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22.10.2020
Tempo de leitura: 7 minutos

PROJETO GRACE APRESENTA O MUNDO DA COMPUTAÇÃO PARA MENINAS

A iniciativa leva para estudantes da zona leste de São Paulo as inúmeras possibilidades que a tecnologia e o pensamento computacional oferecem

Um projeto para inspirar garotas no universo da computação. Este é o GRACE – GaRotAs em Computação e Empreendedorismo.

Ligado ao Programa de Educação Tutorial do curso de Sistemas de Informação da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da Universidade de São Paulo (USP), o projeto foi criado em 2016 e seus principais objetivos são contribuir com a aproximação de meninas adolescentes à carreira da computação, compreender melhor a disparidade entre homens e mulheres na área e auxiliar na diminuição deste desequilíbrio.

Para isso, o GRACE realiza visitas a escolas públicas da zona leste de São Paulo e promove dinâmicas focadas em computação, bem como a apresentação de histórias de mulheres da área. Desde 2017, quando o projeto começou a atuar diretamente com as instituições de ensino, o GRACE já se apresentou em seis escolas.

Atualmente, o grupo é composto por 13 alunas e cinco alunos da graduação, além de dois docentes coordenadores. “O GRACE é mais do que um projeto de meninas para meninas. Ele também tem um braço no estilo eles-por-elas”, explica Sarajane Marques Peres, co-coordenadora do projeto. Assim, a iniciativa pretende incentivar mais e mais meninas a desenvolverem uma carreira na computação, uma vez que estudantes do sexo feminino ainda são minoria nessa área do conhecimento.

“Queremos mostrar que trabalhar com computação não significa apenas ficar sentada na frente de um computador. Queremos mostrar que computação está presente em todos os lugares, em todas as ciências, na arte. Nós também queremos esclarecer que as jovens estudantes podem ser o que quiserem, como trabalhar com tecnologia e ser feliz. Também deixamos claro que existem aptidões para se trabalhar com tecnologia, mas sempre reforçamos que mulheres na tecnologia é necessário, é possível, é viável e é real” Sarajane Marques Peres, co-coordenadora do projeto

 

Homenagem histórica 

Além de significar GaRotAs em Computação e Empreendedorismo, o GRACE é também uma homenagem a uma das principais cientistas da computação da história: a americana Grace Hopper (1906-1992), que também era matemática e almirante da Marinha dos Estados Unidos.

No início dos anos 1950, Grace desenvolveu uma linguagem de programação que serviu como base para a criação do COBOL (Common Business Oriented Language), a primeira linguagem de programação que se aproxima da humana e que é aplicada até os dias de hoje em processamento de bancos de dados. Além disso, Grace é considerada a autora da famosa expressão “bug”, usada para nomear uma falha no computador.

O maior enfoque da iniciativa é em atividades para meninas do Ensino Fundamental, mas o projeto já atuou também com alunas do EJA (Ensino de Jovens e Adultos) e do Ensino Médio. Para cada nível de escolaridade, a linguagem utilizada e a profundidade dos conceitos trabalhados são adaptadas.

“Primeiro nós sempre aplicamos nossas dinâmicas aos educadores. Só a partir daí, e de muita conversa para conhecermos a realidade da escola e das meninas com as quais vamos atuar, é que seguimos para a interação com as alunas”, diz Sarajane. De acordo com ela, a atuação junto aos educadores é no sentido de colaboração e cooperação.

A partir de então, as dinâmicas passam a ser realizadas com as estudantes. Abaixo, Sarajane explica como funciona:

“Nós costumamos motivar a nossa interação pedindo para que as meninas pensem sobre nomes importantes, ‘famosos’, do mundo da tecnologia ou nos indiquem pessoas próximas a elas que de alguma forma trabalham com computação. Em geral, os nomes lembrados são de homens. Então, conforme vamos apresentando informações, seguimos ouvindo: ‘nossa, nem sabia que uma mulher inventou isso’, ou, ‘não sabia que uma mulher foi responsável por aquilo’.

Um caso interessante que uma vez ocorreu foi o de uma menina que ficou ‘chateada’ por não saber que o mundo da computação poderia ser tão interessante. Ela se sentia frustrada por não gostar de ficar horas na frente do computador, navegando na internet ou jogando, como fazem os meninos próximos a ela e, por isso, achava que computação não ‘era para ela’.

Em alguns casos, imediatamente depois que a dinâmica referente ao trabalho do pensamento computacional é finalizada, e a conversa — que é a parte mais interessante, na realidade — começa.  As meninas nos contam histórias, fazem perguntas, e por vezes nos pedem dicas e conselhos de como elas podem se informar mais sobre os assuntos da computação. Isso, de certa forma, e não raramente, representa uma mudança na forma de enxergar o mundo da tecnologia”.

E não são apenas as vidas das estudantes que ganham novas perspectivas ao participar das dinâmicas do projeto, as próprias integrantes do projeto também compartilham um “antes e depois” do GRACE em suas vidas. Confira os depoimentos abaixo (e se inspire!):

Ana Pomarico:

Participar do GRACE foi uma experiência muito importante para o meu primeiro ano de faculdade. Quando entrei no curso, eu era extremamente insegura e estar em um ambiente predominantemente masculino me fazia questionar ainda mais minhas habilidades. Desde que entrei no projeto, fui incentivada a dar opiniões, questionar e ser responsável por tarefas, o que ajudou a melhorar a minha autoconfiança. Além disso, eu acho as tarefas do projeto desafiadoras e empolgantes, sempre temos ideias novas de eventos e atividades, ou seja, sempre temos um desafio novo. Um exemplo disso foi ter ajudado a organizar um escape room(famoso jogo de fuga), que foi uma das experiências mais legais da minha graduação.

Karina Huh:

Ser parte do Grace foi uma experiência única, me deu motivação para continuar no curso e fazer a diferença na realidade masculina que vivo, podendo influenciar futuras gerações para alterar este cenário. Assim, tive a oportunidade de fazer por jovens estudantes o que eu gostaria que tivessem feito por mim: a apresentação de uma nova possibilidade. Além disso, aprendi muito sobre responsabilidade e compromisso. Essa experiência me ensinou a ser mais autoconfiante quanto à apresentação das minhas ideias e opiniões. Acredito que hoje o projeto anda com as próprias pernas, fato que me deixa muito feliz, realizada e orgulhosa por fazer parte.

Sarajane Peres:

Sou de uma geração diferente das minhas alunas na USP e das alunas com as quais trabalhamos nas escolas. Entrei no curso de Ciência de Computação em 1994, e minha turma era composta de 20 meninas e 20 meninos. Além disso, era uma época em que o posicionamento das mulheres diante da sua própria condição de mulher era um pouco diferenciado. Então, demorei para entender e aceitar a discussão sobre igualdade e equidade de gênero. Eu fui a pessoa que levou o projeto para as alunas, mas foram as minhas alunas que de fato me mostraram a real necessidade de projetos como esse. Posso dizer que participar do GRACE foi fundamental para eu entender a importância do projeto que eu quis criar, lá em 2016. E hoje eu sou muito orgulhosa de ele ter ganhado tantas adeptas que, muito melhor do que eu, conduzem as diversas atividades.

Por conta da pandemia, as atividades do GRACE precisaram ser adaptadas, e por enquanto o projeto está focado em atividades dentro da universidade, com as estudantes da graduação, mas em breve as atividades em escolas e online devem retornar.

Quer saber mais sobre o GRACE? É só acessar e entrar em contato pelo site each.uspnet.usp.br/petsi/grace/ ou pelo Instagram @graceusp.


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