Evento online que aconteceu entre 6 e 12 de julho debateu de proteção de dados a tipos de investimento para empreendimentos sociais
Seis dias repletos de atividades, bate-papos, mentorias e cursos voltados a empreendedores e seus negócios. Esse é um resumo do que foi a Semana Conectaê, organizada por uma rede formada por ex-integrantes do Pense Grande Incubação, programa da Fundação Telefônica Vivo de fomento e apoio ao empreendedorismo social.
“Nossa intenção foi formar uma rede não só com quem já está empreendendo, mas para quem está começando também. Estamos aqui para nos apoiar”, explicou Larissa Libanio, que começou a empreender com o Projeto Arrastão, passou pelo programa Pense Grande em 2017 e hoje é embaixadora da Rede Pense Grande.
Temas como Gestão de Custos, Gamificação, Marketing, Educomunicação, Gestão de Tempo, Inteligência Emocional e Lei Geral de Proteção de Dados foram alguns dos assuntos escolhidos para que empreendedores ou jovens interessados em empreender consigam impulsionar suas iniciativas.
Além de convidados de grandes empresas e organizações, como 99, Quintessa e Social Good Brasil, também marcaram presença participantes do Pense Grande.Doc com os projetos Barkus, PLT4Way. e Embarcar.
Americo Mattar, diretor-presidente da Fundação Telefônica Vivo, enalteceu a evolução do próprio Pense Grande desde 2013 e o trabalho baseado em proporcionar protagonismo e empatia para que jovens se engajem na mudança do seu entorno. “Nós brincamos que os primeiros participantes do Pense Grande foram cobaias porque fomos melhorando a cada edição”, disse. “Focamos muito em projeto de vida, em como mudar a comunidade, além de criar algo que se possa ganhar dinheiro, saber que cada um é capaz de realizar seus próprios sonhos”, resumiu.
Neste momento em que o mundo está enfrentando uma crise causada pela disseminação do coronavírus, o diretor-presidente também lembrou que a metodologia do Pense Grande está sendo redesenhada para chegar a escolas públicas e usa cada vez mais recursos digitais, como o Pense Grande Digital. “Não dá para pensar em modelos isolacionistas, não acredito em outra forma de fazer as coisas que não seja coletivamente. O modelo do Pense Grande vai continuar se reinventando, ponderou Americo Mattar.”
E na direção dessa construção coletiva de conhecimento, separamos quatro importantes temas tirados de painéis apresentados durante a Semana Conectaê. Confira!
Clientes podem ser os melhores investidores
Luis Guggenberger, diretor do Instituto Vedacit e um dos participantes da construção do Programa Pense Grande, falou sobre investimento social privado. Ele listou algumas características que convencem investidores a participarem de negócios sociais.
A determinação do empreendedor, que além de brilho no olho, precisa saber vender e entregar resultados; a viabilidade e originalidade do modelo de negócio e, por fim, o potencial de mercado, ou seja, quantas pessoas o negócio é capaz de impactar.
Segundo o especialista, muitas vezes o melhor investidor é o próprio cliente. “Se você desenvolve um produto ou serviço que resolve de fato uma dor, as pessoas estarão dispostas a pagar e o volume de clientes vai autofinanciar o seu negócio”, afirma.
Sobre o atual contexto, com a pandemia causada pelo coronavírus, elogiou as empresas que priorizaram manter seus colaboradores. “Na minha visão, essa escolha fará com que essas empresas se destaquem e se reergam mais facilmente. Enquanto as outras ainda terão de procurar e treinar funcionários, a empresa que manteve sua equipe largará na frente”, aposta Guggenberger.
Aprendizagem não está restrita à escola ou instituições
A jornalista Paula Nishizima trouxe sua experiência em educomunicação, no qual atua desde 2013. A fundadora do coletivo Parafuso, que participou da Incubação do programa Pense Grande em 2017, explicou que esse campo se propõe a usar as ferramentas e as tecnologias disponíveis pelos meios de comunicação com um viés educativo.
Paula defende a formação de pessoas para consumir os diferentes tipos de mídia de maneira crítica através do diálogo, da construção de raciocínios e pela real participação social dos que geralmente são excluídos do processo. Isso envolve também quebrar o senso comum de que somente a escola ou o professor são detentores do saber.
“A gente aprende e vive o mundo em todas as suas facetas, não apenas na escola. O aprender está conectado a muitas coisas: pode ser uma figura de referência, um lugar de afeto e até mesmo por uma situação surpreendente. A educomunicação se propõe a estar aberta a esses diferentes cenários e se conectar com formas diferentes de aprendizagem”, resume Paula Nishizima.
É fundamental lidar com dados de forma responsável
Carol Andrade, mestra em gestão e inovação tecnológica e uma das fundadoras do Social Good Brasil, trouxe um pouco da importância de se atualizar sobre a Lei Geral de Proteção de Dados.
A legislação, que está sendo construída com base em países europeus e modelos como o dos Estados Unidos, prevê o tratamento, regulamentação da coleta e o armazenamento de dados. E, para além de saberem lidar com dados de clientes, os empreendedores também precisam entender como seus próprios dados serão tratados.
Ela chamou a atenção para importância de adotar a anonimização de dados, ou seja, apagar da base informações como nome e CPF de usuários, além de dados sensíveis que possam vir a ser coletados e sejam passíveis de punição – como origem racial ou étnica, convicção religiosa, opinião política e condições de saúde. Dessa forma, é possível entender gostos, costumes e preferências dos clientes sem personificar cada um deles.
“Mesmo que peguem a minha tabela de Excel, não vão saber a quem pertence a informação. É uma forma potente de continuar trabalhando com dados cuidando da privacidade das pessoas”, afirma a especialista em gestão e inovação tecnológica.
Reprogramar negócios para o mundo pós- pandemia
Fabiano Salgado, que atualmente trabalha na 99 e já assumiu mentorias do Pense Grande Incubação pela Aliança Empreendedora, debateu algumas medidas que podem ser tomadas para pensar no cenário pós-crise causada pela pandemia.
Para ele, há alguns caminhos possíveis de tomar, ainda que os negócios tenham sido inviabilizados, ou que não estejam conseguindo crescer neste momento. Melhorar e aprimorar o que existe hoje vai preparar o negócio para os clientes quando tudo isso passar.
Outra dica é aproveitar este tempo para investir na aquisição de conhecimento, aplicando o dinheiro que seria investido no empreendimento para aprender novas habilidades, como marketing digital, por exemplo. Por fim, não ter medo de repensar o modelo de negócio.
“Daqui um ano, quando olharmos para trás, os que terão dado certo são os que hoje, quando os outros estavam preocupados com o que vai acontecer, estavam pensando em como as pessoas vão voltar, o que elas vão querer quando sair da crise”, projeta Fabiano.