Viviane Calaça ensina estudantes do Sistema de Ensino de Jovens e Adultos a trabalharem com tecnologia em sala de aula a partir de materiais reciclados
A educadora Viviane Sabino Calaça, 33 anos, ensina robótica com sucata e é mais um exemplo de que não há limitações para a criatividade e o pensamento computacional.
Com mais de 10 anos de experiência na rede municipal de São Paulo, ela iniciou em 2019 o projeto “EJA trabalhando cultura maker e robótica com sucata”, com estudantes do sistema de Ensino de Jovens e Adultos (EJA) no CEU EMEF Manoel Vieira de Queiroz Filho, localizado no Jardim Novo Parelheiros, extremo sul de São Paulo. Lá, ela é professora-orientadora de informática.
A ideia surgiu quando Viviane percebeu que muitos de seus educandos trabalhavam com coleta de recicláveis, ou em seus bairros não havia coleta seletiva, e viu nisso uma oportunidade de mostrar que é possível, sim, construir equipamentos e desenvolver tecnologia usando apenas materiais reaproveitados.
“A princípio, trabalhei o conceito de cultura maker. Eles [os alunos] ficaram inseguros, mas na medida em que iam finalizando o trabalho, todos ficavam imensamente satisfeitos”, comenta.
Quatro alunos de Viviane já foram convidados para expor seus trabalhos na feira de tecnologias organizada pela Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Segundo a educadora, o retorno é diretamente ligado ao processo de aprendizagem dos estudantes, que ocupam o lugar de protagonistas nas atividades.
“Sinto-me feliz, pois o projeto ganhou visibilidade e reconhecimento. Sinto que o empenho e compromisso dos alunos foi valorizado e fico muito satisfeita por isso”, diz a professora.
Segundo ela, o pensamento computacional permite estimular a aprendizagem criativa, algo desafiador para os alunos do EJA, que muitas vezes estão extremamente ligados a uma educação baseada na transmissão de conteúdo.
“Através da cultura maker é possível criar estratégias para resolução de problemas e ter um contato maior com as tecnologias”, complementa.
Além disso, para Viviane, é importante que as pessoas tenham consciência do que ocorre com o lixo que descartamos e aprendam a reciclar e reutilizar materiais.
“O ambiente em que vivemos sofre transformações positivas sempre que temos atitudes mais sustentáveis, e os educandos tiveram essa percepção ao desenvolver o nosso projeto” finaliza.