Ela é um dos principais nomes da nova geração de artistas do Espírito Santo. Conheça os caminhos percorridos pela jovem até descobrir a profissão da sua vida!
Quem passa pelas ruas da capital capixaba reconhece o trabalho de Kika Carvalho pelas pinturas e grafites que ilustram os muros da cidade de Vitória, trazendo um colorido especial à capital do estado do Espírito Santo.
O que começou como uma habilidade e um gosto pelos desenhos, ainda na pré-adolescência, se transformou em um direcionamento para a mensagem que a artista quer transmitir ao mundo: a força da mulher periférica e a representação da população negra como riqueza do nosso país.
“O trabalho que faço fala muito sobre violência e violações de direitos. Tento trazer esses assuntos de forma mais leve em cada arte, mas eles são o fio condutor do que faço”, explica Kika.
A jovem é uma das responsáveis pelo fortalecimento da cena feminina local. Mas até chegar a esse reconhecimento, ela estudou e se especializou. Hoje, além de ser grafiteira e educadora social, é uma artista visual de muito talento.
Entre uma pincelada e outra, Kika tem investido sua criatividade e tempo para cuidar do próprio ateliê e de seu Projeto de Vida. Todas essas conquistas de dimensão profissional foram frutos de muito foco, estudos e perseverança.
“Desde 2019 vivo exclusivamente do meu trabalho de arte. Nos últimos anos tenho conseguido realizar muitas coisas. Mas até aqui foi mais de uma década vendendo a janta para comprar o almoço. Fazendo malabarismo para conciliar os estudos na universidade, produção na rua e o trabalho formal”, relembra.
O contato com a arte na infância
Kika recebeu desde pequena incentivo da família para usar a arte para se desenvolver, criar e conhecer o seu lugar no mundo.
“Minha tia é atriz e diretora de teatro. Apesar de eu não gostar tanto, eu assistia e frequentava peças teatrais. Inclusive, atuei em uma peça aos seis anos. Mas percebi que o meu negócio era desenhar. Com 12 anos, participei de um projeto de animação. Como me destaquei, fiz minha primeira viagem para um concurso”, detalha.
A partir desse momento, a família compreendeu que o desenho pudesse ser realmente uma carreira para a jovem seguir.
Kika Carvalho se formou no curso de Artes Visuais com licenciatura, pela Universidade Federal do Espírito Santo.
“Eu não poderia viver só de arte em Vitória. Por isso, sabia que na educação teria mais oportunidades de emprego. Assim poderia garantir um mínimo de sustento para viver.”
A educação para seguir a sua vocação
“Tive uma professora incrível de Artes, que proporcionou muitas experiências, mesmo estando em uma escola pública. Quando entrei na universidade, vi pessoas que vinham de escolas particulares e não tinham metade do conhecimento que eu tinha em Artes.”
A jovem, que sempre estudou em escolas públicas, fazia questão de participar de diferentes projetos. E foi uma dessas atividades que a aproximou dos desenhos. Kika já havia pensado em ser veterinária ou jogadora de futebol, mas a vocação de artista falou mais alto e ela foi atrás da especialização em grafite.
“Entrei em uma oficina de grafite em um centro de referência da juventude na minha cidade. Via aquelas paredes com letras supercoloridas. Pensei que ali poderia aprender sobre como usar cor. Saí de lá fazendo amigos e encontrando com eles para pintar na rua. Foi vivendo o grafite que tive certeza de que só poderia ser artista. Já não consigo me ver fazendo outra coisa”, destaca.
Kika não se limita ao spray em suas obras. Ela também desenvolve técnicas de produção em arte como desenho, pintura, gravura, escultura e vídeo. As obras de Kika ultrapassaram os muros de Vitória. Suas telas também estão expostas a céu aberto em São Paulo e em museus reconhecidos, como a Pinacoteca.
“Meus trabalhos estão em livros, aulas, videoclipes e museus. Tudo isso é muito significativo para mim”, finaliza.
O azul como inspiração para a arte
As obras de Kika costumam ser criadas em diversas tonalidades de azul e seu estilo próprio é um diferencial.
O tom azulado de seus trabalhos possui uma conexão com o seu território de origem, a Ilha de Vitória, onde a imagem do Oceano Atlântico se destaca. O local é cercado por água em todas as suas extremidades.
Mas a cor também carrega uma carga de significados históricos. Ela já foi relacionada a um símbolo de poder na Babilônia, à conexão com o divino no imaginário católico e à prosperidade no Egito Antigo. Para a artista, o azul é usado como uma maneira de homenagear a população negra.
“Se por um lado pessoas retintas são hostilizadas por serem escuras, por outro a cor azul apresenta um status de poder e elevação social dentro da história da arte. É algo que eu venho fazendo desde 2016. Azul é riqueza e trago isso com muito orgulho”, explica.
Suas investigações passam por questões do lugar social que ocupa enquanto mulher, negra e bissexual, que vive em um estado com grandes índices de violência contra mulheres, juventude negra e população LGBTQ+.
Dimensão Profissional e Projeto de Vida
Quando se fala em Projeto de Vida, a Dimensão Profissional é a primeira a ser pensada e desenvolvida. É nela em que se trabalha a inserção e permanência do jovem no mundo profissional e a atuação produtiva dele no futuro.
Para essa área também é importante o autoconhecimento para a identificação e desenvolvimento de habilidades, competências e conhecimentos formais.
A Dimensão Profissional faz com que o jovem tenha atuação produtiva para si e para a sociedade. Adequando-se ao século XXI e à constante transformação do trabalho, é preciso abordar temas como a criatividade, uso da tecnologia e empreendedorismo para que o jovem esteja preparado para crescer em diferentes profissões.
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