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29.05.2018
Tempo de leitura: 3 minutos

Plataforma auxilia educadores no ensino da história afro-brasileira

O site Filosofia Africana disponibiliza gratuitamente, e em língua portuguesa, teses e pesquisas de filósofos africanos para educadores

Filosofia Africana disponibiliza gratuitamente teses e pesquisas de filósofos africanos e ajuda educadores no ensino da história afro-brasileira

Pensando em como aplicar o ensino de temas relacionados à cultura e história afro-brasileira na sala de aula – o que está previsto em lei desde 2003 – o doutor em filosofia e professor da Universidade de Brasília (UNB), Wanderson Flor do Nascimento criou a Filosofia Africana, uma plataforma online que disponibiliza teses e pesquisas de filósofos africanos para educadores.

“A ideia é que os textos estejam em língua portuguesa, sem restrição de direitos autorais e que representem a maior diversidade possível de temáticas, abordagens e orientações teóricas”, afirma o professor.

Acesso à diversidade

A iniciativa surgiu em 2015, quando a disciplina Filosofia Africana passou a figurar entre os componentes curriculares na graduação do curso de Filosofia na UNB. A dificuldade em encontrar textos fora da bibliografia estrangeira limitava os estudantes que não dominavam os idiomas, e por sua vez, restringiam os referenciais.

O projeto ampliou o alcance e engajou alunos e professores de graduação e do ensino médio, mostrando que a escassez de materiais e recursos para complementar a aprendizagem sobre as heranças africanas é uma questão em diferentes níveis de ensino.

“Se esse problema já era notado na graduação, ele é ainda mais intenso no ensino médio, que além da barreira da língua, são inúmeras as dificuldades de acesso a materiais sobre a filosofia africana”, acrescenta Wanderson.

Com ajuda voluntária dos estudantes para realizar as traduções e do suporte dado pelo Grupo de Estudos e Pesquisas em Educação, Raça, Gênero e Sexualidades Audre Lorde, rede de pesquisas da qual Wanderson faz parte, o site passou a oferecer não só os textos sobre filosofia, como também indicações de vídeos, filmes e documentários que ajudam a complementar os olhares desenvolvidos a partir da diversidade cultural.

“A cultura brasileira é formada de elementos africanos e indígenas, além dos ocidentais. Este site é uma modesta contribuição para essa implementação desde a filosofia”, diz o professor Wanderson.

A prioridade agora é revisar e atualizar o site com mais textos escritos por mulheres e pensadoras africanas, já que a predominância de pesquisas ainda é a de realizadas por homens.

Ensino da história afro-brasileira

A Lei 10.639/03 é um desdobramento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, editada em 1996. No artigo 26-A, o texto indica que os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, públicos e privados, devem obrigatoriamente oferecer o ensino da história e cultura afro-brasileira no âmbito de todo o currículo escolar, principalmente nas áreas de educação artística, literatura e história.

Segundo o professor Wanderson, ela é essencial para ampliar o olhar sobre a história que foi escrita principalmente sob a influência dos moldes ocidentais. “Precisamos dar a conhecer esses elementos que são muitas vezes negados ou invisíveis”, diz Wanderson. “Se quisermos conhecer bem quem somos, temos de conhecer todos os elementos que compõem a nossa cultura”, finaliza.

No Colégio Industrial de Santa Maria, em Santa Catarina (RS), alunos de 3º ano do Ensino Médio instigados diante da falta de bibliografias de pessoas negras na história da própria cidade, promoveram um redescobrimento do espaço e o debate sobre a representatividade, criando o Ciclo de Estudos Sobre História e Culturas Afro-Brasileiras.

Hoje, em sua sétima edição, o evento é organizado pelos próprios alunos sob a orientação da professora de História Roselene Pommer e promove atividades sobre personalidades negras da comunidade.


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