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Redes sociais e educação não combinam? Uma pesquisa realizada pela Universidade de Miami-Middletown parece mostrar o contrário. Saiba mais!

Facebook, Twitter e outras redes sociais podem ajudar a redemocratizar o espaço dentro da sala de aula

As cabeças baixas, os dedos ágeis digitando, os olhos vidrados e brilhantes em frente às telas portáteis. Dentro da sala de aula, cada aluno imerso no microuniverso de seus celulares e smartphones. Parece um cenário fadado a tudo, menos a concentração que os ambientes escolares necessitam. Mas essa dinâmica digital e conectada guarda suas surpresas. Cada vez mais ambientes escolares têm apostado nas redes sociais e no óbvio interesse dos alunos nela para melhorar não somente o aprendizado, como também as relações dentro da sala de aula.

Uma pesquisa realizada pela Universidade de Miami-Middletown mostra que a maioria dos alunos sente-se confortável e adepta pronta para discutir o conteúdo das aulas dentro de redes sociais. Os 145 alunos pesquisados apontaram vantagens, como espalhar mais facilmente o conteúdo entre eles e possibilitar que os mais tímidos consigam se manifestar de outras formas. “As redes sociais são um novo ambiente de linguagem e expressão. É um território que foi primeiramente ocupado pelos jovens e mexeu profundamente no modo como eles se expressam”, fala o jornalista e educador Alexandre Le Voci Sayad.

Foi no entendimento de que as divisões entre os espaços virtuais e espaços de educação tem que ser cada vez mais diluídas que Sayad há dez anos juntou-se com o jornalista Gilberto Dimenstein para implementar no Colégio Bandeirantes a iniciativa Idade Mídia. O curso é um espaço para que os alunos analisem e, sobretudo, criem seus próprios canais de comunicação, utilizando-se de ferramentas como Facebook, Twitter e Wikipedia.

O Idade Mídia muda sua pedagogia a cada ano e Sayad acredita que isso é o reflexo de um sistema educacional que acompanha a velocidade das transformações do contemporâneo: “Tudo que nasce achando que é definitivo nasce morto, porque depois de três dias tudo mudou. Então, criar modelos educacionais abertos é muito mais eficiente do que os fechados. É muito perigoso achar que você resolve as demandas de educação com uma grave nova, pois daqui um mês essa grade está velha. Você tem que ter modelos maleáveis, se é que você tem que ter modelos”

As redes sociais e os ambientes virtuais abrem portas para alunos que, no ambiente convencional da sala de aula, sentiam-se reprimidos. Se um jovem é tímido, pode escrever um texto no blog. Se tem dificuldades com redações longas, também pode tuitar. É a alfabetização midiática. “Não é suficiente saber ler ou escrever. Muitas vezes, o aluno é bom de imagem e não de texto, então o professor se depara com a questão: ele vai pressioná-lo numa aula de redação ou vai usar o lado visual dele, explorando-o ao máximo? Dentro de uma aula de redação, ele é um outsider, mas fazendo um vídeo, ele pode conseguir o mesmo tipo de expressão”, acredita Sayad.

Para os professores, as redes também se configuram como um terreno a ser tateado e explorado na hora da aplicação. Quando um docente cria um blog colaborativo e incentiva a participação de práticas dentro dele, ele também diminui distâncias formais. “A tecnologia, por mais hierarquizada que seja, ainda é mais horizontal que as relações diárias, que a ordem escolar. Quando você trabalha em projetos ao invés de disciplinas, quando engaja por adesão, quando utiliza tecnologias exigem interação, você força a escola a se modernizar”.

Se os olhos imersos na tela do computador ou celular significam que o aluno encontrou um novo jeito de se comunicar com a escola e de aprender, então é sinal de que os territórios estão cada vez mais conectados e que o ambiente pedagógico encontrou uma alternativa contemporânea para engajar o jovem e utilizar a tecnologia a seu favor.

Redes sociais como território de expressão do aluno
Redes sociais como território de expressão do aluno