Encontros formativos para multiplicação da metodologia Pense Grande aconteceram em cidades do litoral de São Paulo e Sergipe, contaram com educadores de 60 escolas e impactaram mais de mil alunos no ano passado
Com a proposta de reforma do Ensino Médio, alinhada à Base Nacional Comum Curricular (BNCC), o tema Empreendedorismo ganha cada vez mais espaço nas escolas, pois contribui com o desenvolvimento de competências nos jovens, tais como o protagonismo, a empatia, a colaboração a criatividade, entre outras, além de fomentar a reflexão sobre os projetos de vida dos estudantes.
Atento a essa nova realidade, o programa Pense Grande da Fundação Telefônica Vivo realizou em 2019 uma série de formações em empreendedorismo social para educadores, que puderam compartilhar os conteúdos aprendidos com seus alunos do Ensino Médio ao longo do segundo semestre de 2019.
Durante o processo de formação de educadores, a inclusão do tema empreendedorismo em realidades diversas foi um dos grandes desafios do Programa. Para isso, duas redes de ensino surgiram dispostas a colaborar: a Diretoria de Ensino de São Vicente da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que abrange cinco municípios do litoral, e a Secretaria de Estado da Educação, do Esporte e da Cultura de Sergipe. Nestes dois territórios, 86 professores de 59 escolas participaram da formação e levaram a metodologia do Pense Grande para mais de mil alunos ao longo do ano.
“Fiz questão de participar para ter um preparo maior, pautado em metodologias ativas, no uso da tecnologia e para poder fazer esse link com a minha disciplina. Quero agora buscar mecanismos para envolver o aluno com a comunidade escolar e para que a gente consiga empreender dentro da escola, tentando solucionar problemas que estejam dentro desse ambiente”, afirma a professora de História, Silvia de Souza Passos.
A educadora leciona na Escola Estadual Profª Zulmira de Almeida Lambert, em São Vicente e esteve presente nos encontros realizados na instituição, onde a metodologia do Pense Grande foi ministrada como uma matéria eletiva.
Formação colaborativa
As formações foram construídas a partir de um processo de cocriação, composto por momentos de diálogos presenciais e a distância, com o objetivo de apoiar os educadores na adaptação dos conteúdos às realidades locais e na compreensão dos elementos comuns entre eles, especialmente na aplicação dos conceitos.
“Durante os encontros, a gente foi testando os indícios que já tínhamos para saber o que fazia sentido para cada educador até chegar no que a maioria indicava”, comenta Mônica Mandaji, diretora do Instituto Conhecimento para Todos, parceiro executor do projeto.
Os professores de ambos os territórios puderam vivenciar a metodologia Pense Grande, experimentando atividades focadas no indivíduo, comunidade e empreendedorismo social, com a missão de replicar esta mesma formação para alunos de Ensino Médio de suas escolas. O processo foi acompanhado por mentores do Pense Grande em visitas presenciais e interações a distância.
O potencial do empreendedorismo na educação
Para a professora Silvia, de São Vicente, ensinar empreendedorismo aos alunos foi importante não só para o desenvolvimento dos alunos, mas para que ela pudesse trabalhar novos conceitos em sala de aula.
“Os alunos que participaram do programa passaram a ter uma visão diferente. Entenderam que algumas coisas não podem ser feitas de qualquer jeito e que há uma infinidade de habilidades que corroboram com o aprendizado. É preciso gerir riscos, fazer planejamento e, no futuro, isso vai ajudá-los independente da área que seguirem”, acredita a educadora.
Para 2020, o objetivo é estimular os alunos a criarem projetos empreendedores dentro da comunidade escolar. “A questão social é a que mais motiva os alunos. Eles pensam em como melhorar as suas realidades e situações que vivem no dia a dia”, relata Silvia.
No litoral de São Paulo, a formação abrangeu professores das escolas São Vicente, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Foi aí que a professora de Língua Portuguesa, Jaqueline Fernandes, que dá aula na Escola Estadual Agenor de Campos, em Mongaguá, conheceu a metodologia.
Ela aplicou os conhecimentos adquiridos durante a formação para alunos do 2º ano do Ensino Médio e conta que a frequência melhorou, a autoestima aumentou e, consequentemente, as notas também melhoraram. “Para o meu trabalho foi uma experiência fantástica, me ajudou muito a entender, inclusive, o novo currículo do Ensino Médio e me preparar para os novos desafios”, ressalta Jaqueline.
A professora acredita que trabalhar conceitos de empreendedorismo em escolas litorâneas ajuda a ampliar o horizonte daqueles que pensam que só podem viver do turismo. “Faz com que eles busquem novos caminhos para suas vidas, sem que seja necessário deixar a cidade”, afirma.
Empreendedorismo social no Nordeste
Em Sergipe, a formação aconteceu por meio de quatro encontros. Gustavo Aragão Cardoso foi um dos participantes. Ele é professor de Língua Portuguesa no Colégio Estadual Barão De Mauá, em Aracaju, capital do Estado. “Foi muito importante esse apoio que recebemos, pois, esse aporte teórico e técnico da equipe do Pense Grande nos deu uma apropriação da metodologia para levarmos essa bagagem para a sala de aula”, ressalta.
Gustavo comentou que após a formação houve uma divulgação da disciplina de sala em sala entre os alunos. Para a surpresa da escola, surgiram 120 interessados em participar das aulas para apenas 30 vagas. Diante da demanda, houve uma adaptação e foi possível criar uma nova turma. Para o professor, trabalhar o empreendedorismo social com os alunos é se envolver com as questões das comunidades em que vivem e pensar em como solucionar esses problemas de forma criativa e inovadora, fazendo ou não uso da tecnologia.
“O fato de despertar no jovem o seu senso crítico e a percepção de problemas que são latentes e que pedem por uma solução, já é uma grande colaboração. Desenvolver e potencializar habilidades e competências que os estudantes têm e não são estimulados a trabalharem é ainda melhor. Participando da formação, podemos dar ferramentas para que eles pensem em empreender e que isso seja um caminho para eles”, comenta Gustavo.
Formação nas ETECs de São Paulo
O ano de 2019 também foi importante para a formação de educadores nas ETECs do Estado de São Paulo. Pela primeira vez, o programa Pense Grande envolveu os professores multiplicadores, que passaram por uma capacitação para aplicar a metodologia focada em empreendedorismo social em sala de aula para os estudantes.
O programa chegou a 30 escolas e atingiu a marca de 85 professores multiplicadores da metodologia, formando mais de 2.900 jovens em conceitos do empreendedorismo social.
Para a gerente de programas sociais da Fundação Telefônica Vivo, Mila Gonçalves, a iniciativa fortalece a cultura do empreendedorismo social com os jovens e contribui com a construção de um projeto em rede, engajando diversos atores.
“A formação específica para professores multiplicadores da metodologia abre a possibilidade para que muitos mais jovens participem e até outros professores. Nossa expectativa é ampliar cada vez mais essa rede e também aprender com quem está com os jovens no dia a dia”, explica Mila.
O intuito agora é que os educadores se apropriem de ferramentas que possibilitem ações inovadoras nas disciplinas de projetos das instituições onde trabalham.
Projetos premiados
Ao final dos processos formativos em cada território, foi realizado o Demoday, evento que simboliza o encerramento do projeto. Além de participar de oficinas oferecidas pelos professores multiplicadores, os jovens puderam apresentar suas propostas de negócios para uma banca de convidados, que elegeu as melhores iniciativas.
As escolas dos projetos vencedores receberam diversas premiações como aparatos tecnológicos, além de novas formações e vivências nos temas de empreendedorismo social e tecnologia.
Formação em ONGs
A formação do Pense Grande também esteve presente em espaços educativos não escolares ao longo de 2019, com o objetivo de formar multiplicadores que levem a cultura empreendedora para jovens que vivem diferentes realidades em diversas regiões do Brasil.
Após a primeira experiência em 2018, a Fundação Telefônica Vivo, em parceria com a plataforma de voluntariado Atados, consolidou um modelo formativo com oficinas periódicas.
O programa atuou em quatro estados, contabilizando 25 instituições sociais que formaram 193 multiplicadores sendo educadores, voluntários e jovens que multiplicaram a metodologia Pense Grande para outros 584 jovens formados.