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Serviços de manutenção residencial, mecânica, eletricista. Conversamos com algumas mulheres que empreendem e fazem sucesso em carreiras que eram vistas como masculinas.

foto mostra uma mulher negra de macacão azul sorrindo para foto. Atrás dela, há uma painel repleto de ferramentas.

Dia Internacional da Mulher, comemorado em 8 de março, marca a luta por direitos iguais entre homens e mulheres. Mesmo com o aumento do protagonismo feminino, as conquistas e avanços dos últimos anos, ainda são notáveis as desigualdades entre os gêneros. No quesito trabalho, por exemplo, elas ainda ganham menos.

Segundo a Pesquisa Profissionais da Catho, em 2019, a mulher com maior grau de escolaridade no nível superior, no mercado de trabalho, chega a 30%, enquanto os homens apenas 24%. Ainda assim, elas ganham 52% menos do que eles exercendo a mesma função. A pandemia da Covid-19 reforçou ainda mais essa desigualdade de gênero.

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que, no começo de 2020, a diferença das taxas de desemprego entre homens e mulheres era de 27%. Seis meses depois, essa diferença quase duplicou, chegando a 43%.

O fim dessa desigualdade ainda está longe de acabar. Mas importantes passos já foram dados. De acordo com o Sebrae, são 9,3 milhões de mulheres à frente de uma empresa no Brasil, representando 34% de todos os donos de negócios do país. Quase metade dos MEI existentes aqui no Brasil é formada por mulheres (48%).

E não para por aí! Elas o protagonismo feminino alcança profissões que eram vistas exclusivamente como masculinas: programadoras, engenheiras, pedreiras, mecânicas e barbeiras são algumas das carreiras em que as mulheres estão se desenvolvendo e quebrando paradigmas sociais.

E apesar de todas as barreiras para empreender nestas áreas, elas enfrentam estes desafios com criatividade, qualificação e talento. Conheça algumas destas mulheres!

Mulheres no reparo

Suzana Pereira trabalhava em um escritório, mas não se sentia parte deste mundo. Ela queria voltar ao sonho de trabalhar com pintura, emprego que exerceu há 13, e decidiu empreender no ramo da manutenção residencial. Ao ouvir relatos sobre a insegurança de mulheres e idosas ao ficarem sozinhas com homens em casa, ela e a sócia Juliana Bertini criaram o Mulheres no Reparo.

“Nosso trabalho é voltado para o grupo feminino, LGBT e idosas. Esses grupos têm grande dificuldade em achar pessoas honestas, confiáveis e que façam um serviço de excelência. Muitas nos diziam terem sofrido assédio, piadas, serem coagidas e ainda percebiam serviços mal feitos, se sentiam enganadas e roubadas”, relata.

A partir dessa lacuna, elas perceberam que teriam uma grande demanda de trabalho. Suzana e Juliana realizam trabalhos dos mais básicos, como trocar chuveiro, lâmpadas, torneiras, instalações de varão de cortinas, até pinturas, efeitos decorativos e aplicação de papel de parede.

Apesar de todo o reconhecimento que recebe das clientes, elas enfrentam o preconceito para se estabilizar no ramo de serviços de reparo. “Vencemos muitas batalhas, mas não vencemos a guerra, ainda existe muito preconceito. Mas por parte das nossas clientes existe admiração e isso nos dá forças para continuar”, comemora.

Eletrisister

Foi por causa do desemprego que Tamiris Carolina Pereira entrou para a profissão de eletricista. Buscando uma recolocação e inspirada pelo pai, que é serralheiro, ela recebeu o incentivo da família.

“Meu irmão Otávio me fez o convite para a gente fazer um curso de eletricista instalador. Como eu estava sem dinheiro, ele bancou tudo. Gostei muito da área e comecei a trabalhar como autônoma”, relembra.

Atualmente, Tamiris é fundadora da Eletrisister e não sofre mais com a falta de trabalho. “Estou há dois anos e meio no ramo e realizo serviços de eletricista residencial e comercial, tanto na parte de reparos quanto infraestrutura e readequar a casa. Também trabalho com automação, automatizar portão e cerca elétrica. Eu encontro muitos serviços nessa área”, conta.

Apesar de atender o público feminino, os homens têm buscado os serviços da Eletrisister.

“As mulheres, no geral, se sentem mais seguras em ter outra mulher realizando o serviço dentro de casa. Mas nestes últimos meses, o público masculino tem surgido também. Mesmo com o preconceito, quando eles vêem o serviço terminado, repensam suas ideias”.

Tamiris tem conseguido seguir no ramo, mas sente que, pelo fato de ser mulher, precisa mostrar suas qualificações com excelência o tempo todo.

“Como é um espaço que está sendo conquistado agora, não existe brecha para erros e serviços mal feitos. Mas a gente mostra para a sociedade que as mulheres também têm afinidades com profissões neste campo, sim”, afirma.

Oficina Amiga da Mulher

Cada vez mais mulheres dirigem pelas cidades do Brasil. E o interesse vai além de modelos e acessórios. Elas também querem entender a parte mecânica do veículo.

Foi pensando nisso que Bárbara Brier criou em 2017 a Oficina Amiga da Mulher. Ela é técnica em mecânica e trabalhou na indústria automobilística por mais de oito anos. Neste campo, enfrentando preconceitos, ela percebeu que justamente por isso o público feminino precisava desse conhecimento. Depois de ministrar cursos com esse propósito, foi apresentada a uma nova questão. Ela era procurada para indicar oficinas mecânicas para as mulheres. Então, esses espaços também precisavam de preparo para receber com qualidade esse público.

“O objetivo do projeto é fazer a ponte entre mulheres motoristas com oficinas mecânicas, desmistificando o universo da mecânica e colaborando para que as oficinas sejam mais profissionais e consigam entregar mais valor, transparência e segurança para essas clientes”.

Além dos cursos oferecidos, o projeto é ligado ao movimento HeForShe, da ONU Mulheres, e tem como missão sensibilizar este mercado majoritariamente masculino.

“O objetivo é empoderar as mulheres para elas se sentirem mais seguras e não passarem por situação de aperto sem saberem como agir quando o carro precisar de alguma manutenção. Queremos que elas estejam mais preparadas para a dinâmica do dia a dia com seus carros”, esclarece.

A Oficina Amiga da Mulher também prepara profissionais mecânicos para lidar com o público feminino, o que significa repensar velhos hábitos e entender que, em muitos casos, a cliente precisará de uma assistência mais detalhada e atenciosa.  “Elas precisam de estabelecimentos que passem tranquilidade. Ter garantia de que o serviço entregue tem valor, tem qualidade e que a empresa escolhida investe em treinamento e infraestrutura”, encerra Bárbara Brier.

Protagonismo Feminino: conheça negócios liderados por mulheres com criatividade, qualificação e talento
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