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04.04.2019
Tempo de leitura: 4 minutos

Projeto promove doação de livros para democratizar o acesso à leitura

Edson Moura, idealizador do Parceiros na Literatura, encontrou uma nova finalidade para os livros usados de uma escola particular

Edson Moura, criador de projeto para democratizar o acesso à leitura, está em pé, usando uma camiseta com a frase Leitores de Opinião e com livros ao fundo

Você já se perguntou qual é o destino dos livros que saem da biblioteca de uma escola quando são substituídos? Foi a partir desse questionamento que o inspetor de alunos, Edson Moura (42), encontrou uma maneira de aumentar a circulação de livros, incentivar e democratizar o acesso à leitura.

“Minha relação com os livros começou tarde, não tive estudo e trabalhava na rua vendendo papelão e puxando carroça desde os oito anos de idade” conta o inspetor, que nasceu e cresceu à margem de um bairro de classe média, na região da Saúde, Zona Sul de São Paulo. “Como eu não tive acesso aos livros, quis dar oportunidade para outras pessoas que também não tiveram ou para quem gosta de ler e não tem incentivo. Senti que era necessário”, afirma.

O momento decisivo veio com a experiência de Edson como inspetor no Colégio Etapa. “Lá encontrei jovens debatendo como adultos e isso me impressionou muito! Percebi quanto o conhecimento faz diferença”. Inspirado pelos estudantes, ele se matriculou no EJA (Educação de Jovens e Adultos) para garantir a educação que não acessou durante a infância.

O caminhão dos livros

Três anos depois, recém-formado no EJA, Edson começou a trabalhar em um colégio de classe média alta em São Paulo. A quantidade de livros na biblioteca chamou a atenção do inspetor, que passou a frequentar cada vez mais o ambiente. Foi então que notou a frequência com que caixas de livros saíam do acervo levados por um caminhão.

Autorizado pela escola, Edson passou a vasculhar as caixas antes que fossem levadas, pensando em doar os materiais para outros espaços. A primeira doação foi em 2011 para uma escola estadual, onde sua filha estudava na época. A princípio, a ideia era apenas aproximar pessoas de livros. Mas a pequena doação transformou-se em um hábito em grande escala, com intenção de democratizar o acesso à leitura.

Leitor de Opinião

Trezentos livros para o curso de psicologia de uma faculdade, um sarau em uma escola pública na Vila Missionária, Hospital das Clínicas, uma escolinha infantil em uma comunidade de Paraisópolis. Não demorou até que Edson Moura fosse chamado de “o rapaz dos livros”.

Ao contar sobre a motivação para as doações, Edson menciona a empatia e também a inspiração que veio a partir dos estudantes com quem convivia. Em paralelo a sua iniciativa pessoal, o colégio no qual trabalhava começou um projeto chamado Leitores de Opinião, cujo objetivo era fazer da literatura um atrativo, convidando outras turmas para a biblioteca e montando um sistema de indicação de livros.

Acompanhando e muitas vezes participando junto aos estudantes, o inspetor passou a literalmente vestir a camisa do projeto, até que o site do colégio resolveu homenageá-lo com uma matéria. “Fiquei bem surpreso com a repercussão e isso me fez pensar sobre como seria ter um projeto só meu”, relembra.

Parceiros na Literatura

O que começou como uma iniciativa de doações e acesso à leitura em 2011 tornou-se, seis anos depois, em um projeto estruturado, o Parceiros na Literatura. Com a ajuda do amigo Jackson Pedro, o trabalho realizado sob o logo da escola, tornou-se independente, com a própria identidade visual, planejamento e camiseta.

“Conseguimos expandir as ações do projeto para além das doações. Nós espalhamos mensagens de incentivo, debatemos sobre a importância da democratização da literatura, usamos sacolinhas retornáveis e, acima de tudo, acreditamos na transformação do mundo através das pessoas”, define.  Recentemente, eles tiveram a oportunidade de ir apresentar os livros para a Fundação Casa de Osasco e compartilhar experiências com 25 internos.

Hoje, Edson cursa Pedagogia e mantém o projeto junto com o sócio, arrecadando livros e organizando eventos relacionados à literatura. “O importante é que cada pessoa receba um livro e possa voltar para casa para compartilhá-lo. Assim ela ganha a chance de transformar não só a sua vivência com a leitura, mas também a dos outros ao redor”, conclui.


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