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05.04.2022
Tempo de leitura: 6 minutos

Professor cria projeto que une educação, tecnologia e empreendedorismo no Pará

Reconhecido pelo MIT, o projeto Ação Parceiros usa a metodologia do “aprender fazendo”. A iniciativa vem transformando a realidade de famílias indígenas paraenses. Saiba mais!

Imagem mostra um grupo de 20 pessoas reunidos em um ambiente onde há mesas e objetos pedagógicos sobre elas. Ao fundo, uma bandeira do Brasil e uma imagem de projetor refletida na parede. O grupo é formado por homens, mulheres e jovens.

A cerca de 50 km da cidade de Belém (PA) está o município de Santa Bárbara. A cidade é berço do projeto Ação Parceiros, que vem transformando a vida de famílias em extrema pobreza. A iniciativa alia educação, tecnologia e empreendedorismo como caminho para crianças e jovens transformarem suas comunidades indígenas.

“Percebemos que tínhamos de começar a levar esperança através dos estudos, para melhorar os índices que são lamentáveis em nossa região, e gerar oportunidades com conhecimento e educação”, afirma o professor Raimundo Xavier, criador do projeto.

As primeiras atividades foram realizadas na rua, em 2003. A ação envolveu as crianças da comunidade em brincadeiras populares, construção de carrinhos com materiais recicláveis e distribuição de lanches.

Em seguida, Raimundo e quatro voluntários perceberam a curiosidade das famílias e de outras pessoas que se aproximavam para explorar os materiais.

“Como resultado, isso chamou a atenção da comunidade e deu um estalo na nossa mente de que poderia agregar muito para o processo criativo e educacional no Brasil”, conta Xavier.

Assim, a ideia foi ganhando forma e as atividades foram ampliadas para atender crianças,  jovens e adultos no intuito de facilitar o aprendizado. “Desse modo, geramos uma ocupação que desenvolve habilidades, aumenta o interesse pelas escolas e pela leitura e possibilita o distanciamento da violência e do tráfico de drogas”, enfatiza o educador.

Ação Parceiros: espaço de aprendizagem criativa 

Nesse meio tempo, o projeto Ação Parceiros se tornou um Espaço de Aprendizagem Criativa na região da Amazônia. De tal forma que em 2011 ganhou um espaço físico para atender as cerca de 200 pessoas que, na época, participavam das atividades.

“Usei meu décimo terceiro salário e comprei um terreno. Sem dúvida, sair da rua para um espaço próprio nos permitiu atender melhor a comunidade e trabalhar de forma mais firme em uma agenda voltada para a educação”, detalha o professor.

As crianças que fazem parte do Espaço de Aprendizagem Criativa participam de um processo educacional em que exploram e experimentam conteúdos através de atividades que envolvem as matérias e a grade curricular de forma interdisciplinar.

“Em resumo, o objetivo do espaço é impulsionar a criatividade. Mas de uma forma ativa, sem a preocupação de colocar as crianças para aprenderem sentadas em cadeiras dentro de um espaço físico”.

Reconhecimento do MIT

Especialistas internacionais em educação consideraram a metodologia do “aprender fazendo” aplicada pelo projeto como um destaque entre experiências educacionais brasileiras. Isto é, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos Estados Unidos, selecionou o projeto Ação Parceiros, em 2018, para participar de um intercâmbio de um mês no país.

O professor paraense participou com a sua iniciativa de uma formação específica do Desafio Aprendizagem Criativa Brasil ao lado de outros oito projetos.

Foi em Boston (EUA) que Raimundo Xavier descobriu que o trabalho que realizava em uma região tão isolada no Brasil já possuía teorias e metodologias. Ao passo que isso fez aumentar ainda mais o seu compromisso com o projeto.

“Certamente, a experiência no MIT fortaleceu o nosso fazer. Afinal, visitei 15 escolas nos Estados Unidos e entendi como eles trabalhavam a questão da aprendizagem a partir do desenvolvimento de projetos, botando a mão na massa. Com a formação encontramos o que buscávamos: uma educação diferenciada, onde não há divisão de salas, idades, disciplinas e horário de uma matéria específica”, relata.

 

Educação, tecnologia e empreendedorismo

A partir da experiência no MIT, Raimundo transformou o seu espaço em uma sala de aula pioneira no Brasil. Assim, o Espaço de Aprendizagem Criativa – Jardim de Infância tem como proposta ser a extensão da casa das crianças, de modo que explorem o ambiente educacional ao mesmo tempo que se imaginam, no futuro, trabalhando em uma empresa.

Nesse sentido, os alunos são estimulados a terem paixão por suas curiosidades e a buscarem seus interesses de maneira coletiva. Então, podem assumir riscos e novas tentativas até alcançarem o resultado esperado. Logo, a tecnologia é usada para tornar a experiência ainda mais atrativa.

“Sabemos o quanto a tecnologia é fundamental para o processo criativo. Por isso, trabalhamos com recursos tecnológicos para a resolução de problemas na comunidade e no entorno. Assim, colocamos as crianças como protagonistas e percebemos que elas se tornam mais engajadas na construção do aprendizado”, detalha.

Além disso, kits educacionais MiritiLab para Aprendizagem Criativa foram desenvolvidos pelo projeto. O material serve de inspiração para a construção de projetos de maneira interdisciplinar. Bem como para o desenvolvimento de habilidades e competências que direcionam os alunos para uma nova maneira de aprender, referenciado na aprendizagem criativa.

Segundo o fundador do projeto Ação Parceiros, o empreendedorismo surge de forma natural durante as atividades realizadas pelos alunos.

“Percebemos que as crianças são levadas a buscar, explorar e entregar algo palpável. Depois, apresentam e explicam como funciona e para que serve o que fizeram. Elas utilizam materiais encontrados na comunidade e resolvem problemas que podem gerar um produto ou serviço”, esclarece.       

Acesso à tecnologia para os familiares dos alunos

Para o bom uso dos recursos digitais, o projeto Ação Parceiros também leva letramento tecnológico para as famílias das crianças participantes das atividades.

“Queremos que eles saibam usar os recursos de forma responsável, com o domínio da tecnologia. Desenvolvemos um conjunto de materiais especiais para esse engajamento, a favor do aprendizado consciente. Dentre eles destacamos os blocos em papelão para o entendimento computacional usando o Scratch e outras linguagens”, explica Raimundo.

O futuro do Ação Parceiros 

Raimundo afirma que pretende transformar o espaço do projeto em uma Escola de Aprendizagem Criativa. Desse modo, será possível levar para outras comunidades e instituições educacionais a metodologia que estimula crianças a continuarem acreditando, sonhando e brincando.

“Acredito que esse é o caminho para um Brasil mais justo e solidário: através da educação de qualidade com tecnologia e criatividade”, conclui.

O projeto Ação Parceiros está concorrendo ao prêmio LED – Luz na Educação, realizado pela TV Globo. A iniciativa vai reconhecer e premiar projetos transformadores na área da educação. Participam educadores, estudantes, empreendedores e criadores que estão potencializando o futuro da educação no Brasil.


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