma abordagem holística e inspiradora.

Desde sua criação e com atuação em Zimbábue, Zâmbia, Gana, Tanzânia e Malawi, já apoiou a escolarização de mais de 1,5 milhão de meninas: 90% delas concluem os estudos, grande parte vira líderes em suas comunidades, professoras, empreendedoras ou ativistas da saúde, aumentando o alcance e a força da transformação.

Com apoio e investimento em mais de cinco mil escolas parceiras, 3,5 milhões de crianças já foram beneficiadas. As próprias estudantes, já formadas, costumam voltar às suas escolas para ajudar os mais novos. Para entender o porquê dessa iniciativa ser bem-sucedida é preciso voltar à história da fundação da Camfed.

 

Ouvir e aprender

Em 1991, a educadora britânica Ann Cotton viajou ao Zimbábue para entender os baixos índices de escolarização das meninas. Em vivência com algumas das famílias mais pobres, ela descobriu que mais do que valores culturais, a decisão entre quem deveria estudar era pautada por uma relação de custo-benefício.

Como os meninos tinham mais acesso aos postos de trabalho, eram eles os incentivados a investir tempo e energia na educação, enquanto as meninas deveriam se dedicar à agricultura e ao abastecimento de água das comunidades. Ann chamou as lideranças locais e decidiu fazer algo para contornar a diferença entre os gêneros.

“Eu não sabia nem como começar, então decidi ouvir e aprender. Convocamos uma reunião com a comunidade e literalmente centenas de pessoas compareceram. Eu fiquei tão emocionada! Me pareceu que eles estavam esperando a oportunidade de se expressar e agir”, relembra Ann, em entrevista em vídeo quando ganhou o Wise Awards 2014, uma das maiores premiações internacionais de Educação.

Imagem mostra um grupo de crianças uniformizadas andando de bicicleta em um chão de terra

 

Uma equação resolvida

O ponto de partida para encontrar uma solução era investir dinheiro na educação das meninas, mas não bastava apenas distribuir bolsas de estudo. Criada oficialmente em 1993, a Camfed investiu também nas potencialidades já existente nas próprias comunidades, em vez de simplesmente substituí-las.

Seguindo a lógica de que é preciso uma vila inteira para criar uma criança, os fundos internacionais captados eram direcionados a líderes locais, igrejas e mesquitas, e educadores, além da compra de materiais escolas e livros. Vale dizer que as instituições financiadas também participam da personalização, de acordo com as especificidades de cada território, e da implementação do modelo da Camfed em seus países.

As meninas atendidas pelo programa são consideradas clientes pela organização, mas a ideia passa longe de uma abordagem mercadológica da educação, como explica Ann: “Nós consideramos a linguagem muito importante. Um beneficiário é alguém que vem, aceita e é grato. Um cliente é alguém capaz de consumir algo, que sabe qual o serviço oferecido e pode cobrar por ele”.

Tecnologia é parte importante do processo, já que a Camfed coleta constantemente dados de todas as meninas que integram o programa, o que ajuda a monitorar o progresso de cada uma e evita que elas desapareçam do radar ou larguem os estudos.

Os dados são compartilhados com os Ministérios de Educação de todos os países participantes, que também contribuem com estratégias, seguem acordos e responsabilidades. Isso faz com que o modelo da Camfed funcione em diferentes regiões, de forma personalizada e co-projetada também pelos atores locais.

 

Uma corrente de empoderamento e transformação

Cada escola tem uma professora treinada para ser mentora e modelo das alunas. Fora da sala de aula, elas participam de programas de férias, cursos de ciências, matemática e tecnologia. Os pais são incentivados a acompanhar tudo de perto.

Ao terminarem os estudos, as jovens passam por formações para gerenciar o próprio dinheiro e se tornarem líderes de suas comunidades. De forma espontânea, elas criaram uma associação pan-africana que já tem mais de 30 mil membros espalhados pelo continente e discute estratégias para aumentar os índices educacionais da região.

O principal diferencial da Camfed é conseguir mobilizar e contar com as forças locais para potencializar o alcance da transformação e combater as desigualdades existentes. Há muito trabalho pela frente ainda, mas Ann se mostra sempre otimista. “O mundo provou muitas vezes que pode escalar crueldade e agressão. Nós temos que provar que podemos escalar bondade, compaixão e transformação social”, acredita.


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